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Ações da BM&F têm grande procura
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FABRICIO VIEIRA
da Folha de S.Paulo
A valorização expressiva das ações da Bovespa Holding em sua estréia em pregão em outubro, que alcançou 52,13%, está gerando muito interesse na compra dos papéis da BM&F, que estão para ser lançados. Mas se a intenção de comprar as ações novatas está pautada apenas pela disparada dos papéis da Bovespa, o conselho dos analistas é ter cautela.
Não existe garantia de que uma ação irá subir em seu pregão de estréia na Bolsa de Valores. A história recente dos IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) mostra que os desempenhos iniciais são bastante díspares, inclusive com empresas com boas projeções amargando baixa ao chegarem à Bolsa.
Há ações que passaram a ser negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo neste ano que tiveram valorizações consideráveis em seu primeiro pregão, mas isso não é regra.
A Anhanguera Educacional, que entrou no mercado no dia 12 de março, é um exemplo de alta: sua ação unit registrou ganho de 21,4% ao estrear no pregão. Já a ação da JBS-Friboi, que começou a ser negociada no dia 29 de março, teve queda de 12% em seu primeiro pregão.
Já a General Shopping, que atua no desenvolvimento e administração de shoppings centers, iniciou suas operações na Bolsa em 30 de julho e terminou com estabilidade.
Distorção
"Os bons resultados de alguns IPOs distorcem a realidade do dia-a-dia da Bolsa, marcado por altas e baixas. Antes de entrar em um IPO, é recomendável avaliar o perfil e histórico da empresa, seus resultados e perspectivas", afirma o diretor-geral do INI (Instituto Nacional de Investidores), Théo Rodrigues.
"A sensação que há é de que a procura [por BM&F] acabe sendo ainda maior que pelas ações da Bovespa. Mas é importante que as pessoas comprem ações dentro de sua capacidade financeira", diz Rodrigues.
O bom momento da economia brasileira e da própria Bolsa de Valores (alta de 37% no índice Ibovespa neste ano) está levando mais empresas a buscar a Bovespa para se financiar. Já foram houve 61 IPOs em 2007, mais do que o dobro dos lançamentos de 2006, que foi o melhor ano da década nesse quesito. As ações da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) estão programadas para começarem a ser negociadas na próxima sexta-feira, dia 30.
Alta procura
O que se tem ouvido de profissionais do mercado é que quem lucrou com o IPO da Bovespa tem corrido para fazer reserva dos papéis da BM&F, à espera de mais uma valorização astronômica. E quem ficou de fora daquele IPO quer aproveitar essa nova oportunidade. Só que uma demanda muito elevada pode fazer com que o preço de estréia da ação se eleve demais, diminuindo sua potencialidade de alta posterior.
Essas oscilações na estréia não indicam que uma companhia é mais sólida ou que tenha melhores projeções para seus resultados que as outras. Diferentes fatores podem derrubar o preço de uma ação, especialmente quando desembarca no mercado.
Investidores podem, por exemplo, se desfazer rapidamente dos papéis para ganharem com o preço logo após a abertura do mercado, se este estiver acima do definido para o lançamento das ações -movimento que pode depreciar a ação. E isso sem avaliar as perspectivas futuras para a nova companhia de capital aberto.
Chamados de "flipers" no jargão do mercado financeiro, esses especuladores começam a sofrer restrições. No IPO da Bovespa Holding, que ocorreu no mês passado, foi feita a estréia de um filtro para tentar verificar o perfil dos investidores de varejo e barrar esses especuladores. O mesmo critério será usado no IPO da BM&F.
Reservas
Os interessados tem até amanhã para procurar o banco em que é cliente ou uma corretora de valores para fazer sua reserva para as ações da BM&F. O montante a ser investido vai de R$ 5.000 e a R$ 300 mil.
No IPO da Bovespa, como houve uma procura muito elevada, houve um rateio, com cada investidor levando no máximo R$ 12.098 em ações.
"Com o bom resultado da Bovespa Holding, quem ganhou ou quem ficou de fora deve acabar por correr para entrar em BM&F. E a ação pode acabar não repetindo a alta forte que a da Bovespa registrou", afirma José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
A faixa de preços para o lançamento das ações BM&F, delimitada pelas instituições financeiras responsáveis pelo IPO, ficou entre R$ 14,50 a R$ 16,50. Todavia, a elevada reserva que já foi feita pelos papéis pode acabar forçando os coordenadores da operação a elevarem essa faixa.
Na oferta de ações da Bovespa ocorreu isso: de um preço mínimo de R$ 15,50 que cada ação da nova companhia poderia custar, o valor de estréia terminou fixado em R$ 23.
No pregão da última sexta-feira, a ação ON (ordinária) da Bovespa Holding terminou vendida a R$ 31,90, o que representa uma alta de 38,70% ante o valor de estréia.
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