.
              
 
HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
 

retrato nacional
10/12/2004
País tem quase dois abortos ilegais por minuto

A cada minuto, quase dois abortos clandestinos são realizados no Brasil. O número é uma estimativa baseada nas internações pós-aborto pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e aponta que, desde 1999, cerca de 952 mil mulheres interromperam a gravidez por ano no país. Em todo o ano passado, foram notificados 1.880 abortos legais.

A ilegalidade não impede o aborto, que é raramente punido. Mudam as técnicas, mas os números são perenes, como mostra a projeção calculada pela Folha com base na metodologia padrão para América Latina do AGI (Alan Guttmacher Institute), centro de pesquisa e análise de saúde reprodutiva e políticas públicas dos EUA que é considerado referência na área.

As internações para curetagem pós-aborto pela rede pública de hospitais são, em média, 238 mil por ano. Esse dado precisa ser corrigido para eliminar abortos legais ou espontâneos e incluir o sub-registro de internações e os abortos clandestinos que não chegam ao hospital.

Para isso, se multiplica o dado base por um fator variável de 3 a 5, no caso da América Latina.

De acordo com a Rede Nacional Feminista de Saúde, que reúne 113 entidades ligadas à defesa da saúde da mulher e direitos sexual e reprodutivo, o número de abortos clandestinos realizados no país em 2000 ficou estimado entre 750 mil e 1,4 milhão, utilizando a metodologia do AGI.

Um relatório de 2004, elaborado com base em dados de 1991, mostra que a falha na contracepção é mais grave do que se imaginava. Do total de gestações ocorridas no país, 31% são abortadas. Do restante que chegam a termo, 23% são indesejadas.
Além disso, estima-se que 1 em cada 30 mulheres brasileiras realize um aborto durante sua vida.

Perfil e complicações
Na América Latina, as mulheres que recorrem ao aborto clandestino e que acabam hospitalizadas têm entre 20 e 30 anos, já estão casadas e já têm filhos. Em países desenvolvidos, o perfil mostra mulheres mais novas, a maioria solteira e sem filhos.
Dos 4 milhões de abortos clandestinos realizados na região por ano, cerca de 800 mil acabam em hospitalizações.

Neste ano, até outubro, foram registrados 199,9 mil curetagens pós-aborto na rede pública, segundo o SUS.

Dados do Ministério da Saúde indicam que complicações do aborto espontâneo ou provocado são a quarta causa de mortalidade materna obstétrica -índice de morte de mulheres por motivos relacionados diretamente à gravidez ou o pós-parto.

Segundo levantamentos do Tribunal de Contas da União (TCU) e da CPI da Mortalidade Materna, ambos de 1998, entre 3.000 a 5.000 mulheres morrem por motivos ligados direta ou indiretamente à gravidez, sendo 90% dos óbitos considerados evitáveis.

LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo, da sucursal de Brasília

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANteriores
09/12/2004
Mais de 27 milhões de crianças vivem na pobreza no Brasil
09/12/2004
Protagonismo juvenil é tema de seminário
09/12/2004
União prepara SUS da assistêncial
09/12/2004
Ministério destrói armas e inaugura centro de treinamento
08/12/2004
Governo já admite corrigir mínimo em janeiro
08/12/2004 Estado lança Programa de Inclusão Digital do Professor
08/12/2004
Mulheres lançam movimento por um país ético
08/12/2004
Justiça determina que UFPR não adote sistema de cotas
08/12/2004
Universidades do Rio vão se adaptar a surdos
08/12/2004
Ilhas digitais funcionam como cyber café