Publicidade
Publicidade
20/07/2006
-
10h31
da Folha Online
Com dívidas estimadas em R$ 7,9 bilhões, a Varig enfrenta há anos dificuldades que, segundo especialistas, são reflexo das perdas geradas pelo congelamento das tarifas aéreas nas décadas de 80 e 90 combinadas com a má administração da companhia.
No começo do governo Lula, o Planalto tentou promover uma fusão entre a Varig e a TAM numa tentativa de reduzir os custos operacionais do setor, que ainda sofria os reflexos da crise deflagrada pelos ataques terroristas de 2001.
O projeto não deu certo e as empresas desfizeram a união. O prejuízo maior ficou com a Varig, que continuou a perder mercado para a TAM.
A entrada em operação da Gol, em 2001, também contribuiu para o encolhimento da Varig. Com tarifas mais competitivas, a Gol conseguiu rapidamente tirar da Varig o posto de segunda maior empresa em tráfego nacional.
Sem conseguir arcar com compromissos assumidos com credores, a empresa passou a enfrentar a ameaça de ter a falência decretada pela Justiça, mas ganhou sobrevida com o pedido, em 17 de junho do ano passado, de recuperação judicial, processo que substituiu a concordata na nova Lei de Falências.
A Varig foi a primeira grande empresa do país a se beneficiar do processo de recuperação judicial, já que a Nova Lei de Falências foi aprovada no dia 9 de junho de 2005.
Esse instrumento de recuperação protegeu a Varig de ações movidas por credores, ajudou a empresa a continuar voando e a iniciar um processo de reestruturação, que incluiu a venda de subsidiárias, como a VarigLog (de transporte de cargas) e a VEM (de manutenção de aeronaves).
Em abril, os credores da companhia aprovaram a criação do Fundo de Investimento e Participação Controlador (FIP Controle) e a indicação do Banco Brascan como gestor do fundo. Aprovam também a escolha da Consultoria Alvarez & Marsal para conduzir o plano de reestruturação da companhia. Varig pediu mais prazo aos credores para pagar as dívidas, por meio do Plano de Emergência elaborado pela consultoria, com a finalidade de sustentar o fluxo de caixa da empresa no curto prazo, até julho/agosto, quando os FIPs estariam, de fato, funcionando.
Naquele mesmo mês a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) determinou a intervenção e liquidação do Aerus, fundo de previdência dos funcionários da Varig.
Depois de um período de muita turbulência e várias tentativas de realização de assembléia, os credores da Varig aprovaram, em 9 de maio último, dois modelos de venda da companhia: inteira --operação nacional e internacional, denominada Varig Operações-- ou separada --somente operações domésticas, chamada de Varig Regional. Os preços mínimos foram fixados, respectivamente, em US$ 860 milhões e US$ 700 milhões. Nos dois modelos de venda estão excluídas as dívidas da companhia, estimadas em R$ 8 bilhões --que fica com a antiga Varig.
O plano aprovado em assembléia do dia 9 de maio previa a venda da Varig em até 60 dias e a entrada de recursos para a manutenção do seu fluxo de caixa neste período por meio de um empréstimo-ponte, que seria feito por um investidor interessado na companhia junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Três grupos se credenciaram no BNDES para conseguir o financiamento e repassá-lo à companhia aérea, porém nenhum deles foi aprovado pelo banco. Sem recursos, a saída foi a antecipação do leilão de venda da Varig para do dia 9 de julho para o dia 5 de junho, determinada pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que cuida do processo da empresa.
No dia 2 de junho, entretanto, a pedido dos investidores, a Justiça adiou o leilão para o dia 8 do mesmo mês. O objetivo foi dar mais tempo para que os interessados pudessem avaliar as informações financeiras sobre a Varig. Neste leilão, entretanto, somente o TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) apresentou proposta e arrematou a empresa completa por R$ 1,01 bilhão. O o preço mínimo para venda era de US$ 700 milhões para as rotas domésticas e de US$ 860 milhões para operações nacionais e internacionais. Mas o leilão foi invalidado pela Justiça do Rio, por falta de garantias de que a proposta seria cumprida.
No leilão desta quinta-feira, 20 de julho, somente a VarigLog deverá participar, pois outros concorrentes, para entrarem na disputa, deveriam depositar US$ 24 milhões como garantias 24 horas antes do leilão, o que não ocorreu.
Além do depósito antecipado, os interessados em entrar no leilão tinham de apresentar carta de fiança no valor de US$ 75 milhões até o dia do leilão.
O preço mínimo de venda foi estipulado em US$ 24 milhões, o que significaria o desembolso de US$ 20 milhões mais uma multa de 20%.
O valor mínimo para venda da Varig à VarigLog, que já vem fazendo depósitos na conta da empresa para financiar o seu fluxo de caixa, poderia entretanto cair para US$ 20 milhões.
O novo dono da companhia aérea vai ficar com a marca Varig e Rio Sul, além das rotas domésticas e internacionais da empresa. A Varig antiga, que herda as dívidas, fica com um avião e com a Varig Nordeste.
