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19/03/2003
-
14h09
da Folha Online
O resultado das negociações salariais no ano passado foi o pior desde 1999, quando houve a mudança no câmbio, e a tendência é que as dificuldades em torno das discussões para reposição de renda sejam ainda maiores em 2003, segundo avaliação do coordenador-técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), Wilson Amorim.
No ano passado, das 499 categorias acompanhadas pelo Dieese, apenas 54,7% conseguiram reposição salarial igual ou superior ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE. Apenas em 1999 o índice ficou abaixo deste patamar, quando situou-se em 50%. Em 1997, as negociações iguais ou superiores à inflação atingiram 55% das categorias.
Em 2002, 249 categorias, ou seja 45,3% do total, tiveram reajuste abaixo da inflação.
"O mercado alimentou no ano passado incertezas sobre o que aconteceria depois das eleições, o que puxou o risco Brasil e a inflação, principalmente nos últimos três meses do ano. O mercado de trabalho reagiu elevando o desemprego e diminuindo o poder de barganha", disse Amorim.
Para este ano, ele avalia que o cenário para negociação é adverso. "As negociações vão ser mais difíceis do que em 2002, quando a economia parou e a inflação subiu. As negociações serão tensas, com a discussão em torno da inflação acumulada em 12 meses, que continuará alta até setembro, e da expectativa de tendência de queda na taxa mês a mês", disse.
Segundo Amorim, "quando o empresário trabalha com expectativa de alta da inflação, ele facilita a negociação, mas quando a previsão é de recuo, ele dificulta".
A diretora do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Clarice Messe, disse na semana passada que os trabalhadores terão que escolher entre ter emprego ou ter renda maior, se a negociação sobre reposição for dura. Ou seja, se os sindicatos não forem flexíveis.
De acordo com Clarice, a antecipação de reajustes reivindicada pelos sindicatos de categorias que têm data-base no segundo semestre está praticamente descartada.
"Se a Fiesp estivesse garantindo o emprego até daria para seguir o seu raciocínio. Mas ela está pagando mal e ainda demitindo", disse Amorim.
Mesmo quem conseguiu reposição pelo INPC no ano passado, já teve o reajuste corroído pela inflação acumulada de novembro a fevereiro deste ano. É o caso, por exemplo, dos metalúrgicos ligados à Força Sindical, que têm data-base em novembro, cujo reajuste foi de 10,26%. De novembro a fevereiro, o INPC já acumula taxa de 10,39%.
Além disso, será levado consideração que 2003 é um ano de transição e de poucos resultados. "Existe uma expectativa generalizada de que pode haver um alívio na situação econômica, com crescimento mais expressivo somente em 2004%."
Não dá para esquecer também a possibilidade de guerra. "A guerra vai custar dinheiro para os EUA. Isso pode elevar o déficit em conta corrente e comercial norte-americano, levando o país a aumentar o juro, o que diminuiria a entrada de investimentos no Brasil", disse.
Amorim considera também que a guerra pode dificultar o comércio internacional. "A tendência é ter economias mais fechadas do ponto de vista comercial."
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45% das categorias tiveram reajuste abaixo da inflação em 2002
Negociação para reajuste salarial será "tensa" este ano, diz Dieese
IVONE PORTESda Folha Online
O resultado das negociações salariais no ano passado foi o pior desde 1999, quando houve a mudança no câmbio, e a tendência é que as dificuldades em torno das discussões para reposição de renda sejam ainda maiores em 2003, segundo avaliação do coordenador-técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), Wilson Amorim.
No ano passado, das 499 categorias acompanhadas pelo Dieese, apenas 54,7% conseguiram reposição salarial igual ou superior ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE. Apenas em 1999 o índice ficou abaixo deste patamar, quando situou-se em 50%. Em 1997, as negociações iguais ou superiores à inflação atingiram 55% das categorias.
Em 2002, 249 categorias, ou seja 45,3% do total, tiveram reajuste abaixo da inflação.
"O mercado alimentou no ano passado incertezas sobre o que aconteceria depois das eleições, o que puxou o risco Brasil e a inflação, principalmente nos últimos três meses do ano. O mercado de trabalho reagiu elevando o desemprego e diminuindo o poder de barganha", disse Amorim.
Para este ano, ele avalia que o cenário para negociação é adverso. "As negociações vão ser mais difíceis do que em 2002, quando a economia parou e a inflação subiu. As negociações serão tensas, com a discussão em torno da inflação acumulada em 12 meses, que continuará alta até setembro, e da expectativa de tendência de queda na taxa mês a mês", disse.
Segundo Amorim, "quando o empresário trabalha com expectativa de alta da inflação, ele facilita a negociação, mas quando a previsão é de recuo, ele dificulta".
A diretora do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Clarice Messe, disse na semana passada que os trabalhadores terão que escolher entre ter emprego ou ter renda maior, se a negociação sobre reposição for dura. Ou seja, se os sindicatos não forem flexíveis.
De acordo com Clarice, a antecipação de reajustes reivindicada pelos sindicatos de categorias que têm data-base no segundo semestre está praticamente descartada.
"Se a Fiesp estivesse garantindo o emprego até daria para seguir o seu raciocínio. Mas ela está pagando mal e ainda demitindo", disse Amorim.
Mesmo quem conseguiu reposição pelo INPC no ano passado, já teve o reajuste corroído pela inflação acumulada de novembro a fevereiro deste ano. É o caso, por exemplo, dos metalúrgicos ligados à Força Sindical, que têm data-base em novembro, cujo reajuste foi de 10,26%. De novembro a fevereiro, o INPC já acumula taxa de 10,39%.
Além disso, será levado consideração que 2003 é um ano de transição e de poucos resultados. "Existe uma expectativa generalizada de que pode haver um alívio na situação econômica, com crescimento mais expressivo somente em 2004%."
Não dá para esquecer também a possibilidade de guerra. "A guerra vai custar dinheiro para os EUA. Isso pode elevar o déficit em conta corrente e comercial norte-americano, levando o país a aumentar o juro, o que diminuiria a entrada de investimentos no Brasil", disse.
Amorim considera também que a guerra pode dificultar o comércio internacional. "A tendência é ter economias mais fechadas do ponto de vista comercial."
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