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13/02/2007 - 09h06

Itamaraty vê "infantilidade" de Morales

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ELIANE CANTANHÊDE
Colunista da Folha de S.Paulo

O Itamaraty classificou de "infantilidade" e de "amadorismo" a ameaça do presidente da Bolívia, Evo Morales, de cancelar na última hora sua visita oficial ao Brasil marcada para amanhã. A decisão do governo é de ignorar a ameaça, pois, se Morales não vier, quem mais perde é a Bolívia, não o Brasil.


Todos os preparativos para a visita continuam, com previsão de encontro dos dois presidentes, reunião ampliada das equipes e almoço no Itamaraty para dezenas de talheres, apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chanceler Celso Amorim terem acertado que não cederão a ameaças para acertar de véspera o preço do gás boliviano.

Em entrevista à agência de notícias Efe, o chanceler da Bolívia, David Choquehuanca, condicionou o embarque de Evo Morales a uma definição brasileira para o preço do gás e para a evolução de conversações entre as comissões que discutem os interesses comuns, como o aproveitamento do Rio Madeira (leia texto nesta página).

Consultado pelo Itamaraty, o embaixador brasileiro em La Paz, Frederico Araújo, disse que o governo boliviano nada lhe dissera sobre a hipótese de cancelamento da viagem.

Amorim, informado por assessores, reagiu mal. Não gostou da ameaça em si nem da forma -recado via internet, por agência de notícias- e classificou a posição de Choquehanca como mais uma prova do "amadorismo" da política externa de Evo Morales.

Na avaliação brasileira, tanto Lula quanto Amorim têm sido "extremamente pacientes" com Morales e, apesar de todas as pressões políticas internas, seja de estatais, seja da área empresarial, seja de setores do Congresso, em nenhum momento endureceram com a Bolívia, que é o país mais pobre da América do Sul.

Paciência, porém, tem limite, como deixaram claro ontem diplomatas envolvidos com os preparativos da visita.

Perdão da dívida

Lula tem, ou tinha, a intenção de anunciar para Morales, amanhã, que o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) decidiu perdoar a dívida de US$ 1,3 bilhão que a Bolívia tem com a instituição.

Morales pediu diretamente a Lula que apoiasse o pleito boliviano, e o Brasil se aliou aos EUA para liderar o movimento a favor do perdão da dívida, a ser anunciado oficialmente no dia 20 de março, na próxima assembléia de governadores do BID na Guatemala.

O coordenador da comissão que estudou a questão foi o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), e o responsável pela engenharia financeira foi o também brasileiro Joaquim Levy, ex-secretário do Tesouro, ex-vice-presidente de Finanças do BID, atualmente secretário de Fazenda do governo Sérgio Cabral no Rio.

Ao todo, o BID analisou o perdão de US$ 3,8 bilhões de dívidas de cinco dos países mais pobres da região: Bolívia, Honduras, Guiana, Nicarágua e Haiti. O maior devedor é Honduras ( US$ 1,4 bilhão), e o segundo maior é a Bolívia. Todos foram beneficiados.

A condescendência com os cinco países teve contrapartida para outros países da América do Sul, América Central e Caribe que, apesar de igualmente pobres, não tinham dívidas com o BID, como Paraguai, Equador e Jamaica.

A fórmula aprovada foi sugerida pelo economista Levy, prevendo níveis diferenciados de empréstimos para esses países pobres sem dívidas anteriores ou que já quitaram seus débitos. Os recursos saem do Fundo de Operações Especiais do BID.

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