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26/10/2003
-
00h04
FABIANA FUTEMA
da Folha Online
O atual período de "vacas magras" da economia brasileira têm tornado árduo para os trabalhadores conseguir reajustes de salário mesmo quando os índices reivindicados estão abaixo da inflação.
Em um ano de crescimento pífio --o governo já descartou o "espetáculo do crescimento" e prevê expansão econômica de só 0,6% em 2003-- e lucros minguantes, os empresários não se mostram dispostos a ceder aos funcionários. Resultado: cresceu o número de greves.
Segundo o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo, foram protocolados 100 pedidos de julgamento de dissídio de greve nos nove primeiros meses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Isso representa um aumento de 132% em relação ao mesmo período de 2002, quando foram protocolados 43 pedidos.
Os números de janeiro a setembro de 2003 já superaram, inclusive, todos os pedidos de dissídio de greve protocolados nos 12 meses de 2002 --foram 65.
O secretário-geral da OAB-SP e especialista em Direito Trabalhista, Valter Uzzo, disse que esse aumento reflete a dificuldade que os trabalhadores têm enfrentado para negociar as perdas salariais.
"O pedido de julgamento do dissídio coletivo é a ferramenta que os sindicatos de trabalhadores utilizam para acelerar a negociação salarial", disse Uzzo.
Reajustes
Apesar do maior enfrentamento entre patrões e empregados, pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) mostra que 54% dos reajustes ficaram abaixo do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, que serve de base para as campanhas salariais) no primeiro semestre. Já 24,8% das categorias tiveram reajustes iguais ao índice de referência.
Esses resultados são os piores do Real. O recorde anterior era de 1999, quando 45% dos trabalhadores não haviam conseguido repor as perdas inflacionárias.
Para este semestre, ainda não existe um balanço fechado. No entanto, o próprio Ministério da Fazenda admitiu, em estudo divulgado no mês passado, que a maioria das categorias não vai conseguir reajustes acima da inflação.
O supervisor de atendimento técnico do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, disse que a tendência verificada no primeiro semestre deve ser mantida no segundo.
"Desde o primeiro semestre há um sinal claro de dificuldade para zerar a inflação. E tudo indica que essa dificuldade não será diferente no segundo semestre", disse ele.
Segundo ele, mesmo pressionados por greves os empresários dificilmente cedem porque também estão em dificuldades. "As empresas têm mais dificuldade para manter o pagamento de suas obrigações trabalhistas em período de retração econômica."
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da Folha Online
O atual período de "vacas magras" da economia brasileira têm tornado árduo para os trabalhadores conseguir reajustes de salário mesmo quando os índices reivindicados estão abaixo da inflação.
Em um ano de crescimento pífio --o governo já descartou o "espetáculo do crescimento" e prevê expansão econômica de só 0,6% em 2003-- e lucros minguantes, os empresários não se mostram dispostos a ceder aos funcionários. Resultado: cresceu o número de greves.
Segundo o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo, foram protocolados 100 pedidos de julgamento de dissídio de greve nos nove primeiros meses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Isso representa um aumento de 132% em relação ao mesmo período de 2002, quando foram protocolados 43 pedidos.
Os números de janeiro a setembro de 2003 já superaram, inclusive, todos os pedidos de dissídio de greve protocolados nos 12 meses de 2002 --foram 65.
O secretário-geral da OAB-SP e especialista em Direito Trabalhista, Valter Uzzo, disse que esse aumento reflete a dificuldade que os trabalhadores têm enfrentado para negociar as perdas salariais.
"O pedido de julgamento do dissídio coletivo é a ferramenta que os sindicatos de trabalhadores utilizam para acelerar a negociação salarial", disse Uzzo.
Reajustes
Apesar do maior enfrentamento entre patrões e empregados, pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) mostra que 54% dos reajustes ficaram abaixo do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, que serve de base para as campanhas salariais) no primeiro semestre. Já 24,8% das categorias tiveram reajustes iguais ao índice de referência.
Esses resultados são os piores do Real. O recorde anterior era de 1999, quando 45% dos trabalhadores não haviam conseguido repor as perdas inflacionárias.
Para este semestre, ainda não existe um balanço fechado. No entanto, o próprio Ministério da Fazenda admitiu, em estudo divulgado no mês passado, que a maioria das categorias não vai conseguir reajustes acima da inflação.
O supervisor de atendimento técnico do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, disse que a tendência verificada no primeiro semestre deve ser mantida no segundo.
"Desde o primeiro semestre há um sinal claro de dificuldade para zerar a inflação. E tudo indica que essa dificuldade não será diferente no segundo semestre", disse ele.
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