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29/06/2006
-
09h44
CLÁUDIA DIANNI
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Pela quinta vez desde que assumiu o governo, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, entregou o cargo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dessa vez, o presidente aceitou. Apesar de deixar o cargo a apenas seis meses do fim do governo, Rodrigues disse que sua decisão não foi motivada por razões políticas, negou que esteja saindo por causa de problemas pessoais e disse apenas que sua 'missão está cumprida'.
A Folha apurou que o principal motivo do pedido de demissão foi a pressão da bancada ruralista, que criticava as dificuldades do ministro em ver seus pleitos atendidos totalmente dentro do governo. Ou seja, o ministro sentiu que perdeu o apoio de sua principal base.
Rodrigues, que teve atritos com a equipe econômica tanto na gestão de Antonio Palocci quanto na de Guido Mantega, comentou com assessores que já não se sentia confortável nas reuniões com ruralistas em suas visitas pelo país diante das reclamações de que não estaria obtendo o necessário ao setor.
A data de saída de Rodrigues ainda não está decidida. Na sexta-feira, ele volta a falar com Lula para defini-la. O ministro já havia dito que não continuaria num segundo mandato de Lula. 'Não existe nenhum componente político, muito menos ligação com o processo eleitoral. Estou deixando o governo porque minha colaboração se encontra terminada.'
O pedido de demissão foi formalizado em jantar com Lula anteontem. 'O presidente teve uma posição de amizade. Não pediu para eu ficar. Entendeu meus argumentos.'
Bem-humorado, ele fez questão de demonstrar desprendimento quando questionado se seu cargo havia sido pedido para ser entregue ao PMDB. 'Para mim, ninguém pediu nada. Acho que, se tivessem pedido, o presidente teria falado, mas não sou político, não tenho amor ao cargo.'
Rodrigues lamentou o fato de a notícia ter vazado pela imprensa e acabou antecipando o anúncio oficial de sua decisão. Segundo ele, é possível que o vazamento abrevie ainda mais sua permanência no cargo.
Disputa
Rodrigues afirmou que ainda não sabe o que vai fazer. Ele faz parte da minoria de nove ministros que continuam no cargo desde o começo do governo, travando a clássica disputa entre as áreas produtiva e macroeconômica, principalmente por ter o orçamento cortado durante os anos em que o agronegócio viveu sua pior crise.
'Vivemos uma duríssima crise, a pior dos últimos 40 anos, com aumento dos custos de produção e queda de preços', disse. Ele evitou fazer críticas à área econômica e afirmou que o pacote agrícola de R$ 75 bilhões, anunciado em maio, foi resultado de negociação ampla com a área econômica. Mas admitiu que ele é insuficiente.
'O pacote não resolve todos os problemas, mas foi o possível depois de dois anos duríssimos de muito desgaste, muita crise.' E caracterizou sua atuação como 'um ministério de gestão de crise'. 'Temos problemas que têm a ver com o câmbio, juros e logística, que fogem do alcance da Agricultura. Gostaria que os juros fossem mais baixos e o dólar, um pouquinho maior', afirmou. 'O que falta são questões estruturantes, como a garantia de renda do produtor, mas transcendem a agricultura, são questões macroeconômicas.
Entre os deputados da bancada ruralista, houve críticas e elogios a Rodrigues. 'Sai tarde. Ele não conseguiu reverter o corte no orçamento, resolver a dívida do setor. Só perdemos', disse o deputado federal Ronaldo Caiado (PFL-GO). Já o deputado Nelson Marquezeli (PTB-SP) disse que Rodrigues foi um dos melhores ministros e que representou bem o setor.
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Pela quinta vez desde que assumiu o governo, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, entregou o cargo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dessa vez, o presidente aceitou. Apesar de deixar o cargo a apenas seis meses do fim do governo, Rodrigues disse que sua decisão não foi motivada por razões políticas, negou que esteja saindo por causa de problemas pessoais e disse apenas que sua 'missão está cumprida'.
A Folha apurou que o principal motivo do pedido de demissão foi a pressão da bancada ruralista, que criticava as dificuldades do ministro em ver seus pleitos atendidos totalmente dentro do governo. Ou seja, o ministro sentiu que perdeu o apoio de sua principal base.
Rodrigues, que teve atritos com a equipe econômica tanto na gestão de Antonio Palocci quanto na de Guido Mantega, comentou com assessores que já não se sentia confortável nas reuniões com ruralistas em suas visitas pelo país diante das reclamações de que não estaria obtendo o necessário ao setor.
A data de saída de Rodrigues ainda não está decidida. Na sexta-feira, ele volta a falar com Lula para defini-la. O ministro já havia dito que não continuaria num segundo mandato de Lula. 'Não existe nenhum componente político, muito menos ligação com o processo eleitoral. Estou deixando o governo porque minha colaboração se encontra terminada.'
O pedido de demissão foi formalizado em jantar com Lula anteontem. 'O presidente teve uma posição de amizade. Não pediu para eu ficar. Entendeu meus argumentos.'
Bem-humorado, ele fez questão de demonstrar desprendimento quando questionado se seu cargo havia sido pedido para ser entregue ao PMDB. 'Para mim, ninguém pediu nada. Acho que, se tivessem pedido, o presidente teria falado, mas não sou político, não tenho amor ao cargo.'
Rodrigues lamentou o fato de a notícia ter vazado pela imprensa e acabou antecipando o anúncio oficial de sua decisão. Segundo ele, é possível que o vazamento abrevie ainda mais sua permanência no cargo.
Disputa
Rodrigues afirmou que ainda não sabe o que vai fazer. Ele faz parte da minoria de nove ministros que continuam no cargo desde o começo do governo, travando a clássica disputa entre as áreas produtiva e macroeconômica, principalmente por ter o orçamento cortado durante os anos em que o agronegócio viveu sua pior crise.
'Vivemos uma duríssima crise, a pior dos últimos 40 anos, com aumento dos custos de produção e queda de preços', disse. Ele evitou fazer críticas à área econômica e afirmou que o pacote agrícola de R$ 75 bilhões, anunciado em maio, foi resultado de negociação ampla com a área econômica. Mas admitiu que ele é insuficiente.
'O pacote não resolve todos os problemas, mas foi o possível depois de dois anos duríssimos de muito desgaste, muita crise.' E caracterizou sua atuação como 'um ministério de gestão de crise'. 'Temos problemas que têm a ver com o câmbio, juros e logística, que fogem do alcance da Agricultura. Gostaria que os juros fossem mais baixos e o dólar, um pouquinho maior', afirmou. 'O que falta são questões estruturantes, como a garantia de renda do produtor, mas transcendem a agricultura, são questões macroeconômicas.
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