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Dia 24.04.02

Criança Cor

Evento mais badalado da decoração brasileira, a Casa Cor receberá neste ano, em São Paulo, a interferência estética de um público que jamais se imaginou parte daquela paisagem: ex-internos da Febem, atualmente em regime de liberdade assistida, preparam com o artista plástico Renato Izabella um painel para ser exibido em local nobre da exposição. O painel, que deverá ser instalado logo na entrada, servirá de ponte entre o passado e o futuro tanto dos ex-internos da Febem -afinal, eles estudam arte para se integrarem à sociedade- como do próprio espaço da Casa Cor.

Projetado em 1895 pelo arquiteto Ramos de Azevedo, aquele casarão, construído num terreno de 46 mil metros quadrados no Pacaembu, começou como um orfanato e, anos depois, foi adquirido pela Febem. Abandonado em 1996, com sinais de decadência por todos os lados, o imóvel passou, quatro anos depois, para a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Não havia, porém, recursos para reformar aquele imóvel de quase 7.000 metros quadrados. Daí que foi saudada -e aceita rapidamente- a proposta de intervenção da Casa Cor.

Formado em artes plásticas pela Faap, Renato Izabella, 38 anos, já trabalhou como garçom em Veneza, pulando de bico em bico para sobreviver, até conseguir realizar duas exposições. Virou professor de escola pública e, desde o início deste ano, coordena oficinas para 12 ex-internos da Febem, em processo socioeducativo.

Os jovens vão participar de todas as fases do projeto. Inicialmente, vão analisar a área em que será exibido o painel. E, num ateliê, assessorados por Izabella, discutirão as formas, cores e, em especial, a idéia que gostariam de passar - a partir dessa experimentação, eles trabalham sua história de vida, traduzida em arte.

Com a devida autorização do Condephaat - o casarão é tombado-, a Faculdade de Medicina da USP estimulou o projeto de intervenção dos internos da Febem, aceito de imediato pela direção da Casa Cor. A Faculdade de Medicina está interessada em manter a obra ali permanentemente.

A idéia é transmitir, usando a própria reforma do casarão, a força simbólica da reciclagem. "Quero que eles demonstrem seus sentimentos de uma maneira menos prejudicial a eles próprios. Acho que essa é a magia da arte", diz Izabella.

 

 
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