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04/07/2006 - 11h36

Paraguai ameaça deixar Mercosul; Venezuela oficializa entrada

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da Folha Online

O Paraguai irá deixar o Mercosul se Brasil e Argentina não interromperem suas práticas protecionistas ou não permitirem a negociação de acordos bilaterais com países de fora do bloco, disse o presidente paraguaio, Nicanor Duarte.

Sem reformas significativas no bloco, o Paraguai poderá aplicar o "princípio da eutanásia [ao bloco] e deixá-lo, diante da impossibilidade de revitalizá-lo e emendá-lo", segundo reportagem do diário britânico "Financial Times".

"Se não houver opções para nossa economia melhorar, para diversificarmos nossos mercados e nos tornarmos competitivos, qualquer um de nós pode puxar a tomada do aparelho de oxigênio que mantém o Mercosul vivo", disse.

A ameaça do presidente paraguaio causa mais um abalo no bloco latino-americano, no momento em que a Venezuela deverá integrar o grupo: hoje será assinada, em Caracas, a adesão plena do país ao Mercosul.

Duarte acusa o Brasil e a Argentina de "egoísmo e mesmo de hipocrisia", diz a reportagem. "O Mercosul condena o protecionismo dos EUA e da União Européia, quando as mesmas práticas persistem entre nós", disse Duarte.

O Paraguai traz à cena um novo sinal de desunião no bloco: em maio, foi a vez do presidente uruguaio, Tabaré Vázquez foi a Washington negociar com o presidente norte-americano, George W. Bush, uma ampliação das relações comerciais entre os dois países. Ele afirmou que trabalha para melhorar o Mercosul, "mas que paralelamente defende a diversificação de seus mercados".

Duarte diz que o Mercosul não falhou em fornecer a seus membros menores os benefícios esperados para suas economias.

Venezuela

A entrada da Venezuela no bloco, avaliou Duarte, pode transformar o bloco em um "fórum para maniqueísmo político ou para a exacerbação de confrontos ideológicos ou dogmáticos".

Para garantir o apoio do Paraguai, segundo o "FT", Duarte pediu ao governo venezuelano que compre títulos da dívida paraguaia, retribuindo o gesto feito pela Argentina, de quem comprou mais de US$ 3,2 bilhões de dívidas no ano passado.

O Paraguai deve à Eletrobrás US$ 19 bilhões. Os juros da dívida, de 11%, são considerados "exorbitantes" pelo governo paraguaio, diz a reportagem.

Duarte pediu ainda, em nome de um "espírito maior de solidariedade", uma "profunda correção, uma reparação histórica" do Tratado de Itaipú, chamado por ele de "um ato de injustiça denunciado por nosso povo e que o Brasil não pode mais ignorar".

A Usina de Itaipu surgiu de negociações entre Brasil e Paraguai na década de 1960. Em 1974 foi criada a entidade binacional Itaipu, para gerenciar a construção da usina. O início efetivo das obras ocorreu em 1975.

Duarte reconheceu, no entanto, que os paraguaios vêem o futuro do país atrelado ao Mercosul. "O que aconteceria se o Paraguai, sozinho, batesse às portas dos países europeus ou de blocos econômicos de outras regiões? Não tenho certeza de que o Paraguai teria muito sucesso sem ser parte do Mercosul", afirmou.

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