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04/12/2002 - 14h46

Inflação já atingiu o pico em São Paulo, diz Fipe

IVONE PORTES
da Folha Online

A inflação já atingiu o pico e a tendência é que haja um alívio no quadro nos próximos meses. A avaliação foi feita hoje pelo economista e coordenador da pesquisa de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), Heron do Carmo.

''Estamos em um ponto de virada. À medida que isso [a redução da inflação] se confirme, as expectativas melhorarão e passaremos do baixo para o alto astral. Como ocorreu em vários outros anos'', disse ele.

A inflação atingiu 2,65% em novembro no município de São Paulo. Essa é a maior taxa mensal desde julho de 1995, quando o índice chegou a 3,72%. A taxa superou a última previsão da Fipe, que era de 2,5% para o mês.

No ano, até novembro, o IPC (Índice de Preços da Fipe) da Fipe acumula variação positiva de 7,93% e, em 12 meses, de 8,20%. Segundo nova previsão da Fipe, São Paulo deve fechar o ano com inflação de 9%, sem levar em consideração um possível aumento das tarifas de ônibus.

Alimentos, gás de botijão, gasolina e álcool combustível contribuíram com mais da metade da inflação registrada em novembro. Da taxa de 2,65%, 1,94 ponto percentual foi formada por estes itens.

A maior alta por grupos, até novembro, é dos alimentos: 14,60%. ''Os alimentos estão destacadamente fora do padrão. Em 1999 ocorreu a mesma coisa, mas os preços recuaram depois'', disse o economista, acrescentando que em 1999 a inflação em São Paulo atingiu 8,64% no ano. Naquele ano, o país passou também por uma forte desvalorização do real em relação ao dólar.

Para 2003, o economista projeta taxa de aproximadamente 6,5%, o que ficaria dentro do teto estipulado pelo governo.

''O mais provável é que a inflação de 2003 fique bem abaixo de 2002. Há evidência de que a inflação atual refletiu mais rápido do que o normal a alta do dólar'', disse.
Heron do Carmo considera, também, que alguns setores anteciparam o repasse da alta do dólar aos preços dos produtos.

''Isso porque é mais fácil elevar os preços no final de um governo do que no começo.''
De acordo com ele, janeiro será o mês mais longo, em termos de inflação, devido a pagamentos de IPVA, IPTU, anuidade de clubes e matrículas escolares. Mas a partir de fevereiro, segundo ele, a tendência é que a inflação recue, com a entrada de safras, maior oferta e menor demanda.

''Qualquer que seja o resultado das safras, já contribui para uma melhora no cenário.''
A alta da inflação neste final de ano, avaliou Heron, se deve a movimentos pontuais, como o pagamento da diferença do FGTS, referente aos planos Collor e Verão, e entrada do 13% salário, que aqueceram a demanda por produtos e serviços.

A primeira quadrissemana de dezembro ainda deverá ser contaminada pelos aumentos de preços, mas o índice deve recuar no decorrer do mês, segundo Heron.

Para ser ter uma idéia, os alimentos, que mais têm impulsionado a inflação, continuam em alta, mas estão reduzindo os aumentos em relação às quadrissemanas anteriores.
No índice fechado de novembro, os alimentos subiram 6,27%, 0,13 ponto percentual a mais do que na terceira quadrissemana (+6,14%), que por sua vez foi 0,73 ponto superior à segunda (+5,41%), que ficou 1,34 ponto maior do que à primeira quadrissemana do mês (+4,07%).

Segundo o economista, o perigo de inflação para 2003 seria a indexação da inflação aos salários.

''A dúvida é se o PT vai repassar a inflação de 9% para os salários dos funcionários públicos. Caso ele dê um reajuste menor do que a inflação, será um sinal importantíssimo de austeridade. Já no setor privado isso não ocorre porque ao invés de dar aumentos significativos eles preferem reduzir o número de funcionários'', afirmou.


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