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09/05/2003
-
07h39
da Folha Online
O dólar abaixo de R$ 3 sela a mais recente fase de otimismo no mercado financeiro, mas projeta um cenário preocupante para os próximos meses.
Contrapondo-se à euforia vivida pelo mercado financeiro nos últimos dias, o economista Fernando Pinto Ferreira, diretor da consultoria GlobalInvest, diz que as recentes desvalorizações do dólar são fruto de uma inevitável entrada de dinheiro no país, que vai ter de sair em algum momento no futuro.
O economista lembra que os empréstimos conseguidos pelas companhias nacionais são de curto prazo, ou seja, de até 12 meses.
'As pessoas agem como se esse dinheiro tivesse sido doado para a gente. Não foi. Vai ter que ser devolvido com juros lá na frente', diz ele. 'O dólar está caindo por conta de expectativas, e não de fatos concretos.'
De acordo com cálculos da consultoria, até agora, as captações de empresas brasileiras no mercado externo somam US$ 6,678 bilhões. 'Com forte entrada de capitais, é impossível o dólar não cair. Isso a despeito de as pessoas estarem muito divididas sobre a questão cambial', afirma Ferreira.
Ontem, a moeda norte-americana teve desvalorização de 1,12% e terminou o dia vendida a R$ 2,912. No ano, são 21,73% de queda, sendo 15,21% só no mês de abril.
Outro ponto importante para o qual o economista chama a atenção é que grande parte dos recursos foi atraído pelas altas taxas de juros pagas no mercado brasileiro.
Os bancos, por exemplo, tomam dólares emprestados e emprestam novamente para companhias nacionais. Na diferença entre os altos juros pagos pelos seus clientes e a correção do empréstimo no exterior está o seu lucro.
Essa arbitragem, entretanto, está diminuindo, e os capitais que vieram por conta da elevada remuneração podem sair quando a operação deixar de ser tão lucrativa.
'Não se trata de investimentos diretos em empresas', frisa Ferreira. Ele concorda com a opinião de que o principal fator que pode mexer com o dólar é política.
'O governo já está intervindo no mercado de câmbio por meio das declarações de seus membros e do presidente do Banco Central', afirma.
Declarações desencontradas sobre política monetária do ministro Antonio Palocci (Fazenda), do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva mexeram fortemente com as cotações do dólar nas últimas semanas.
'Essas afirmações têm sido incentivadoras da queda da moeda.' A desvalorização do dólar, diz ele, também tem seu lado ruim, porque afeta as contas externas do país.
'Todos esses fatores produzem um cenário muito perigoso para o Brasil, que é um país que depende estruturalmente de financiamento do capital externo', conclui.
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Dólar cai 1,13% com sucesso da rolagem da dívida
Dólar abaixo de R$ 3 reflete otimismo, mas preocupa
DENYSE GODOYda Folha Online
O dólar abaixo de R$ 3 sela a mais recente fase de otimismo no mercado financeiro, mas projeta um cenário preocupante para os próximos meses.
Contrapondo-se à euforia vivida pelo mercado financeiro nos últimos dias, o economista Fernando Pinto Ferreira, diretor da consultoria GlobalInvest, diz que as recentes desvalorizações do dólar são fruto de uma inevitável entrada de dinheiro no país, que vai ter de sair em algum momento no futuro.
O economista lembra que os empréstimos conseguidos pelas companhias nacionais são de curto prazo, ou seja, de até 12 meses.
'As pessoas agem como se esse dinheiro tivesse sido doado para a gente. Não foi. Vai ter que ser devolvido com juros lá na frente', diz ele. 'O dólar está caindo por conta de expectativas, e não de fatos concretos.'
De acordo com cálculos da consultoria, até agora, as captações de empresas brasileiras no mercado externo somam US$ 6,678 bilhões. 'Com forte entrada de capitais, é impossível o dólar não cair. Isso a despeito de as pessoas estarem muito divididas sobre a questão cambial', afirma Ferreira.
Ontem, a moeda norte-americana teve desvalorização de 1,12% e terminou o dia vendida a R$ 2,912. No ano, são 21,73% de queda, sendo 15,21% só no mês de abril.
Outro ponto importante para o qual o economista chama a atenção é que grande parte dos recursos foi atraído pelas altas taxas de juros pagas no mercado brasileiro.
Os bancos, por exemplo, tomam dólares emprestados e emprestam novamente para companhias nacionais. Na diferença entre os altos juros pagos pelos seus clientes e a correção do empréstimo no exterior está o seu lucro.
Essa arbitragem, entretanto, está diminuindo, e os capitais que vieram por conta da elevada remuneração podem sair quando a operação deixar de ser tão lucrativa.
'Não se trata de investimentos diretos em empresas', frisa Ferreira. Ele concorda com a opinião de que o principal fator que pode mexer com o dólar é política.
'O governo já está intervindo no mercado de câmbio por meio das declarações de seus membros e do presidente do Banco Central', afirma.
Declarações desencontradas sobre política monetária do ministro Antonio Palocci (Fazenda), do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva mexeram fortemente com as cotações do dólar nas últimas semanas.
'Essas afirmações têm sido incentivadoras da queda da moeda.' A desvalorização do dólar, diz ele, também tem seu lado ruim, porque afeta as contas externas do país.
'Todos esses fatores produzem um cenário muito perigoso para o Brasil, que é um país que depende estruturalmente de financiamento do capital externo', conclui.
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