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24/09/2006 - 09h23

"Réu colaborador", Toninho da Barcelona não delata clientela

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MARIO CESAR CARVALHO
da Folha de S.Paulo

A clientela que comprava dólares de Antônio Oliveira Claramunt, apelidado Toninho da Barcelona porque sua casa de câmbio chamava-se Barcelona Turismo, pode respirar sossegada. Ele não entregou ninguém para a Polícia Federal e o Ministério Público Federal nos três meses em que passou em Curitiba como "réu colaborador" --eufemismo usado para designar os que delatam crimes que conheceram em troca de redução da pena.

A pena de Toninho foi reduzida em cinco meses pelo TRF da 4ª Região por conta de sua "colaboração" com a Força Tarefa CC5, grupo de policiais e procuradores que investiga doleiros, mas ele não revelou os nomes daqueles que recorriam aos serviços de sua casa de câmbio na avenida São Luís, na região central de São Paulo, segundo a Folha apurou.

Foi uma decepção para os que integram a Força Tarefa CC5, mas Toninho compensou a ausência de nomes com aulas detalhadas sobre o funcionamento do mercado paralelo de dólar. Foi por isso que procuradores defenderam a redução de pena diante do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Um dos principais métodos de investigação da Força Tarefa CC5 é a delação premiada, mas Toninho não fez parte do programa. Foi para Curitiba em situação de desespero depois de conhecer os horrores de um preso comum.

PCC

O doleiro foi acusado de organizar uma rebelião no presídio Adriano Marrey, em Guarulhos, e, como punição, foi transferido para uma prisão em Tremembé que abriga membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) e submetido ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Sob esse regime, o preso é isolado e tem direito a uma hora de sol diário.

Em Tremembé, Toninho ficou numa cela isolado por um ano, segundo o advogado Ricardo Sayeg. Após a rebelião em Guarulhos, teve a cabeça raspada e "apanhou muito", segundo um familiar do doleiro que não quis ser identificado.

"O Toninho sofreu tortura física e psicológica e foi tratado como um preso comum, mesmo sendo bacharel em direito. Nunca vi tanta ilegalidade", diz seu advogado.

Sayeg diz que só não encaminhou uma denúncia à Anistia Internacional porque o Ministério Público Federal interveio e sanou o "tratamento ilegal" a que ele era submetido.

Clientela famosa

A Força Tarefa CC5 tinha muita expectativa sobre a clientela de Toninho porque os nomes já conhecidos tão todos explosivos. O doleiro fez negócios com Law Kin Chong, acusado de ser um dos maiores contrabandistas do Brasil, com o juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, condenado por venda de sentenças, e com Ari Natalino, apontado como um maiores adulteradores de combustível de São Paulo.

Toninho chegou a citar, em entrevista à revista "Veja", que havia feito remessas de dólares para o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), mas depois recuou da acusação. Em depoimento informal à CPI dos Correios, disse que "Dario Messer era o principal doleiro do PT", mas não ter como apresentar provas. Messer é apontado pela Polícia Federal como um dos maiores doleiros do país, mas seus amigos dizem que ele retirou-se dos negócios para se dedicar à ioga.

Policiais acreditavam que ele delataria políticos e empresários para sair rapidamente da prisão, mas prevaleceu a lei do silêncio dos que parecem saber demais.

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