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22/05/2003 - 07h46

Diretor do BC pede demissão um dia após decisão sobre juros

SANDRA MANFRINI
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Apesar de ter resistido às fortes pressões políticas, o Banco Central não escapou ileso em sua decisão de manter a taxa básica de juros da economia brasileira em 26,5% ao ano, anunciada no início da tarde de ontem.

Desgastado pelo verdadeiro bombardeio de declarações favoráveis à queda dos juros que partia inclusive de membros do próprio governo, o diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, que estava no posto desde o governo Fernando Henrique Cardoso, pediu demissão ontem.

A notícia foi confirmada apenas na manhã de hoje, em nota divulgada pelo Ministério da Fazenda. Na nota, Goldfajn afirma ter tomado a decisão por um "desejo pessoal de retomar a vida privada". Ele ficará no BC até o início de julho, quando então deverá ser substituído por Afonso Bevilaqua.

A Fazenda também informou a indicação de um novo diretor para o BC: Eduardo Loyo vai comandar a diretoria de Estudos Especiais. Essa diretoria já existia, mas só foi ocupada uma vez, durante o período de transição para o governo Lula, pelo ex-diretor de Política Monetária Luiz Fernando Figueiredo.

Segundo a Fazenda, os dois nomes ainda precisam ser aprovados por Lula. Os diretores também deverão ser sabatinados pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para, depois, terem suas indicações votadas.

Bombardeio

Ontem, ao decidir manter os juros, o BC enfrentou uma pressão classificada de "incomum" pelo jornal britânico "Financial Times". O coro pelo corte dos juros era comandado por membros do próprio governo --como o vice-presidente José Alencar, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional)-- e, por isso, foi ironicamente chamado de "fogo amigo".

Alencar, o mais veemente, chegou a classificar as atuais taxas de juros de "assalto" e também questionou a autoridade do BC para tomar a decisão.

A manutenção dos juros também foi bastante questionada por empresários, Antônio Ermírio de Moraes (Votorantim) e Horácio Lafer Piva (Fiesp), que se dizem quase obrigados a adiar investimentos à espera de juros menores. A queda dos investimentos, por sua vez, paralisa a economia e reduz a oferta de novos empregos.

O BC, no entanto, assumiu todo o desgaste de ignorar as pressões e manter os juros por acreditar que a inflação ainda é uma "ameaça", segundo o próprio presidente do banco, Henrique Meirelles.

A avaliação é que apesar de os preços no atacado já estarem caindo --como mostrou a segunda prévia do IGP-M-- ainda existe inflação no varejo suficiente para inspirar cuidados.

Em nota divulgada ontem pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o governo previu que, por esses motivos, não haverá queda "abrupta" dos juros no curto prazo. Só haveria espaço para uma redução significativa das taxas após a aprovação das reformas tributária e da Previdência no Congresso.

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