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03/09/2007 - 09h49

Turbulência inverte rendimento de fundos de investimentos

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FABRICIO VIEIRA
da Folha de S.Paulo

A recente onda de turbulências que tem sacudido o mercado financeiro global há cerca de 40 dias alterou o ritmo da indústria de fundos doméstica. Aplicações que lideravam em rentabilidade no ano passaram à lanterna no período de crise, enquanto outras, que vinham perdendo atratividade, se tornaram mais vantajosas.

Analistas financeiros avaliam que as últimas semanas serviram de lição aos investidores menos experientes, que ainda não haviam se deparado com uma crise de maior envergadura.

As duas categorias que tinham os piores desempenhos do ano, até o dia 23 de julho, passaram a ser as com melhor retorno acumulado durante essas semanas críticas.

Uma é a dos fundos DI, que avançaram durante a crise. A categoria, uma das maiores do mercado, tem perdido atratividade e sofrido com saques nos últimos anos. Mas o aumento de seus ganhos com as turbulências atraiu um novo fluxo de recursos.

Os fundos DI tinham rendido, na média, 6,43% no ano até o dia 23 de julho, ficando atrás de renda fixa (6,86%), multimercados (10,91%) e ações (28,43%). Já entre os dias 24 de julho e 29 de agosto, saltaram para o topo, com ganho de 1,09% no período, batendo renda fixa (0,86%), multimercados (-1,09%) e ações (-9,55%).

Os dados pertencem ao site Fortuna e representam o ganho médio de cada categoria. Sempre pode haver fundos de investimento com retornos maiores ou menores do que a média.

A virada dos fundos DI foi acompanhada da elevação de captação de recursos. A categoria registrava captação líquida negativa de R$ 12,32 bilhões no ano, até o fim de julho. Em agosto, passou a ter captação positiva de R$ 3,91 bilhões, até o dia 28.

"Quem presenciou esse período de turbulências entendeu o que significa dizer que os investimentos carregam riscos de volatilidade. E isso não se aplica apenas ao mercado acionário", afirma a consultora de investimentos Márcia Dessen, da Bankrisk.

Os fundos DI carregam em suas carteiras títulos públicos e privados com taxas pós-fixadas. Isso significa que suas taxas oscilam de acordo com o ritmo do mercado. Nos últimos anos, que foram de maior calmaria e queda da taxa básica de juros da economia, a rentabilidade do DI foi encolhendo.

Porém um dos efeitos das turbulências foi o de elevar as taxas de juros nos contratos futuros, negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). E esse movimento elevou o retorno oferecido pelos DI.

Pressão cambial

O alerta que os analistas fazem é que, se o mercado se estabilizar e voltar ao ritmo normal, a atratividade extra dos DI vai desaparecer. Por isso, migrar para essas aplicações agora pode não ser a melhor opção.

"Tivemos aumento nas taxas futuras de juros e conseqüente ganhos nos fundos DI. Mas a tendência é essas aplicações voltarem a seu ritmo normal [com o arrefecimento da crise]", afirma William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas.

Mas não foram os DI os campeões de ganhos no período de crise. Os fundos cambiais, por acompanharem a oscilação do dólar, foram os que mais renderam no período de 23 de julho a 29 de agosto: 6,70%.

O dólar chegou a bater em R$ 2,13 nas últimas semanas. Porém o que se viu nos últimos dias foi um enfraquecimento no valor da moeda, que fechou vendida a R$ 1,964 nos negócios da última sexta-feira.

Isso mostra que o repique recente da moeda estrangeira pode não voltar a se repetir e impulsionar os ganhos dos fundos cambiais, a não ser que a crise internacional volte a ter novos capítulos críticos.

A crise que chacoalhou os mercados mundiais, incluído aí o brasileiro, teve seu epicentro no mercado de crédito habitacional de alto risco dos EUA.

O medo de que os calotes nesse setor afetassem o desempenho de grandes bancos e fundos internacionais fez com que investidores se desfizessem de ações e títulos da dívida de emergentes, o que derrubou as Bolsas e os mercados pelo mundo.

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