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05/04/2006
-
09h06
ELIANE CANTANHÊDE
Colunista da Folha de S.Paulo
O presidente da Varig, Marcelo Bottini, encaminhou e-mail para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, via seu secretário particular, Gilberto Carvalho, em que pede audiência de emergência para tratar da crise da aérea. O e-mail, de anteontem, foi lacônico e dramático, alertando de que a Varig poderá parar "nas próximas horas".
O governo, porém, não tem respostas para a crise financeira nem mesmo mais um plano de salvamento da companhia, porque todos os atores envolvidos nessa discussão desde a posse de Lula, em janeiro de 2003, não estão mais nos seus cargos ou vivem dificuldades políticas.
A única contribuição objetiva que o governo pode dar à Varig, com R$ 7 bilhões em dívidas, não é exatamente à companhia, mas aos seus usuários: o ex-diretor-geral do já extinto DAC (Departamento de Aviação Civil), brigadeiro Jorge Godinho, deixou pronto para a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) um "plano de contingência" para cobrir as rotas da empresa.
Os presidentes da TAM, Marco Antônio Bologna, e da Gol, Constantino Júnior, estiveram em Brasília ontem para conversas em separado na Anac sobre a crise da Varig e como essas empresas poderiam garantir a normalidade do setor.
A TAM tem frota ociosa, e a Gol está recebendo cinco novos Boeings 737-800. Além disso, não está descartada a participação da novata BRA.
Oficialmente, a Anac disse que as reuniões já estavam agendadas para outros assuntos.
As aéreas nacionais também poderão entrar nas rotas internacionais numa fase emergencial e de transição, mas o "plano B" deixado por Godinho incluía negociações com empresas estrangeiras do grupo Star Alliance, do qual a Varig faz parte.
Mas há entraves legais, porque as leis exigem reciprocidade. Para passar linhas de uma empresa para outra, é necessário o governo brasileiro formalizar uma troca de ofícios para os países de destino.
Segundo consultores ouvidos pela Folha, nas rotas nacionais TAM e Gol poderiam absorver a demanda da Varig com relativa tranqüilidade. Nas internacionais, entretanto, a TAM, por exemplo, levaria pelo menos um ano para conseguir absorver as freqüências deixadas pela Varig.
Lula sempre determinou que houvesse prioridade para a Varig. Quem cuidava da crise no início do governo eram o ministro José Dirceu, que caiu da Casa Civil, e o também ministro José Viegas, que se demitiu da Defesa.
Apesar de não avalizados pelos ministérios da Fazenda e da Justiça, ambos deixaram alinhavado um plano para a mais tradicional companhia aérea brasileira, dividindo a Varig em duas --uma manteria o passivo, considerado impagável, e a outra, "limpa", herdaria as rotas internacionais.
Ao assumir a Casa Civil, a ministra Dilma Rousseff deixou o tema de lado. E o novo ministro da Defesa, o vice-presidente José Alencar, jogou fora todos os planos do antecessor e partiu do zero para uma nova proposta --a transformação das dívidas em ações aos credores. Até por obstáculos legais, a idéia não decolou.
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Colunista da Folha de S.Paulo
O presidente da Varig, Marcelo Bottini, encaminhou e-mail para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, via seu secretário particular, Gilberto Carvalho, em que pede audiência de emergência para tratar da crise da aérea. O e-mail, de anteontem, foi lacônico e dramático, alertando de que a Varig poderá parar "nas próximas horas".
O governo, porém, não tem respostas para a crise financeira nem mesmo mais um plano de salvamento da companhia, porque todos os atores envolvidos nessa discussão desde a posse de Lula, em janeiro de 2003, não estão mais nos seus cargos ou vivem dificuldades políticas.
A única contribuição objetiva que o governo pode dar à Varig, com R$ 7 bilhões em dívidas, não é exatamente à companhia, mas aos seus usuários: o ex-diretor-geral do já extinto DAC (Departamento de Aviação Civil), brigadeiro Jorge Godinho, deixou pronto para a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) um "plano de contingência" para cobrir as rotas da empresa.
Os presidentes da TAM, Marco Antônio Bologna, e da Gol, Constantino Júnior, estiveram em Brasília ontem para conversas em separado na Anac sobre a crise da Varig e como essas empresas poderiam garantir a normalidade do setor.
A TAM tem frota ociosa, e a Gol está recebendo cinco novos Boeings 737-800. Além disso, não está descartada a participação da novata BRA.
Oficialmente, a Anac disse que as reuniões já estavam agendadas para outros assuntos.
As aéreas nacionais também poderão entrar nas rotas internacionais numa fase emergencial e de transição, mas o "plano B" deixado por Godinho incluía negociações com empresas estrangeiras do grupo Star Alliance, do qual a Varig faz parte.
Mas há entraves legais, porque as leis exigem reciprocidade. Para passar linhas de uma empresa para outra, é necessário o governo brasileiro formalizar uma troca de ofícios para os países de destino.
Segundo consultores ouvidos pela Folha, nas rotas nacionais TAM e Gol poderiam absorver a demanda da Varig com relativa tranqüilidade. Nas internacionais, entretanto, a TAM, por exemplo, levaria pelo menos um ano para conseguir absorver as freqüências deixadas pela Varig.
Lula sempre determinou que houvesse prioridade para a Varig. Quem cuidava da crise no início do governo eram o ministro José Dirceu, que caiu da Casa Civil, e o também ministro José Viegas, que se demitiu da Defesa.
Apesar de não avalizados pelos ministérios da Fazenda e da Justiça, ambos deixaram alinhavado um plano para a mais tradicional companhia aérea brasileira, dividindo a Varig em duas --uma manteria o passivo, considerado impagável, e a outra, "limpa", herdaria as rotas internacionais.
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