Menos
de 60% da população reside realmente em cidades, afirma
pesquisador
Antes de adotar
políticas de desenvolvimento sustentável no campo,
é preciso definir o que é o Brasil rural. Parece um
absurdo, mas sem uma definição precisa de cidade,
os dados oficiais sobre urbanização perdem confiabilidade.
É o que afirmou José Eli da Veiga, professor da Universidade
de São Paulo, durante conferência na 54.ª reunião
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC),
em Goiânia. Pelos números oficiais, 82% da população
vive em cidades. Para Veiga, esse porcentual não chega a
60%.
Um decreto-lei
de 1938 define que qualquer sede de município deve ser considerada
uma cidade, independentemente de outros critérios, como quantidade
de habitantes ou localização. Essa definição
é levada a extremos, tanto que um núcleo de 18 habitantes
no Rio Grande do Sul, União da Serra, tem o título
de cidade. "É um disparate total", afirmou Veiga.
Seguindo esses
critérios, um mapa publicado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) em 1996 mostra que o sul do
Rio Grande do Sul, o Pantanal e Roraima são tão urbanizados
quanto o Sudeste. Essas estimativas sugerem outro absurdo: a população
indígena é tratada como se fosse urbana. Na outra
ponta, 13% da população vive em 10% de municípios
que não podem ser considerados nem urbanos nem rurais. E
30% dos brasileiros vivem em 80% dos municípios que formam
o Brasil essencialmente rural.
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oficial superestima urbanização, diz pesquisador
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