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10/12/2006 - 09h30

Teles passam por fusões e aquisições em todo o mundo

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ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo, no Rio

O setor de telecomunicações passa por um processo de concentração em todo o mundo. A pressão das companhias telefônicas para entrar no mercado de TV por assinatura, que acontece no Brasil, é reflexo disso.

O fenômeno acontece simultaneamente na África, na Europa, na Ásia e na América Latina. Nos Estados Unidos, as "Baby Bells" --nascidas do desmembramento da AT&T nos anos 80-- se reagruparam para enfrentar a entrada das empresas de TV a cabo no setor de telefonia e para ganhar escala.

Um levantamento obtido pela Folha mostra que, de janeiro a julho, foram registradas pelo menos 24 grandes operações de compra de empresas de telefonia fixa e celular.

Exemplo desse fenômeno na Europa é a oferta hostil de compra da Portugal Telecom (PT) pela Sonaecom, do conglomerado Sonae. A oferta está sendo examinada pela Autoridade de Concentração, o equivalente português ao Cade, e enfrenta resistência por parte da direção da PT, que recomendou aos acionistas a rejeição da proposta. Para a PT, o preço oferecido ( 11,1 bilhões) é baixo.

Se a fusão for autorizada, o comprador terá, por exemplo, de se desfazer da infra-estrutura de cabos da PT ou vender a rede de TV a cabo do grupo, para viabilizar a entrada de novos competidores no mercado. Ainda terá que facilitar a entrada de outra operadora móvel.

O resultado do processo em Portugal terá reflexos no Brasil. Como a Telefónica de España tem cerca de 9% do capital da PT, a empresa já declarou que deseja trocar as ações da "holding" pela participação portuguesa no capital da Vivo.

Segundo especialistas, a onda de concentração no setor começou após o estouro da "bolha" da internet, no início da década. As empresas se associam para ganhar escala e economizar custos, num processo que parece não ter fim.

Segundo o ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros, com as fusões, as telefônicas ganham mais poder de negociação com os fornecedores de equipamentos, os quais também se juntaram para enfrentá-las.

Nos últimos anos, houve uma onda de fusões entre as indústrias: a Alcatel se uniu à Lucent; a Nokia se uniu à Siemens; a Ericsson comprou a Marconi; a Nortel fez parceria com a Microsoft, e a Motorola se associou à chinesa Huawei.

Um levantamento da Ericsson sobre as fusões e aquisições de maior porte anunciadas neste ano mostra quatro aquisições na África só em julho: em Uganda, na Nigéria e duas na Costa do Marfim. A expansionista, no continente, é a empresa MTN, da África do Sul.

Na América Latina, a disputa pelo domínio dos mercados se dá entre o grupo Telmex (do bilionário mexicano Carlos Slim Helú) e o grupo Telefónica de España.

Em 2004, a Telefónica comprou dez operações da BellSouth na América Latina. A Telmex fez o mesmo com as filiais da AT&T Latin America. Os dois grupos têm 70% dos assinantes de celular da região.

Mas a maior aquisição da Telefónica se deu na Europa, com a compra da empresa de celular inglesa O2, por US$ 31,5 bilhões. Foi a maior transação nesse setor nos últimos cinco anos na Europa.

O avanço das teles sobre TV por assinatura, que se vê no Brasil, se repete nos países vizinhos. A Telmex comprou quatro redes de TV a cabo na Colômbia (duas compras foram feitas em junho) e já se tornou o maior provedor do serviço naquele país. A Telefónica oferece TV paga em El Salvador, Peru, Chile e, agora, Brasil.

Estados Unidos

Por determinação do Senado norte-americano, a AT&T foi desmembrada, em 1984, em sete empresas de telefonia fixa local, conhecidas como "Baby Bells": SBC, Pacific Telesis, Ameritech, Bell Atlantic, Nynex, US West e BellSouth.

A AT&T permaneceu com o serviço de ligações de longa distância.

As três primeiras se juntaram na SBC, que, no ano passado, comprou a AT&T e adotou o nome da antiga empresa-mãe. Por fim, a AT&T comprou a BellSouth, que levou consigo a tele Cingular, de celular.

Bell Atlantic e Nynex se juntaram e criaram a Verizon, formando um segundo conglomerado, com telefonia fixa e celular. A Verizon comprou a MCI, de longa distância, antiga controladora da Embratel.

Outra fusão gigante uniu a Nextel (telefonia móvel) e a Sprint (longa distância), que fizeram acordo com TVs a cabo, para oferecer telefonia local.

Segundo o engenheiro Eduardo Tude, presidente do site especializado Teleco, a desregulamentação do mercado havida nos Estados Unidos permitiu o florescimento de novos competidores, que prestam serviços de telefonia usando as redes das teles, conhecidas pela sigla Clec (Competitive Local Exchange Carrier).

Em 2005, essas empresas somavam 31,5 milhões de usuários, contra 143,7 milhões das teles dominantes.

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