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20/07/2006
-
09h37
JANAINA LAGE
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
Após mais de um ano de recuperação judicial, as operações da Varig vão hoje a leilão pela segunda vez e com apenas um interessado. A VarigLog, ex-subsidiária de transporte de cargas, é a única empresa disposta a arrematar as operações de vôo, as concessões e o Smiles, programa de milhagem.
Segundo o edital do leilão, qualquer outro interessado só poderia realizar lances se depositasse em juízo ontem US$ 24 milhões (R$ 52,8 milhões).
O expediente no cartório da 8ª Vara Empresarial do Rio, responsável por receber os depósitos judiciais para o leilão, foi encerrado sem que novos investidores se qualificassem. Um investidor chegou a ligar para perguntar como procederia, mas não fez o depósito.
A Justiça definiu o depósito em juízo como precondição para a participação. O objetivo era evitar uma repetição do primeiro leilão, em 8 de junho. A NV Participações, empresa do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), foi a única a apresentar oferta, mas não conseguiu pagar os US$ 75 milhões (R$ 165 milhões) iniciais no prazo previsto no edital. A Justiça acabou anulando a venda.
O risco de sucessão de dívidas foi o principal fator a inibir a participação de outras empresas no leilão da Varig.
O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, responsável pelo processo de recuperação da Varig, chegou a incluir no processo decisões que livrariam os interessados da sucessão de dívidas fiscal e trabalhista, mas isso não convenceu investidores.
Sem concorrentes, a VarigLog deverá ser a nova dona da Varig, salvo imprevistos. Ela oferece US$ 20 milhões (R$ 44 milhões) à vista pelas operações. Do total, já aportou mais de US$ 14 milhões (R$ 30,8 milhões) para garantir a sobrevivência da Varig até o leilão. Ontem, fez novo depósito. Os recursos têm sido usados para o pagamento de combustível, tarifas aeroportuárias e salários.
A VarigLog é controlada pela Volo do Brasil, que tem como acionistas três empresários brasileiros (Marco Antônio Audi, Marcos Haftel e Luiz Gallo), e pelo fundo de investimento americano Matlin Patterson.
A proposta da VarigLog inclui ainda o pagamento pelo uso de serviços como o Centro de Treinamento de Tripulantes, o aluguel de imóveis e o fretamento de aeronaves. Esses recursos serão pagos à "velha Varig", parcela da empresa que permanece em recuperação judicial e carrega as dívidas estimadas em R$ 7,9 bilhões. O novo dono deverá garantir um fluxo de caixa de R$ 19,6 milhões para a "velha Varig". O dinheiro será usado para pagar os credores nos próximos 20 anos.
A nova Varig vai receber investimentos de US$ 150 milhões em até 30 dias após o leilão. A companhia terá inicialmente 1.500 funcionários. Após o leilão, a Varig vai demitir 8.000 pessoas. Apesar das demissões, os credores avaliaram em assembléia que a proposta era melhor que a falência.
O novo dono da Varig deverá assumir R$ 245 milhões em bilhetes emitidos e o passivo (milhas acumuladas) de R$ 70 milhões do Smiles. A VarigLog se comprometeu a emitir debêntures (títulos de dívida) de R$ 100 milhões, que podem ser convertidas em 10% de participação na nova empresa para funcionários e credores com garantias, como o Aerus, fundo de pensão dos empregados.
Oferta descartada
A consultoria Cinzel Partners chegou a apresentar formalmente à Justiça uma proposta de compra da Varig na terça-feira. Segundo Marcelo Bastos, diretor da Cinzel, a oferta era de US$ 860 milhões pelos ativos e incluía investimentos de US$ 320 milhões. "O modelo escolhido pela Justiça para a Varig não nos interessa", disse. A Folha apurou, porém, que a oferta não foi considerada porque parte do pagamento seria em moeda podre.
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da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
Após mais de um ano de recuperação judicial, as operações da Varig vão hoje a leilão pela segunda vez e com apenas um interessado. A VarigLog, ex-subsidiária de transporte de cargas, é a única empresa disposta a arrematar as operações de vôo, as concessões e o Smiles, programa de milhagem.
Segundo o edital do leilão, qualquer outro interessado só poderia realizar lances se depositasse em juízo ontem US$ 24 milhões (R$ 52,8 milhões).
O expediente no cartório da 8ª Vara Empresarial do Rio, responsável por receber os depósitos judiciais para o leilão, foi encerrado sem que novos investidores se qualificassem. Um investidor chegou a ligar para perguntar como procederia, mas não fez o depósito.
A Justiça definiu o depósito em juízo como precondição para a participação. O objetivo era evitar uma repetição do primeiro leilão, em 8 de junho. A NV Participações, empresa do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), foi a única a apresentar oferta, mas não conseguiu pagar os US$ 75 milhões (R$ 165 milhões) iniciais no prazo previsto no edital. A Justiça acabou anulando a venda.
O risco de sucessão de dívidas foi o principal fator a inibir a participação de outras empresas no leilão da Varig.
O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, responsável pelo processo de recuperação da Varig, chegou a incluir no processo decisões que livrariam os interessados da sucessão de dívidas fiscal e trabalhista, mas isso não convenceu investidores.
Sem concorrentes, a VarigLog deverá ser a nova dona da Varig, salvo imprevistos. Ela oferece US$ 20 milhões (R$ 44 milhões) à vista pelas operações. Do total, já aportou mais de US$ 14 milhões (R$ 30,8 milhões) para garantir a sobrevivência da Varig até o leilão. Ontem, fez novo depósito. Os recursos têm sido usados para o pagamento de combustível, tarifas aeroportuárias e salários.
A VarigLog é controlada pela Volo do Brasil, que tem como acionistas três empresários brasileiros (Marco Antônio Audi, Marcos Haftel e Luiz Gallo), e pelo fundo de investimento americano Matlin Patterson.
A proposta da VarigLog inclui ainda o pagamento pelo uso de serviços como o Centro de Treinamento de Tripulantes, o aluguel de imóveis e o fretamento de aeronaves. Esses recursos serão pagos à "velha Varig", parcela da empresa que permanece em recuperação judicial e carrega as dívidas estimadas em R$ 7,9 bilhões. O novo dono deverá garantir um fluxo de caixa de R$ 19,6 milhões para a "velha Varig". O dinheiro será usado para pagar os credores nos próximos 20 anos.
A nova Varig vai receber investimentos de US$ 150 milhões em até 30 dias após o leilão. A companhia terá inicialmente 1.500 funcionários. Após o leilão, a Varig vai demitir 8.000 pessoas. Apesar das demissões, os credores avaliaram em assembléia que a proposta era melhor que a falência.
O novo dono da Varig deverá assumir R$ 245 milhões em bilhetes emitidos e o passivo (milhas acumuladas) de R$ 70 milhões do Smiles. A VarigLog se comprometeu a emitir debêntures (títulos de dívida) de R$ 100 milhões, que podem ser convertidas em 10% de participação na nova empresa para funcionários e credores com garantias, como o Aerus, fundo de pensão dos empregados.
Oferta descartada
A consultoria Cinzel Partners chegou a apresentar formalmente à Justiça uma proposta de compra da Varig na terça-feira. Segundo Marcelo Bastos, diretor da Cinzel, a oferta era de US$ 860 milhões pelos ativos e incluía investimentos de US$ 320 milhões. "O modelo escolhido pela Justiça para a Varig não nos interessa", disse. A Folha apurou, porém, que a oferta não foi considerada porque parte do pagamento seria em moeda podre.
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