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04/05/2006
-
20h00
da Folha Online
O jornalista Pedro Soares, repórter da Sucursal do Rio, afirmou hoje durante bate-papo com 828 internautas que a indústria paulista seria a principal prejudicada com uma eventual crise de abastecimento de gás após a nacionalização na Bolívia. Ele afirmou que uma crise de abastecimento --que não está acontecendo-- pode afetar São Paulo, que responde por mais de 40% da produção industrial do país. "Mas a Bolívia também não tem para quem vender o gás", disse.
Pedro Soares afirmou que um eventual corte no abastecimento seria um "baque e tanto". "Algumas indústrias podem usar óleo combustível, mas é muito mais caro e a Petrobras teria de cancelar contratos de exportação e até talvez comprá-lo no exterior."
O jornalista disse não acreditar na saída da Petrobras da Bolívia, como pretendem outras multinacionais que operam no país. "A Petrobras não pode porque tem de preservar o abastecimento brasileiro --mais da metade do gás vem da Bolívia", disse.
Questionado por um internauta se o decreto de nacionalização não seria mais uma pressão por aumento nos preços, o jornalista respondeu: "Prefiro reproduzir aquilo que o corpo técnico da Petrobras avalia e fala reservadamente: Evo Morales quer 'jogar para a platéia', quer angariar popularidade".
Sobre a resposta brasileira à crise, o jornalista afirmou que o governo joga nas duas pontas. "A Petrobras adota um discurso mais forte e o governo tenta amenizar", disse.
Para o jornalista, é difícil prever o quanto a crise vai mexer com as ações da Petrobras. "Mas mesmo dentro da companhia há setores que avaliam que a resposta do governo poderia ser mais firme", disse.
Pedro Soares afirmou que o Espírito Santo será, até 2010, o segundo maior produtor de óleo do país, inclusive de petróleo leve (mais valioso). "Mas as apostas de gás são só para 2009 no campo de Mexilhão. O gás será explorado na Bacia de Santos (entre Rio e SP), em duas grandes reservas. No Amazonas, há o problema da distância e da dificuldade de licença ambiental para um gasoduto levar o gás a Manaus", disse.
Sobre o futuro energético do país, Pedro Soares defende o investimento em novas fontes. "Uma boa idéia é investir no álcool e no biodiesel. Especialistas acreditam que o preço do óleo se manterá alto e com bastante oscilação. Tanto o governo como a oposição não irão alterar a política de preço da Petrobras, que é essencialmente a mesma desde 2002", disse.
O jornalista afirmou que, para os EUA, não importa muito o que acontece na América Latina (exceto Venezuela). "Para os EUA, o foco é o Oriente Médio, onde estão as grandes reservas mundiais de petróleo", afirmou.
Um leitor lembrou que a própria Petrobras surgiu de uma "nacionalização" que expulsou empresas estrangeiras que tinham interesse em explorar o petróleo brasileiro. "Sim, mas há 53 anos. No México, também foi assim, mas era uma outra época", respondeu o jornalista.
Auto-suficiência e preços
Sobre a auto-suficiência na produção de petróleo, o jornalista afirmou que dificilmente ocorrerá uma queda nos preços dos combustíveis. "Pode esperar sentado [a queda no preço da gasolina]. Não se espera um aumento, mas não haverá redução. O que ocorre é que a Petrobras não pode pretende descolar do mercado internacional. E com o petróleo acima de US$ 70 o barril... [dificilmente isso ocorrerá]", afirmou.
O jornalista lembrou que a gasolina subiu neste ano por causa do álcool --a gasolina leva de 20% a 25% de álcool. "O preço da Petrobras é o mesmo desde outubro do ano passado. A Petrobras diz que não pode descolar do preço internacional porque as importações são livres, ou seja, se o preço dela for muito alto entrará produto importado no Brasil. Se for muito baixo, os exportadores vão comprar da Petrobras e vender no exterior", afirmou.