Leia mais
Só a VarigLog participa de leilão da Varig nesta quinta-feira
Especial
Confira a cobertura completa da crise da Varig
Entenda a crise da Varig e o modelo de venda da empresa
Publicidade
Com dívidas estimadas em R$ 7,9 bilhões, a Varig enfrenta há anos dificuldades que, segundo especialistas, são reflexo das perdas geradas pelo congelamento das tarifas aéreas nas décadas de 80 e 90 combinadas com a má administração da companhia.
No começo do governo Lula, o Planalto tentou promover uma fusão entre a Varig e a TAM numa tentativa de reduzir os custos operacionais do setor, que ainda sofria os reflexos da crise deflagrada pelos ataques terroristas de 2001.
O projeto não deu certo e as empresas desfizeram a união. O prejuízo maior ficou com a Varig, que continuou a perder mercado para a TAM.
A entrada em operação da Gol, em 2001, também contribuiu para o encolhimento da Varig. Com tarifas mais competitivas, a Gol conseguiu rapidamente tirar da Varig o posto de segunda maior empresa em tráfego nacional.
Sem conseguir arcar com compromissos assumidos com credores, a empresa passou a enfrentar a ameaça de ter a falência decretada pela Justiça, mas ganhou sobrevida com o pedido, em 17 de junho do ano passado, de recuperação judicial, processo que substituiu a concordata na nova Lei de Falências.
A Varig foi a primeira grande empresa do país a se beneficiar do processo de recuperação judicial, já que a Nova Lei de Falências foi aprovada no dia 9 de junho de 2005.
Esse instrumento de recuperação protegeu a Varig de ações movidas por credores, ajudou a empresa a continuar voando e a iniciar um processo de reestruturação, que incluiu a venda de subsidiárias, como a VarigLog (de transporte de cargas) e a VEM (de manutenção de aeronaves).
Em abril, os credores da companhia aprovaram a criação do Fundo de Investimento e Participação Controlador (FIP Controle) e a indicação do Banco Brascan como gestor do fundo. Aprovam também a escolha da Consultoria Alvarez & Marsal para conduzir o plano de reestruturação da companhia. Varig pediu mais prazo aos credores para pagar as dívidas, por meio do Plano de Emergência elaborado pela consultoria, com a finalidade de sustentar o fluxo de caixa da empresa no curto prazo, até julho/agosto, quando os FIPs estariam, de fato, funcionando.
Naquele mesmo mês a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) determinou a intervenção e liquidação do Aerus, fundo de previdência dos funcionários da Varig.
Depois de um período de muita turbulência e várias tentativas de realização de assembléia, os credores da Varig aprovaram, em 9 de maio último, dois modelos de venda da companhia: inteira --operação nacional e internacional, denominada Varig Operações-- ou separada --somente operações domésticas, chamada de Varig Regional. Os preços mínimos foram fixados, respectivamente, em US$ 860 milhões e US$ 700 milhões. Nos dois modelos de venda estão excluídas as dívidas da companhia, estimadas em R$ 8 bilhões --que fica com a antiga Varig.
O plano aprovado em assembléia do dia 9 de maio previa a venda da Varig em até 60 dias e a entrada de recursos para a manutenção do seu fluxo de caixa neste período por meio de um empréstimo-ponte, que seria feito por um investidor interessado na companhia junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Três grupos se credenciaram no BNDES para conseguir o financiamento e repassá-lo à companhia aérea, porém nenhum deles foi aprovado pelo banco. Sem recursos, a saída foi a antecipação do leilão de venda da Varig para do dia 9 de julho para o dia 5 de junho, determinada pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que cuida do processo da empresa.
No dia 2 de junho, entretanto, a pedido dos investidores, a Justiça adiou o leilão para o dia 8 do mesmo mês. O objetivo foi dar mais tempo para que os interessados pudessem avaliar as informações financeiras sobre a Varig. Neste leilão, entretanto, somente o TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) apresentou proposta e arrematou a empresa completa por R$ 1,01 bilhão. O o preço mínimo para venda era de US$ 700 milhões para as rotas domésticas e de US$ 860 milhões para operações nacionais e internacionais. Mas o leilão foi invalidado pela Justiça do Rio, por falta de garantias de que a proposta seria cumprida.
No leilão desta quinta-feira, 20 de julho, somente a VarigLog deverá participar, pois outros concorrentes, para entrarem na disputa, deveriam depositar US$ 24 milhões como garantias 24 horas antes do leilão, o que não ocorreu.
Além do depósito antecipado, os interessados em entrar no leilão tinham de apresentar carta de fiança no valor de US$ 75 milhões até o dia do leilão.
O preço mínimo de venda foi estipulado em US$ 24 milhões, o que significaria o desembolso de US$ 20 milhões mais uma multa de 20%.
O valor mínimo para venda da Varig à VarigLog, que já vem fazendo depósitos na conta da empresa para financiar o seu fluxo de caixa, poderia entretanto cair para US$ 20 milhões.
O novo dono da companhia aérea vai ficar com a marca Varig e Rio Sul, além das rotas domésticas e internacionais da empresa. A Varig antiga, que herda as dívidas, fica com um avião e com a Varig Nordeste.
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice