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Multinacionais estimulam o funcionário a ficar em casa

Companhias estrangeiras como Shell, Nortel e Kodak estão investindo no chamado "telecomutting", ou trabalho em casa, no qual o funcionário desempenha suas funções de um escritório montado pela empresa em seu lar.

Mesmo com o custo de cada escritório doméstico em R$ 15.000, a empresa economiza bastante, principalmente porque a produtividade do empregado aumenta em até 30%. As vantagens para quem fica em casa são óbvias: mais tempo para ficar com a família e flexibilidade de horários. Uma pesquisa encomendada pela AT&T mostrou que 73% das pessoas que mudam para o "telecomutting" vêem uma melhora na vida pessoal.

(Veja)

 

 

 

 

 

 

 

Executivos de chinelos
Multinacionais no Brasil incentivam trabalho em casa, tendência que já atinge milhões de americanos

Para ir e voltar de sua residência, em Niterói, à sede da American Express, onde trabalha, no centro do Rio de Janeiro, a executiva Cláudia Martello gastava pelo menos duas horas por dia. De uns tempos para cá, ela está livre dessa rotina. Foi a escolhida pela multinacional para testar, no Brasil, uma modalidade de trabalho que poderá transformar o cartão de ponto em relíquia: o escritório doméstico. A empresa forneceu todos os equipamentos - telefone, fax, computador - e providenciou o mobiliário para que Cláudia desfrutasse os recursos tecnológicos e o conforto de que dispunha no escritório da companhia. Coube à executiva reservar um cômodo da casa e estipular regras bem claras para os filhos Luiza, de 10 anos, e Lucas, de 2. "Instalei uma porta de vidro para que as crianças possam me ver de fora", conta a diretora de cheques de viagem. "Elas só têm autorização para entrar quando faço o sinal que combinamos."


Histórias semelhantes começam a ser contadas por dezenas de funcionários de outras multinacionais instaladas no país. A idéia vem do mercado americano, onde 18 milhões de pessoas já trabalham em casa em tempo integral e outros 16 milhões, em tempo parcial. No Brasil, o grande empecilho era a má qualidade da rede de telefonia. Agora, com a maior oferta de linhas e a crescente capacidade de transmissão de dados, algumas grandes companhias estimulam funcionários a trabalhar na própria casa.

A Kodak já montou 120 escritórios domésticos. Na Shell, o trabalho a distância deu certo e deverá ser adotado por todo o departamento de vendas até o fim do ano. A Nortel está iniciando um projeto que prevê a permanência em casa de quase metade dos funcionários no Brasil. São iniciativas que apontam para uma renovação no conceito de escritório conforme se viu ao longo do século XX.

No setor de serviços, grande parte das funções pode ser transferida para o ambiente residencial. Na teoria, o método traz vantagens para todas as partes envolvidas. As empresas economizam com aluguel e os demais gastos de uma estrutura corporativa. O funcionário ganha a chance de estar mais perto da família e de ser dono do próprio tempo.

Na prática, contudo, trabalhar em casa não é tão simples. Quem se afasta do convívio diário com os colegas pode sentir-se abandonado. Para combater o isolamento, a Kodak promove encontros semanais entre os funcionários que trabalham em casa. Os integrantes do antigo departamento de vendas de São Paulo almoçam juntos às sextas-feiras, com o duplo objetivo de confraternizar e discutir assuntos profissionais. "Às vezes o papo vai até as 7 da noite", conta o gerente de vendas Roberto Maroti. Há 21 anos na empresa, ele aprova com entusiasmo o novo cotidiano. "Posso levantar um pouco mais tarde, tomar banho tranqüilo e ler o jornal antes de começar o trabalho. Quando estou cansado, vou ouvir um som, dar um passeio e volto com o ânimo renovado", diz ele.

A Shell transformou em virtual todo o departamento de vendas, que abriga 300 dos 1.300 funcionários da empresa no país. Com o fechamento de nove escritórios regionais, restaram apenas os do Rio e os de São Paulo, este reduzido à metade. Montar cada escritório doméstico custa, em média, 15.000 reais, mas o investimento está sendo rapidamente recuperado.

Os profissionais que experimentam a novidade relutam em abandoná-la. Sandra Capelli, funcionária da Dupont, teve um começo difícil. Ela entrava no carro e ia tomar café da manhã na padaria da esquina apenas para ter a sensação de que não trabalhava na própria casa. Depois, a adaptação foi plena. Em julho, Sandra assumiu um novo cargo e teve de voltar a cumprir expediente na companhia. "Está sendo muito difícil enfrentar as pequenas burocracias que toda empresa tem", diz Sandra. "Antes eu só dependia de mim mesma, e nada pode ser mais produtivo do que isso."

Pesquisa realizada pela empresa AT&T nos Estados Unidos revelou que 73% dos profissionais que trabalham em casa consideram que a mudança melhorou a vida pessoal. Na canadense Nortel, apenas 3% dos 15.000 funcionários que passaram pela experiência em todo o mundo desistiram por falta de adaptação. Estudos americanos credenciam esse alto índice de aprovação à possibilidade de trabalhar na hora em que se deseja e de resolver problemas pessoais durante o expediente. O principal resultado disso tudo é o aumento de eficiência. "A produtividade de quem trabalha em casa é 30% maior", afirma a coordenadora do projeto da Shell, Ellen Hartmann.

Constatações parecidas fazem com que todas as empresas que já iniciaram a experiência estejam planejando ampliar o número de escritórios domésticos. A Nortel está implantando o método com quarenta gerentes e diretores, mas a intenção é mandar para casa (no bom sentido) pelo menos 400 dos 1.000 funcionários no país. Na Kodak, a expectativa é de que 500 pessoas adotem o sistema nos próximos anos, o que corresponderia a um terço da força de trabalho da companhia no Brasil. Na Siemens, o projeto é para janeiro. "Vamos começar com uma proporção de quatro dias em casa e um na empresa, para que a pessoa não esqueça o rosto dos colegas", diz o consultor de desenvolvimento organizacional da Siemens, Tácito Maranhão.

(Veja)

 

 
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