Latino
trabalha tanto quanto japonês, mas tem menos benefícios
Relatório
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra
que os latino-americanos e os japoneses trabalham a mesma quantidade
de horas por ano, que é superior à dos europeus. Mas
o mercado latino-americano passa por um processo de informalização
e precarização: cerca de 60% dos trabalhadores não
são registrados e 55% deles não têm qualquer
tipo de proteção social.
Com relação
à América Latina, o estudo detectou uma discriminação
às mulheres e aos negros no mercado. Segundo o diretor- adjunto
da OIT, Jaime Mezzera, o racismo é "peculiarmente"
expressivo no Brasil, que tem um grande número de negros.
Nos outros países, o preconceito é maior contra a
população indígena.
No levantamento
relativo ao progresso laboral, que avalia o nível de salário,
taxa de desemprego e estabilidade funcional, na última década
o Brasil caiu do nível "alto" para "médio-alto".
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Latino
trabalha tanto quanto o japonês
Relatório divulgado ontem pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) mostra que o trabalhador da América
Latina trabalha tanto quanto o japonês e mais que o europeu.
De acordo com a entidade, o mercado da região está,
de uma maneira geral, passando por um processo de privatização,
informalização, terceirização e precarização.
O estudo se
baseou em dados oficiais - como os do IBGE e do Dieese, no caso
brasileiro - e detectou uma discriminação disseminada
às mulheres e aos negros no mercado. Segundo o diretor- adjunto
da OIT, Jaime Mezzera, o racismo é "peculiarmente"
expressivo no Brasil, por causa do grande número de negros
do país. "Esse problema é mais aparente no acesso
ao mercado de trabalho. Depois de empregado, o negro sofre menos
preconceitos", afirmou. Nos outros países, compara o
diretor, o preconceito mais marcante é contra a população
de origem indígena.
Para justificar
o processo de privatização e terceirização
do mercado, Mezzera cita que 95% dos novos postos são criados
no setor privado e que 83% dessas novas vagas são criadas
no setor de serviços. Cerca de 60% dos trabalhadores latino-americanos
estão no mercado informal, sendo que 55% deles não
têm quaisquer proteções sociais, como Previdência,
por exemplo.
Segundo o estudo,
chamado Panorama Laboral 2000, a jornada de trabalho semanal média
na América Latina é de 40,8 horas, o que representa
1.862 horas/ano. Nos EUA, esse índice é de cerca de
2.000 horas e no Japão, de 1.898 horas. Na média dos
países europeus, diz Mezzera, esse período não
ultrapassa as 1.600 horas.
De modo geral,
os salários mínimos pagos pelos países da América
Latina cresceram, em média, 0,5% nos últimos dois
anos. Os "salários industriais" tiveram reajuste
superior, de 1,2%.
A OIT utiliza
o preço do pão para comparar os salários mínimos
dos países. Segundo esse critério, o maior poder aquisitivo
é o do Panamá, onde um salário mínimo
permite a compra de 372 quilos de pães por mês. No
Brasil, essa comparação fica em torno dos 85 quilos,
resultado inferior ao de oito países. "Houve uma melhora
na renda das pessoas mais pobres, pelo menos no que diz respeito
ao pão", disse o diretor-adjunto da OIT.
Para comparar
os salários industriais, a OIT usou o preço do "carro
popular", e a situação brasileira melhora um
pouco no ranking regional. O país fica em quinto lugar (atrás
da Argentina, Chile, Panamá e Uruguai) entre os de maior
poder aquisitivo. Um funcionário da indústria no Brasil
precisa de 19 salários para comprar um automóvel.
Na Argentina, precisa-se de 12 meses. Em Honduras, onde foi registrado
o pior salário médio, o trabalhador consegue comprar
um carro popular depois de poupar ao longo de 84 meses (sete anos).
No levantamento
relativo à evolução do progresso laboral, que
avalia o nível de salário, taxa de desemprego e estabilidade
funcional, o Brasil caiu uma posição na última
década, passando do nível "alto" para "médio-alto".
Agora, o país está no mesmo patamar da Argentina e
do Panamá e abaixo do Chile, do México e da Costa
Rica. "Os anos de 1999 e de 1998 foram muito ruins para o Brasil,
mas já há sinais de melhora em 2000", avaliou
Mezzera.
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