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20/06/2006
-
09h17
TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio
Funcionários da Varig cortam contas, tiram filhos de cursos extracurriculares e usam dinheiro que recebem como diárias de viagem no pagamento de itens básicos. Eles contam que, há dois meses, quem ganha mais de R$ 1.000, só recebe este valor.
A comissária de bordo Valéria Fernandes, 45, já tirou o filho da natação, largou a academia e cancelou a internet. As contas são ordenadas de acordo com os juros e pagas quando o dinheiro dá. Há 26 anos na empresa, Valéria diz que os problemas começaram há dois anos, quando 13º salário atrasou. "O [13º] do ano passado não foi pago. Há um ano, mais ou menos, os salários começaram a atrasar. Há dois meses a gente só recebe o teto de R$ 1.000", contou.
Mãe de um adolescente com 16 anos, explica que cortou os extras e até pediu desconto na mensalidade escolar. "Também comecei a guardar parte da diária que ganhamos em viagens para pagar contas. A gente diminui os gastos com comida lá fora, para tentar cumprir com as obrigações de casa", disse.
Comissária de bordo, Rosicléia Silva, 49, chorou ontem na audiência pública com funcionários da Varig na Assembléia Legislativa do Rio.
"Criei dois filhos [trabalhando] na empresa. Agora, não tenho como pagar as contas. Semana passada, ameaçaram cortar a luz lá de casa. Tenho orado muito para a empresa se recuperar. Não podemos deixar a Varig morrer."
Um comissário de 45 anos que não quis se identificar, deixou de pagar condomínio, IPTU, IPVA, TV a cabo, tirou o filho de 13 anos da aula de tênis e do inglês e demitiu a empregada. Ele e a mulher trabalham há 20 anos na Varig. A renda, de cerca de R$ 7.000, caiu para R$ 2.000. O dinheiro da poupança acabou. A família sobrevive graças a um empréstimo.
Os aposentados da Varig, que recebem pelo fundo Aerus, também já sofrem a perda da renda. É o caso do comissário José Paulo de Resende, 52, aposentado desde dezembro de 2000. Para pagar as contas de casa, depende agora da aposentadoria da mulher, que era professora.
"Paguei durante 17 anos o fundo de pensão para garantir uma aposentadoria razoável. Mas, no mês passado, recebi R$ 810 a menos, uma redução de 50% na minha aposentadoria. Esse mês só devo receber R$ 600. Estou a mercê dos bancos, com empréstimos e dívidas. Tiraram o meu chão", descreveu ele.
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da Folha de S.Paulo, no Rio
Funcionários da Varig cortam contas, tiram filhos de cursos extracurriculares e usam dinheiro que recebem como diárias de viagem no pagamento de itens básicos. Eles contam que, há dois meses, quem ganha mais de R$ 1.000, só recebe este valor.
A comissária de bordo Valéria Fernandes, 45, já tirou o filho da natação, largou a academia e cancelou a internet. As contas são ordenadas de acordo com os juros e pagas quando o dinheiro dá. Há 26 anos na empresa, Valéria diz que os problemas começaram há dois anos, quando 13º salário atrasou. "O [13º] do ano passado não foi pago. Há um ano, mais ou menos, os salários começaram a atrasar. Há dois meses a gente só recebe o teto de R$ 1.000", contou.
Mãe de um adolescente com 16 anos, explica que cortou os extras e até pediu desconto na mensalidade escolar. "Também comecei a guardar parte da diária que ganhamos em viagens para pagar contas. A gente diminui os gastos com comida lá fora, para tentar cumprir com as obrigações de casa", disse.
Comissária de bordo, Rosicléia Silva, 49, chorou ontem na audiência pública com funcionários da Varig na Assembléia Legislativa do Rio.
"Criei dois filhos [trabalhando] na empresa. Agora, não tenho como pagar as contas. Semana passada, ameaçaram cortar a luz lá de casa. Tenho orado muito para a empresa se recuperar. Não podemos deixar a Varig morrer."
Um comissário de 45 anos que não quis se identificar, deixou de pagar condomínio, IPTU, IPVA, TV a cabo, tirou o filho de 13 anos da aula de tênis e do inglês e demitiu a empregada. Ele e a mulher trabalham há 20 anos na Varig. A renda, de cerca de R$ 7.000, caiu para R$ 2.000. O dinheiro da poupança acabou. A família sobrevive graças a um empréstimo.
Os aposentados da Varig, que recebem pelo fundo Aerus, também já sofrem a perda da renda. É o caso do comissário José Paulo de Resende, 52, aposentado desde dezembro de 2000. Para pagar as contas de casa, depende agora da aposentadoria da mulher, que era professora.
"Paguei durante 17 anos o fundo de pensão para garantir uma aposentadoria razoável. Mas, no mês passado, recebi R$ 810 a menos, uma redução de 50% na minha aposentadoria. Esse mês só devo receber R$ 600. Estou a mercê dos bancos, com empréstimos e dívidas. Tiraram o meu chão", descreveu ele.
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