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Crise de abastecimento seria um "baque" para a indústria paulista, diz jornalista
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O jornalista Pedro Soares, repórter da Sucursal do Rio, afirmou hoje durante bate-papo com 828 internautas que a indústria paulista seria a principal prejudicada com uma eventual crise de abastecimento de gás após a nacionalização na Bolívia. Ele afirmou que uma crise de abastecimento --que não está acontecendo-- pode afetar São Paulo, que responde por mais de 40% da produção industrial do país. "Mas a Bolívia também não tem para quem vender o gás", disse.
Folha Imagem |
Pedro Soares participou de bate-papo com 828 pessoas sobre a Petrobras |
Pedro Soares afirmou que um eventual corte no abastecimento seria um "baque e tanto". "Algumas indústrias podem usar óleo combustível, mas é muito mais caro e a Petrobras teria de cancelar contratos de exportação e até talvez comprá-lo no exterior."
O jornalista disse não acreditar na saída da Petrobras da Bolívia, como pretendem outras multinacionais que operam no país. "A Petrobras não pode porque tem de preservar o abastecimento brasileiro --mais da metade do gás vem da Bolívia", disse.
Questionado por um internauta se o decreto de nacionalização não seria mais uma pressão por aumento nos preços, o jornalista respondeu: "Prefiro reproduzir aquilo que o corpo técnico da Petrobras avalia e fala reservadamente: Evo Morales quer 'jogar para a platéia', quer angariar popularidade".
Sobre a resposta brasileira à crise, o jornalista afirmou que o governo joga nas duas pontas. "A Petrobras adota um discurso mais forte e o governo tenta amenizar", disse.
Para o jornalista, é difícil prever o quanto a crise vai mexer com as ações da Petrobras. "Mas mesmo dentro da companhia há setores que avaliam que a resposta do governo poderia ser mais firme", disse.
Pedro Soares afirmou que o Espírito Santo será, até 2010, o segundo maior produtor de óleo do país, inclusive de petróleo leve (mais valioso). "Mas as apostas de gás são só para 2009 no campo de Mexilhão. O gás será explorado na Bacia de Santos (entre Rio e SP), em duas grandes reservas. No Amazonas, há o problema da distância e da dificuldade de licença ambiental para um gasoduto levar o gás a Manaus", disse.
Sobre o futuro energético do país, Pedro Soares defende o investimento em novas fontes. "Uma boa idéia é investir no álcool e no biodiesel. Especialistas acreditam que o preço do óleo se manterá alto e com bastante oscilação. Tanto o governo como a oposição não irão alterar a política de preço da Petrobras, que é essencialmente a mesma desde 2002", disse.
O jornalista afirmou que, para os EUA, não importa muito o que acontece na América Latina (exceto Venezuela). "Para os EUA, o foco é o Oriente Médio, onde estão as grandes reservas mundiais de petróleo", afirmou.
Um leitor lembrou que a própria Petrobras surgiu de uma "nacionalização" que expulsou empresas estrangeiras que tinham interesse em explorar o petróleo brasileiro. "Sim, mas há 53 anos. No México, também foi assim, mas era uma outra época", respondeu o jornalista.
Auto-suficiência e preços
Sobre a auto-suficiência na produção de petróleo, o jornalista afirmou que dificilmente ocorrerá uma queda nos preços dos combustíveis. "Pode esperar sentado [a queda no preço da gasolina]. Não se espera um aumento, mas não haverá redução. O que ocorre é que a Petrobras não pode pretende descolar do mercado internacional. E com o petróleo acima de US$ 70 o barril... [dificilmente isso ocorrerá]", afirmou.
O jornalista lembrou que a gasolina subiu neste ano por causa do álcool --a gasolina leva de 20% a 25% de álcool. "O preço da Petrobras é o mesmo desde outubro do ano passado. A Petrobras diz que não pode descolar do preço internacional porque as importações são livres, ou seja, se o preço dela for muito alto entrará produto importado no Brasil. Se for muito baixo, os exportadores vão comprar da Petrobras e vender no exterior", afirmou.
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