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09/05/2006
-
11h50
PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) fez hoje uma enfática defesa do tom diplomático adotado pelo governo federal com a Bolívia mesmo após o país vizinho ter nacionalizado empresas controladas pela Petrobras e ameaçado aumentar o preço do gás fornecido ao Brasil.
"A política do Brasil nunca será a do porrete, mas a da boa vizinhança", disse Amorim em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
A oposição criticou principalmente declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que planeja ajudar o país vizinho e defendeu a soberania da decisão do presidente Evo Morales.
Segundo Amorim, no entanto, uma atitude "estridente" do governo poderia levar a uma radicalização da situação na Bolívia e colocaria em risco o fornecimento de gás para o Brasil, que importa metade de seu consumo do país vizinho.
O ministro afirmou que apesar de toda a instabilidade política na Bolívia nos últimos anos o país "tem sido um fornecedor confiável" de gás.
Ele também lembrou que a Bolívia é o país com maior fronteira com o Brasil: "A Bolívia é um país com o qual nós teremos que nos integrar de uma forma ou de outra. Ou nós nos integramos pelo bem, pelo comércio, pela tecnologia, pela cooperação e abertura ou nos integramos pelo mal, pelo narcotráfico, a guerrilha e o contrabando", disse.
O ministro admitiu, entretanto, que o Brasil tem uma "vulnerabilidade" na relação de interdependência com a Bolívia na questão do gás.
"Não somente por decisões políticas que o presidente Evo Morales possa vir a tomar mas também por desafios naturais, como a tempestade que rompeu o duto entre Brasil e Bolívia recentemente. Tempestades podem ser naturais, sociais ou políticas", disse Amorim.
Ele também voltou a defender o aumento da capacidade brasileira de exploração de gás e da diversificação das fontes supridoras.
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) estão hoje na Venezuela e se reúnem amanhã com autoridades bolivianas para discutir temas relativos ao gás.
Com a Venezuela, o Brasil quer discutir a construção de um gasoduto sul-americano de mais de 8.000 km, que custaria cerca de US$ 25 bilhões.
Já com a Bolívia Gabrielli e Rondeau devem negociar os preços do gás fornecido ao Brasil. Hoje o país paga US$ 3,26 por milhão de BTU (medida de gás), mas o presidente Evo Morales defendeu a elevação desse preço em US$ 2. Para o Brasil, esse valor é inviável.
Segundo Amorim, a negociação dos preços, assim como o das indenizações que deverão ser pagas para a Petrobras devido à nacionalização do gás e do petróleo, serão "longas e difíceis".
Reforma agrária
Amorim também comentou a ameaça da Bolívia de realizar a reforma agrária com a desapropriação de terras de brasileiros localizadas a uma distância de até 50 km da fronteira entre os países.
Amorim disse que o Itamaraty está atento a essa questão e que faz gestões para que o foco da reforma agrária sejam terras improdutivas ou que não estejam de acordo com as leis bolivianas. "E as [propriedades] brasileiras são bastante produtivas", disse.
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da Folha Online, em Brasília
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) fez hoje uma enfática defesa do tom diplomático adotado pelo governo federal com a Bolívia mesmo após o país vizinho ter nacionalizado empresas controladas pela Petrobras e ameaçado aumentar o preço do gás fornecido ao Brasil.
"A política do Brasil nunca será a do porrete, mas a da boa vizinhança", disse Amorim em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
A oposição criticou principalmente declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que planeja ajudar o país vizinho e defendeu a soberania da decisão do presidente Evo Morales.
Segundo Amorim, no entanto, uma atitude "estridente" do governo poderia levar a uma radicalização da situação na Bolívia e colocaria em risco o fornecimento de gás para o Brasil, que importa metade de seu consumo do país vizinho.
O ministro afirmou que apesar de toda a instabilidade política na Bolívia nos últimos anos o país "tem sido um fornecedor confiável" de gás.
Ele também lembrou que a Bolívia é o país com maior fronteira com o Brasil: "A Bolívia é um país com o qual nós teremos que nos integrar de uma forma ou de outra. Ou nós nos integramos pelo bem, pelo comércio, pela tecnologia, pela cooperação e abertura ou nos integramos pelo mal, pelo narcotráfico, a guerrilha e o contrabando", disse.
O ministro admitiu, entretanto, que o Brasil tem uma "vulnerabilidade" na relação de interdependência com a Bolívia na questão do gás.
"Não somente por decisões políticas que o presidente Evo Morales possa vir a tomar mas também por desafios naturais, como a tempestade que rompeu o duto entre Brasil e Bolívia recentemente. Tempestades podem ser naturais, sociais ou políticas", disse Amorim.
Ele também voltou a defender o aumento da capacidade brasileira de exploração de gás e da diversificação das fontes supridoras.
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) estão hoje na Venezuela e se reúnem amanhã com autoridades bolivianas para discutir temas relativos ao gás.
Com a Venezuela, o Brasil quer discutir a construção de um gasoduto sul-americano de mais de 8.000 km, que custaria cerca de US$ 25 bilhões.
Já com a Bolívia Gabrielli e Rondeau devem negociar os preços do gás fornecido ao Brasil. Hoje o país paga US$ 3,26 por milhão de BTU (medida de gás), mas o presidente Evo Morales defendeu a elevação desse preço em US$ 2. Para o Brasil, esse valor é inviável.
Segundo Amorim, a negociação dos preços, assim como o das indenizações que deverão ser pagas para a Petrobras devido à nacionalização do gás e do petróleo, serão "longas e difíceis".
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Amorim também comentou a ameaça da Bolívia de realizar a reforma agrária com a desapropriação de terras de brasileiros localizadas a uma distância de até 50 km da fronteira entre os países.
Amorim disse que o Itamaraty está atento a essa questão e que faz gestões para que o foco da reforma agrária sejam terras improdutivas ou que não estejam de acordo com as leis bolivianas. "E as [propriedades] brasileiras são bastante produtivas", disse.
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