44%
dos latino-americanos são pobres
Quatro em cada
10 latino-americanos são pobres. Ou seja, 44% da população.
Entre as crianças esse número cresce para 60%. Hoje
existem mais de 200 milhões de pobres na América Latina.
O aumento da desigualdade duplicou o percentual de pobres na região
desde os anos 60. Pior: 20 milhões de menores de 14 anos
estão trabalhando e um quinto dos jovens está sem
emprego. Um total de 100 milhões de pessoas não têm
seguro médico.
Esse indicadores
colocam a América Latina em situação de isco
permanente. Na América Latina, os 10% mais ricos da população
têm 84 vezes mais renda que o décimo mais pobre. A
África é o continente mais pobre, mas a América
Latina é mais desigual. Existe uma sobreposição
de desigualdades. O gap não se resume à renda dos
extremos mais rico e mais pobre. Está também nos indicadores
de educação, saúde, acesso a crédito,
ativos produtivos (como terra e máquinas) e informática,
batizado de "analfabetismo cibernético".
O mais triste
é que é um continente potencialmente rico, com grande
quantidade de matérias-primas estratégicas, como petróleo
e gás, energia elétrica barata e grande capacidade
de produção agrícola. Apesar do potencial econômico
e do ambiente pacífico, a área concentra cifras sociais
capazes de "ameaçar os regimes democráticos constituídos
nas duas últimas décadas", alerta o economista
sociólogo Bernardo Kliksberg, coordenador do Instituto para
Desenvolvimento Social do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID).
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América
Latina: risco é da desigualdade
O aumento da
desigualdade fez o percentual de pobres duplicar desde os anos 60
na América Latina - a região tem hoje mais de 200
milhões de pobres. Pelo menos, quatro em cada dez habitantes
(44%) da região vivem sem condições de suprir
suas necessidades básicas - entre as crianças, faixa
etária mais atingida, a proporção é
de 60%. Vinte milhões de menores de 14 anos estão
trabalhando; cem milhões de pessoas não têm
seguro médico; um quinto dos jovens está sem emprego.
Indicadores
como esses fazem da América Latina uma região sob
risco permanente, na análise do economista e sociólogo
Bernardo Kliksberg, coordenador do Instituto para Desenvolvimento
Social do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID): "A
situação das crianças é um atentado
aos direitos humanos. Não é aceitável que a
sociedade não dê a elas uma solução melhor".
Autor de três
dezenas de livros (a maioria sobre as condições socio-econômicas
da região), o argentino Kliksberg estará no Brasil
esta semana para falar sobre as desigualdades latino-americanas
- quarta-feira, na Federação das Indústrias
do Rio de Janeiro (Firjan), faz palestra promovida pela Unesco.
Em linha com o pensamento econômico moderno, defende a implantação
pelos Estados de políticas sociais agressivas para pôr
fim à pobreza na região mais desigual do planeta.
Segundo ele,
na América Latina os 10% mais ricos da população
têm 84 vezes mais renda que o décimo mais pobre: "A
África é mais pobre, mas a AL é mais desigual.
Trata-se de um continente potencialmente rico, com grande quantidade
de matérias-primas estratégicas, como petróleo
e gás, energia elétrica barata e imensa capacidade
de produção agrícola".
A despeito do
potencial econômico e do ambiente pacífico, a área
concentra cifras sociais capazes de ameaçar os regimes democráticos
constituídos nas duas últimas décadas. Kliksberg
chama a atenção para a sobreposição
de desigualdades. O gap não se resume à renda dos
extremos mais rico e mais pobre. Estende-se aos indicadores de educação,
saúde, acesso a crédito, ativos produtivos (como terra
e máquinas) e informática, batizado de "analfabetismo
cibernético".
"Esses
problemas não são isolados, um reforça o outro.
É o que eu chamo de círculo vicioso de exclusão
social, causado pela desigualdade. E a luta contra isso se faz através
da democracia", receita Kliksberg.
O economista
cita meia dúzia de projetos de sucesso na luta contra a desigualdade
na América Latina. No Brasil, por exemplo, ele destaca o
bolsa-escola - que consiste na concessão de uma renda mensal
a famílias cujas crianças freqüentam a escola
- e o Centro de Democratização da Informática
(CDI), ONG dedicada ao ensino de informática em comunidades
carentes.
Na Venezuela,
o Ministério da Ciência e Tecnologia está transformando
as bibliotecas em centros de educação de Internet.
Segundo Kliksberg, em dois anos, um terço da população
nacional (equivalente a sete milhões de pessoas) terá
algum conhecimento sobre computação. Na Bolívia,
México, Argentina e Peru, crescem as experiências de
microcrédito com o Grameen Bank - o banco dos pobres, do
professor Muhammad Yunus, de Bangladesh. No Uruguai, o governo quer
tornar obrigatório o pré-escolar.
"Apesar
de tudo, tenho muita esperança. Quando mais as pessoas participarem,
mais os governos estarão atentos. A América Latina
tem grandes potencialidades, mas precisa democratizar as oportunidades",
defende o economista, que vem se dedicando no BID à criação
de um programa latino-americano de ética e desenvolvimento.
A idéia é determinar os valores éticos que
devem nortear as decisões econômicas dos governos.
(O Globo)
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