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PF prende 11 pessoas por evasão de divisas e lavagem de dinheiro
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da Agência Brasil
A Polícia Federal prendeu ontem 11 pessoas suspeitas de envolvimento com um grupo criminoso internacional acusado de evasão de divisas. Seis foram presas em São Paulo, duas em Santos (litoral de SP) e três em Porto Alegre (RS). Há também mandados de prisão sendo cumpridos no Uruguai.
As investigações da operação --que foi chamada de Harina, em referência à palavra espanhola que significa farinha-- começaram em outubro do ano passado, quando a Polícia Federal descobriu a existência de seis grupos de doleiros interligados. Segundo o MPF (Ministério Público Federal), o líder do grupo é o uruguaio Ricardo José Fontana Allende, dono de uma operadora de turismo que camuflava as atividades ilegais. O MPF também acredita que Allende seja dono de uma offshore (empresa com sede em país diferente do país onde residem seus associados).
"No Brasil, funcionava tão somente o escritório remoto, ou seja, o chefe ou cabeça dessa organização criminosa se encontrava fora do país. No Brasil, ficavam apenas os responsáveis pela liquidação, os responsáveis por recolher as quantias de clientes e então repassá-las para o Uruguai e exterior por meio do sistema dólar-cabo [sistema que possibilita troca cambial para fora e para dentro dos países sem fiscalização das autoridades, transferindo dinheiro não físico por meio de compensação]", explicou o chefe do Núcleo de Operações da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros, Rodrigo Luis Sanfurgo de Carvalho.
De acordo com o Ministério Público, os doleiros atuavam no mercado paralelo de câmbio de moeda estrangeira, remetendo valores ao exterior. Os doleiros usavam uma empresa brasileira para fazer as importações de farinha de moinhos sediados na Argentina e no Uruguai.
"A organização agia em duas frentes para a prática de evasão de divisas e possível lavagem de dinheiro, utilizando-se do uso do dólar-cabo e da importação de farinha", disse a procuradora Karen Louise Jeanette Kahn.
Segundo o delegado Carvalho, parte dessa importação era apenas simulada e em parte dos contratos havia suspeita de superfaturamento. "No primeiro momento, a Polícia Federal deparou com um argentino que importava, trazia farinha para o Brasil. E, na verdade, essa farinha nunca chegou a ingressar no território nacional. Esse era o expediente para que o dinheiro captado no Brasil, dos clientes desse uruguaio, fossem então enviados para fora do país", afirmou.
Durante a operação, a Polícia Federal apreendeu R$ 80 mil em dinheiro e aproximadamente R$ 1 milhão em cheques.
Segundo o superintendente em exercício da Polícia Federal em São Paulo, Fernando Duran Poch, os presos vão responder pelos crimes de formação de quadrilha, evasão de divisas, manutenção de instituição financeira, contabilidade paralela e lavagem de dinheiro, tendo como crimes antecedentes o contrabando na modalidade faturamento ou o próprio crime financeiro. As penas somadas, segundo Poch, superam os 30 anos.
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