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27/08/2004
-
05h23
SANDRA BALBI
da Folha de S.Paulo
Para empresários, a Fiesp (Federação das Indústrias no Estado de São Paulo) não corre o risco de aderir ao governo Lula por conta do apoio que Paulo Skaf, seu presidente eleito, recebeu de políticos do PT durante a campanha.
Do candidato derrotado à presidência da federação, Cláudio Vaz, ao veterano Mário Amato, 85, que comandou a entidade nos anos 80, empresários ouvidos pela Folha afirmam não acreditar em uma aliança política.
"Que houve apoio de pessoas do governo ao Paulo Skaf, houve, mas isso não é uma política de governo nem do Lula", diz Vaz, candidato da situação. Amato é categórico quanto ao alinhamento da "nova" Fiesp ao governo: "Não acredito nisso".
Para esses empresários, o que ocorreu foi uma aliança de ocasião, conseqüência da articulação anterior de industriais do setor têxtil em torno da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) e velhas relações de amizade. "O [vice-presidente da República] José Alencar apoiou o Skaf via Abit, isso não significa apoio do governo", diz Vaz. Alencar é dono do grupo têxtil Coteminas.
O endosso de petistas, como Aloizio Mercante, a Skaf, teria vindo por meio do empresário Benjamin Steinbruch, presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e da Vicunha, de quem o senador é amigo desde o início de sua carreira política.
"Foi a origem têxtil que influenciou. O Steinbruch não precisa da Fiesp para nada. Ele tem um relacionamento anterior com o Skaf que renovou o sindicato do setor", diz Amato.
Não passa pela cabeça do antigo líder empresarial, que em 1989 disse que "uns 800 mil empresários vão deixar o Brasil se o Lula ganhar a eleição", que o país tenha mudado tanto. Ou seja, que a elite empresarial paulista seja capaz de colocar sua entidade maior a serviço do governo.
Segundo Amato, a Fiesp continuará exercendo o papel de "ajudar o governo e de criticá-lo". E confessa: "Eu também fui assim, o [atual presidente da Fiesp, Horacio Lafer] Piva foi assim, e isso não significa aderir ao governo".
Pragmatismo
Para o presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, "a partidarização das entidades empresariais não é adequada". Ele diz não acreditar que Skaf siga por tal caminho.
"Assim como ele, também sou membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Nós empresários discutimos com todos os setores as carências sociais, pois é na atividade empresarial que são gerados os empregos que o país precisa", diz.
Um amigo de longa data de Skaf, o presidente da Abecitrus, Ademerval Garcia, também afirma que "não há compromisso político entre o presidente eleito da Fiesp e o governo. "É puro pragmatismo do Paulo Skaf: seja quem for o governo --Sarney, Fernando Henrique ou Lula--, é com eles que irá interagir", diz.
Segundo Garcia, a Fiesp sempre foi governista. "Ela, às vezes, tem rasgos de oposição, fica contra tudo, mas nunca bate de frente com o governo, pois representa os setores empresariais voltados para o mercado interno que dependem de política públicas", diz.
Um exemplo dessa atitude, segundo ele, seriam os protestos da entidade a cada corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juro, pelo Banco Central. Um esperneio inútil, segundo sua opinião: "Tem um pouco de palanque nisso".
Unidade
Ontem, no rescaldo da refrega eleitoral, Vaz planejava uma reunião com seus apoiadores, na próxima semana, para traçar um plano de aproximação com a nova direção da Fiesp.
Virtual presidente eleito do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Vaz diz que pretende começar a recosturar a unidade do empresariado paulista com o adversário. "Se tentarmos fazer da divisão entre o Ciesp e a Fiesp uma rivalidade, vamos destruir, e não construir."
Vaz diz que irá telefonar para Skaf, depois dessa reunião, e apresentar uma proposta de atuação complementar à da Fiesp. "Se ele não tiver interesse, seguirei o meu caminho", diz.
Se confirmada sua eleição ao Ciesp, Vaz terá de cruzar com Skaf de qualquer jeito. O novo presidente da Fiesp é inquilino do Ciesp, que, junto com o Sesi (Serviço Social da Indústria) é o dono do prédio da avenida Paulista, onde está instalada a federação.
