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27/06/2006 - 09h45

Exportação de carne bovina cresce, mesmo com aftosa

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CLÁUDIA DIANNI
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Oito meses depois de encontrados os focos de febre aftosa nos Estados de Mato Grosso do Sul e do Paraná, os números do comércio de carne bovina continuam subindo, apesar do embargo total ou parcial ao produto brasileiro anunciado por 58 países, inclusive os 25 da União Européia.

Até maio, as exportações do produto aumentaram 13,33%, tanto pelo crescimento do volume embarcado como por causa do aumento do preço da carne brasileira no mercado internacional.

Os focos da doença não afetaram as vendas de carne bovina como se esperava, mas atingiram em cheio as exportações de carne suína, que despencaram 25,9% até maio, apesar de não ter sido identificado nenhum suíno com a doença no país.

O problema desse setor é que as exportações estão muito concentradas em um só mercado, a Rússia, que compra 65% do volume destinado ao mercado externo, e o Estado de Santa Catarina é responsável por cerca de 60% das exportações de suínos para a Rússia, que não fez distinção ao embargar as importações da carne brasileira em dezembro do ano passado.

A Rússia é o principal mercado para as carnes brasileiras e embargou os produtos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, de Mato Grosso, de Goiás, de São Paulo e de Minas Gerais. Na semana passada, o veto às exportações do Rio Grande do Sul foi suspenso.

Os produtores continuaram exportando porque direcionaram a produção das regiões vetadas para o mercado doméstico, e exportaram para a Rússia o produto das demais regiões.

"A maioria dos frigoríficos possui filiais em vários Estados e todos foram muito eficientes em fazer esse remanejamento, o que evitou a queda das vendas", disse o presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) e ex-ministro da Agricultura, Marcus Vinicius Pratini de Moraes.

De janeiro a maio do ano passado, o Brasil vendeu 73.087 toneladas de carne bovina "in natura" para a Rússia, ao preço de US$ 127,5 milhões. Neste ano, os embarques cresceram para 87.157 toneladas, e a receita com as vendas subiu para US$ 177,1 milhões no mesmo período, com alta de 38,9% na receita. A Abiec estima que, por causa dos embargos, o Brasil deixou de exportar US$ 150 milhões no ano passado.

Os exportadores de suínos não puderam utilizar a mesma manobra para manter o mercado russo por causa da grande concentração de suínos que sai de Santa Catarina.

O diretor do Departamento Sanitário e Fitossanitário do Ministério da Agricultura, Odilson Ribeiro, explica que, segundo as regras sanitárias da Rússia, os Estados vizinhos aos locais onde há doença ficam sem poder exportar por um ano.

Compromisso russo

No início de abril, o primeiro-ministro russo, Mikhail Fradkov, visitou o Brasil e prometeu às autoridades brasileiras que iria estudar o caso de Santa Catarina, mas até agora o embargo não foi suspenso.

Neste mês, o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) esteve em Moscou para negociar o fim do embargo imposto a Santa Catarina e a outras regiões, mas só conseguiu agendar uma vista de técnicos russos ao Brasil.

De acordo com a Abipec (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína), por conta das restrições as indústrias gaúchas habilitadas pela Rússia conseguem exportar, no máximo, 60% de sua capacidade, o que dificulta o aproveitamento do potencial do mercado russo.

Para o presidente da Abipec, Pedro de Camargo Netto, "o Brasil precisa relembrar o compromisso assumido pela Rússia ante o governo brasileiro devido ao apoio [do Brasil] à entrada do país na OMC (Organização Mundial do Comércio)".

No protocolo assinado na ocasião, os russos se comprometeram a cumprir os acordos da OMC e da OIE (Organização Internacional de Epizootias). "E isso não está ocorrendo. O embargo já deveria ter sido liberado para os Estados livres da febre aftosa", afirmou.

Ajuda extra

Os exportadores de carne bovina, por sua vez, receberam uma ajuda extra indireta da Argentina. Desde fevereiro, o governo argentino vem restringindo as exportações de carne para controlar a inflação. Isso reduziu a oferta mundial, já que o vizinho também é um importante fornecedor de carne, o que fez os preços aumentarem e o Brasil acabou ocupando parte de seu mercado. Segundo Pratini, o preço da carne brasileira já aumentou 14% neste ano no mercado internacional.

Segundo Ribeiro, boa parte dos mercados que embargaram total ou parcialmente a carne brasileira não são consumidores importantes do produto.

Entre os países que mais preocupam estão a Rússia, o maior consumidor, a África do Sul, um grande mercado que embargou todo o país, e o Chile, que chegou a ocupar o quarto lugar como consumidor da carne brasileira e embargou todo o país.

Apenas na semana passada o vizinho levantou o embargo contra Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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