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Empresas vêem insegurança maior em fornecimento de gás
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CLÁUDIA TREVISAN
MAELI PRADO
da Folha de S.Paulo
A redução no fornecimento de gás para indústrias de São Paulo gera insegurança no setor, que é o principal consumidor do produto no país e já enfrentou problemas neste ano devido à nacionalização promovida pela Bolívia, segundo a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Já o presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), Paulo Godoy, afirmou que o país passa "atestado de incompetência" com a situação.
"Em São Paulo, a situação é muito ruim, porque gera insegurança. É mais uma evidência de que o país não tem planejamento estratégico em infra-estrutura", disse o diretor do Departamento de Infra-Estrutura da Fiesp, Saturnino Sérgio da Silva.
Segundo ele, a situação continuará delicada até meados de 2008, quando entram em operação os projetos da Petrobras que vão ampliar a oferta de gás: a bacia do Espírito Santo, com produção de 24 milhões de m3 por dia, e as duas estações de regaisificação de gás liquefeito, que devem gerar 20 milhões de m3 por dia.
Os valores superam o envio diário de gás da Bolívia, principal origem do produto, que está em torno de 30 milhões de m3.
Na avaliação de Silva, o país voltará a ter problemas de oferta se uma nova seca levar os reservatórios das usinas hidrelétricas a níveis muito baixos, depois da estação de chuvas. Nesse cenário, parte do gás destinado à indústria poderá ser utilizado em usinas termelétricas.
Apesar de considerar preocupante a situação atual, Silva não vê risco de racionamento de energia. Ele ressaltou que a redução no fornecimento em São Paulo foi negociada com as sete empresas atingidas, que são adaptadas para substituir o gás por óleo combustível.
O problema tem origem estrutural e não se limita ao problema pontual do gás, afirmou. "O país cresce, aumenta a demanda por energia e começa a haver risco ao abastecimento, que depende de um fator imponderável, que é a chuva."
Godoy, que participou em São Paulo de encontro sobre a nova rodada de licitações para exploração de gás e petróleo, lembrou a posição privilegiada do país na geração de energia.
"Com a potencialidade do país, [a suspensão] é um atestado de incompetência. Já passamos por racionamento no Brasil, e essa é uma situação que não pode se repetir. Com as trocas de governo, alguns projetos acabam sendo privilegiados em detrimento de outros", completou o executivo.
Segundo ele, os efeitos iniciais da suspensão "parecem ser menores do que imaginávamos". "Mas isso reforça o alerta de que com energia não se pode brincar, e mecanismos de longo prazo são necessários."
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