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Para empresários, a Fiesp (Federação das Indústrias no Estado de São Paulo) não corre o risco de aderir ao governo Lula por conta do apoio que Paulo Skaf, seu presidente eleito, recebeu de políticos do PT durante a campanha.
Do candidato derrotado à presidência da federação, Cláudio Vaz, ao veterano Mário Amato, 85, que comandou a entidade nos anos 80, empresários ouvidos pela Folha afirmam não acreditar em uma aliança política.
"Que houve apoio de pessoas do governo ao Paulo Skaf, houve, mas isso não é uma política de governo nem do Lula", diz Vaz, candidato da situação. Amato é categórico quanto ao alinhamento da "nova" Fiesp ao governo: "Não acredito nisso".
Para esses empresários, o que ocorreu foi uma aliança de ocasião, conseqüência da articulação anterior de industriais do setor têxtil em torno da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) e velhas relações de amizade. "O [vice-presidente da República] José Alencar apoiou o Skaf via Abit, isso não significa apoio do governo", diz Vaz. Alencar é dono do grupo têxtil Coteminas.
O endosso de petistas, como Aloizio Mercante, a Skaf, teria vindo por meio do empresário Benjamin Steinbruch, presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e da Vicunha, de quem o senador é amigo desde o início de sua carreira política.
"Foi a origem têxtil que influenciou. O Steinbruch não precisa da Fiesp para nada. Ele tem um relacionamento anterior com o Skaf que renovou o sindicato do setor", diz Amato.
Não passa pela cabeça do antigo líder empresarial, que em 1989 disse que "uns 800 mil empresários vão deixar o Brasil se o Lula ganhar a eleição", que o país tenha mudado tanto. Ou seja, que a elite empresarial paulista seja capaz de colocar sua entidade maior a serviço do governo.
Segundo Amato, a Fiesp continuará exercendo o papel de "ajudar o governo e de criticá-lo". E confessa: "Eu também fui assim, o [atual presidente da Fiesp, Horacio Lafer] Piva foi assim, e isso não significa aderir ao governo".
Pragmatismo
Para o presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, "a partidarização das entidades empresariais não é adequada". Ele diz não acreditar que Skaf siga por tal caminho.
"Assim como ele, também sou membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Nós empresários discutimos com todos os setores as carências sociais, pois é na atividade empresarial que são gerados os empregos que o país precisa", diz.
Um amigo de longa data de Skaf, o presidente da Abecitrus, Ademerval Garcia, também afirma que "não há compromisso político entre o presidente eleito da Fiesp e o governo. "É puro pragmatismo do Paulo Skaf: seja quem for o governo --Sarney, Fernando Henrique ou Lula--, é com eles que irá interagir", diz.
Segundo Garcia, a Fiesp sempre foi governista. "Ela, às vezes, tem rasgos de oposição, fica contra tudo, mas nunca bate de frente com o governo, pois representa os setores empresariais voltados para o mercado interno que dependem de política públicas", diz.
Um exemplo dessa atitude, segundo ele, seriam os protestos da entidade a cada corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juro, pelo Banco Central. Um esperneio inútil, segundo sua opinião: "Tem um pouco de palanque nisso".
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Ontem, no rescaldo da refrega eleitoral, Vaz planejava uma reunião com seus apoiadores, na próxima semana, para traçar um plano de aproximação com a nova direção da Fiesp.
Virtual presidente eleito do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Vaz diz que pretende começar a recosturar a unidade do empresariado paulista com o adversário. "Se tentarmos fazer da divisão entre o Ciesp e a Fiesp uma rivalidade, vamos destruir, e não construir."
Vaz diz que irá telefonar para Skaf, depois dessa reunião, e apresentar uma proposta de atuação complementar à da Fiesp. "Se ele não tiver interesse, seguirei o meu caminho", diz.
Se confirmada sua eleição ao Ciesp, Vaz terá de cruzar com Skaf de qualquer jeito. O novo presidente da Fiesp é inquilino do Ciesp, que, junto com o Sesi (Serviço Social da Indústria) é o dono do prédio da avenida Paulista, onde está instalada a federação.
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