Criança
Cor
Evento
mais badalado da decoração brasileira, a Casa
Cor receberá neste ano, em São Paulo, a interferência
estética de um público que jamais se imaginou
parte daquela paisagem: ex-internos da Febem, atualmente em
regime de liberdade assistida, preparam com o artista plástico
Renato Izabella um painel para ser exibido em local nobre
da exposição. O painel, que deverá ser
instalado logo na entrada, servirá de ponte entre o
passado e o futuro tanto dos ex-internos da Febem -afinal,
eles estudam arte para se integrarem à sociedade- como
do próprio espaço da Casa Cor.
Projetado
em 1895 pelo arquiteto Ramos de Azevedo, aquele casarão,
construído num terreno de 46 mil metros quadrados no
Pacaembu, começou como um orfanato e, anos depois,
foi adquirido pela Febem. Abandonado em 1996, com sinais de
decadência por todos os lados, o imóvel passou,
quatro anos depois, para a Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo. Não havia, porém, recursos
para reformar aquele imóvel de quase 7.000 metros quadrados.
Daí que foi saudada -e aceita rapidamente- a proposta
de intervenção da Casa Cor.
Formado
em artes plásticas pela Faap, Renato Izabella, 38 anos,
já trabalhou como garçom em Veneza, pulando
de bico em bico para sobreviver, até conseguir realizar
duas exposições. Virou professor de escola pública
e, desde o início deste ano, coordena oficinas para
12 ex-internos da Febem, em processo socioeducativo.
Os jovens
vão participar de todas as fases do projeto. Inicialmente,
vão analisar a área em que será exibido
o painel. E, num ateliê, assessorados por Izabella,
discutirão as formas, cores e, em especial, a idéia
que gostariam de passar - a partir dessa experimentação,
eles trabalham sua história de vida, traduzida em arte.
Com a
devida autorização do Condephaat - o casarão
é tombado-, a Faculdade de Medicina da USP estimulou
o projeto de intervenção dos internos da Febem,
aceito de imediato pela direção da Casa Cor.
A Faculdade de Medicina está interessada em manter
a obra ali permanentemente.
A idéia
é transmitir, usando a própria reforma do casarão,
a força simbólica da reciclagem. "Quero
que eles demonstrem seus sentimentos de uma maneira menos
prejudicial a eles próprios. Acho que essa é
a magia da arte", diz Izabella.
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