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27/08/2004 - 05h31

Nova Fiesp quer parceria com governo Lula

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GUILHERME BARROS
Editor do Painel S.A. da Folha de S.Paulo

O empresário Paulo Skaf, 49, presidente eleito da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), afirmou à Folha que pretende trabalhar em parceria com o governo em busca de resultados concretos para a indústria paulista. "Eu vejo uma Fiesp muito mais parceira, mas não só do governo", afirmou Skaf.

Segundo ele, a parceria não significará, no entanto, que a Fiesp se transformará numa entidade "chapa-branca" ou que terá alguma preferência partidária. "A relação com o governo tem de ser a necessária para obter resultados."

Skaf defendeu a criação de um grande pacto com os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além das confederações nacionais tanto de empresários quanto de trabalhadores, para construir as bases de uma nova fase de crescimento econômico. A posse de Skaf na Fiesp será no dia 25 de setembro para um mandato de três anos.
Leia a seguir, a entrevista :

Folha - Quais são os seus planos para a Fiesp?
Paulo Skaf
- Nós precisamos transformar a Fiesp numa entidade pró-ativa, uma entidade comprometida com resultados. Nos próximos dias, eu devo fazer uma vista aos Três Poderes: Executivo, Judiciário e Legislativo, tanto do Estado como da Federação. Eu estou pedindo audiências ao presidente da República, ao governador Geraldo Alckmin, aos presidentes do Congresso, da Câmara, do STF [Supremo Tribunal Federal] do STJ [Superior Tribunal de Justiça] e da Assembléia Legislativa de São Paulo. Também pretendo me reunir com os presidentes das confederações nacionais da indústria, da agricultura e do comércio.

Folha - Qual o objetivo dessas visitas?
Skaf
- O que pretendo é começar já uma nova era na Fiesp, mesmo antes de tomar posse, uma era na qual o presidente da Fiesp vai estar muito junto ao Legislativo, à sociedade e aos trabalhadores. Nós já temos algumas parcerias com algumas entidades de trabalhadores, como a CUT e a Força Sindical, e vamos reforçar esse trabalho. A idéia é nós todos, juntos, pegarmos uma bandeira, como no caso da necessidade de investimentos em infra-estrutura para combatermos os gargalos que existem hoje e não sossegarmos enquanto o assunto não for resolvido. Para termos força absoluta para defender uma causa dessas no Congresso, temos de estar junto dos trabalhadores.

Folha - O sr. irá procurar uma linha de integração com os trabalhadores?
Skaf
- Nós temos que fazer uma Fiesp de resultados, uma Fiesp que tenha poderes nas diversas instâncias para poder conseguir resultados concretos. O meu objetivo de fazer essas visitas na próxima semana é exatamente fazermos um verdadeiro pacto com essas diversas Casas para colocarmos a Fiesp à disposição e passarmos a criar as parcerias com essas entidades.

Folha - O sr. acha que a Fiesp perdeu força?
Skaf
- Não estou preocupado se a Fiesp perdeu ou ganhou representatividade no passado. A minha preocupação é com o futuro.

Folha - Qual a relação que o sr. pretende manter com o governo?
Skaf
- A relação com o governo tem de ser a necessária para se obter resultados. Quando você pode obter resultados com parceria, o caminho é a parceria. Quando você precisa da negociação, articulação, esse é o caminho, e, quando você precisa de enfrentamento, vamos ao enfrentamento. Como o melhor do que uma tonelada de palavras é uma grama de exemplos, vou dar alguns exemplos da minha forma de atuação. Nos cinco anos e meio que estou à frente da Abit [Associação Brasileira da Indústria Têxtil], todos os resultados que conseguimos foi dessa forma.

Nós conseguimos reduzir o ICMS de 18% para 12% não foi brigando com o governo do Estado de São Paulo, mas sim com uma parceria buscando um caminho para isso. Mas também, quando foi preciso fechar a Anhangüera quando se queria uma sobretaxa na importação de camisas, nós fechamos, ou seja, fomos para o enfrentamento. Eu vejo uma Fiesp muito mais parceira, mas não só do governo. Não sei porque tentaram me vincular a algum partido. Não tenho partido político nenhum e nunca fui filiado a partido político. Eu me relaciono muito bem com todos os partidos.

Folha - Mas o sr. tem relações muito próximas, por exemplo, com pessoas ligadas ao governo Lula.
Skaf
- Sim, mas também com o governador Geraldo Alckmin [PSDB], com o vice Cláudio Lembo [PFL], com o presidente Lula me relaciono bem, com o João Paulo [PT], presidente da Câmara, com o presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, com o Mercadante [senador Aloizio Mercadante, do PT], com o Romeu Tuma, mas também com os governadores Aécio Neves [PSDB-MG], Marconi Perillo [PSDB-GO] e Cássio Cunha Lima [PSDB-PB].

Folha - A Fiesp terá alguma preferência partidária? Não existe essa história de a Fiesp se tornar "chapa-branca"?
Skaf
- De jeito nenhum. Chapa-branca coisa nenhuma. As pessoas falam isso porque manifestei apoio ao presidente Lula na campanha presidencial, mas esquecem que eu manifestei apoio ao governador Geraldo Alckmin no Estado de São Paulo. Eu gosto de alternância do poder. É saudável a alternância. Nós, na Abit, conseguimos reduzir o ICMS com o governo do PSDB, de Geraldo Alckmin, conseguimos derrubar as cotas européias em 2002 com o governo Fernando Henrique Cardoso e conseguimos boas negociações com a Argentina no governo Lula.

Folha - Qual será sua principal bandeira na Fiesp?
Skaf
- Minha principal bandeira será o fortalecimento político da entidade. Com isso, você discute infra-estrutura e obtém resultados, você discute política monetária e obtém resultados. Mas, para você ter efeitos e resultados, precisa ter poder. A Fiesp precisa ser ouvida. A Fiesp precisa ser respeitada. E esse será o primeiro trabalho, tanto é que, antes mesmo de tomar posse, estou marcando todas essas visitas.

Folha - O que o sr. achou da ata do Copom, que indicou um novo aumento de juros?
Skaf
- Esse negócio de discutir juros como a gente vem discutindo, sempre depois das reuniões do Copom, é um tipo de discussão que não deve continuar. A Fiesp tem de ter uma aproximação com o próprio Banco Central e ter um entendimento da visão desse futuro Brasil que a gente quer. Para ser comentarista econômico, eu vou pegar alguém no departamento de economia para fazer esses comentários. Os juros não podem subir mais. Os juros têm de baixar, tanto a Selic como os "spreads". Agora, para baixar, temos de trabalhar com o Banco Central, e, para baixar os "spreads", precisamos trabalhar, além do próprio Banco Central, também com o mercado financeiro e com o Poder Judiciário.

Folha - Se confirmada a vitória de Claudio Vaz no Ciesp, o sr. acha que haverá uma divisão na liderança empresarial?
Skaf
- As eleições da Fiesp já estão definidas, e estamos iniciando um processo de transição. Já nas eleições do Ciesp, as coisas estão suspensas. Não existe uma definição. Existem algumas verificações que precisam ser feitas pela comissão eleitoral.

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