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07/05/2006 - 17h13

Alta do gás deve custar US$ 600 mi a Brasil e Argentina, diz Morales

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da Folha Online

O presidente da Bolívía, Evo Morales, defendeu hoje um forte aumento no preço do gás que seja capaz de resolver o déficit fiscal e ainda colocar as contas do país vizinho no azul.

Segundo a estatal Agência Boliviana de Informação, Morales quer elevar o preço do combustível vendido ao Brasil e à Argentina em US$ 2. Hoje o Brasil paga US$ 3,26 por milhão de BTU (medida internacional de gás) --ou seja, a alta defendida pelo presidente alcança 61%.

Esse reajuste representaria um aumento de arrecadação anual de US$ 600 milhões que seria mais do que suficiente para eliminar o déficit fiscal boliviano, de US$ 300 milhões.

Ele também afirmou que os governos anteriores do país sempre "mendigavam" dinheiro no exterior para cobrir o déficit fiscal. Segundo Morales, sua decisão de nacionalizar o petróleo e o gás permitirá resolver os problemas fiscais do país.

Ele disse ainda que vai negociar esse aumento com Brasil e Argentina, que importam a maior parte do gás produzido na Bolívia.

"Agora depende de nós. Nós podemos impor o preço, mas para não perder a amizade vamos discutir", afirmou Morales em discurso em Cochabamba.

A assessoria de imprensa do Ministério de Minas e Energia não quis comentar o percentual sugerido por Evo Morales por entender que não se trata de um índice oficial, mas informou que o ministro Silas Rondeau espera que os contratos "respeitem a racionalidade econômica" conforme ficou acertado na reunião entre Morales e os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez (Venezuela) e Néstor Kirchner (Argentina) na semana passada.

O ministro e representantes da Petrobras se reúnem na quarta-feira com autoridades bolivianas para a realização de uma primeira reunião técnica para discussão de preços.

Petrobras absorve

Lula já afirmou que não espera um aumento dos preços do gás, mas que, se houver, o reajuste será absorvido pela Petrobras e não chegará a empresas e consumidores.

Para analistas brasileiros, Morales só deverá elevar os preços após a eleição no Brasil para não prejudicar a campanha de Lula. Como tem 180 dias para negociar os preços, haveria espaço para o boliviano retribuir as gentilezas de Lula, que tem dado forte declarações de apoio ao colega boliviano.

Executivos da Petrobras, entretanto, afirmaram diversas vezes que não aceitarão aumentos e que podem recorrer a uma câmara de arbitragem em Nova York se a Bolívia insistir no reajuste.

A mudança nos preços só seria aceita, segundo reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, se outras regras estabelecidas no contrato da Petrobras com a Bolívia fossem alteradas.

Ao mesmo tempo, o governo estudará outras formas de reduzir a dependência do gás boliviano, como a importação de gás liquefeito de outros países por navio e a exploração do combustível existente na bacia de Santos.

Fidel e Chávez

Morales também informou hoje que a decisão de nacionalizar as reservas de petróleo e gás do país, anunciada no dia 1º de maio, foi tomada no dia 27 de abril por seis representantes do alto escalão do governo.

Ele afirmou que depois viajou para Cuba onde se encontrou com o ditador Fidel Castro e também com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

"Alguma má língua e alguma gente inimiga disse que Evo tinha ido a Cuba para decidir sobre a nacionalização. Que mentira", afirmou.

Morales disse ainda que inicialmente 15 pessoas estavam encarregadas de escrever o decreto que nacionalizaria o gás, mas que nove foram afastadas devido a suspeitas de que venderiam o texto para empresas petroleiras.

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