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27/08/2004 - 05h40

Cúpula do governo trabalhou por Skaf

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Apesar das negativas públicas, a cúpula do governo trabalhou arduamente pela eleição do novo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf.

Houve uma articulação a fim de deixar claro para as principais lideranças empresariais da entidade que Skaf teria mais trânsito no governo Luiz Inácio Lula da Silva do que seu oponente.

No momento em que o governo busca aprovar o projeto das PPPs (Parcerias Público-Privadas), essa sinalização teve muito peso. Por meio das PPPs, o governo quer parcerias com as empresas para obras de infra-estrutura.

Os principais comandantes da operação pró-Skaf foram o vice-presidente da República, José Alencar, e o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP). Por serem ministros, José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci Filho (Fazenda) foram mais discretos.

"Não tenho voto na Fiesp. Não houve interferência do governo. É um colégio eleitoral pequeno e que forma suas opiniões sem pressões", diz Mercadante, próximo do empresário Benjamin Steinbruch, presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e maior apoiador de Skaf. O senador admite, porém, que Skaf tem "uma visão mais propensa a parcerias com o setor público" do que Claudio Vaz, derrotado por Skaf na Fiesp, de quem também se disse amigo.

Presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Skaf investiu nos últimos anos numa aproximação com o poder, na contramão da gestão "independente" de Horacio Lafer Piva.

Próximo aos tucanos, Piva foi um crítico duro do governo Fernando Henrique Cardoso em alguns momentos. Candidato de Piva, Vaz, na visão da cúpula do governo e do PT, além de mais distante do poder seria mais próximo do tucanato.

Em 2000, no governo FHC, Piva batia no PSDB, enquanto Skaf, por exemplo, articulava a vinda da modelo Gisele Bündchen a um evento da indústria têxtil no Palácio da Alvorada. O vice José Alencar, um peso-pesado da indústria têxtil, apoiou Skaf, presidente da Abit, pela relação antiga que têm como membros do mesmo setor.

Alencar disse ontem estar "satisfeito" com o resultado da eleição para a Fiesp e não escondeu que o governo tinha mais simpatia pelo vencedor, mas afirmou que não houve interferência no resultado. "Graças a Deus, temos liberdade de apoiar o candidato que quisermos. Se o governo teve simpatia por esse ou aquele candidato, é um direito legítimo. Mas não houve interferência do governo nessa disputa", disse Alencar ontem, ao participar da abertura do 6º Congresso de Agribusiness no Rio. Afirmou também que, na sua avaliação, a Fiesp está "muito bem entregue para o Paulo".

Mercadante disse que Skaf não deve ser carimbado como "chapa branca". "Desde que o Mário Amato disse, em 1989, que sairiam 800 mil empresários do Brasil com a eleição do Lula, muita coisa mudou. Mudou o Amato, mudou o Lula e mudou a Fiesp com a eleição do Skaf."

Segundo Mercadante, há hoje uma visão de que é necessário haver parcerias entre empresários e setor público "de forma mais transparente do que na base da troca de favores". "A sociedade amadureceu muito. O Skaf é um bom negociador político, que acompanhou discussões importantes no Congresso, como a reforma tributária", disse.

Já o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) comentou a vitória de Skaf na Fiesp e de Vaz no Ciesp. "Eu acho que a eleição na Fiesp retrata uma situação ambivalente entre duas organizações que sempre foram gêmeas e que, neste momento, continuam irmãs, mas não gêmeas. E a minha recomendação aos dois vencedores é que trabalhem como industriais, como empresários, como brasileiros e que busquem uma convergência.
Porque o melhor para a indústria de São Paulo é uma convergência."

Questionado sobre quais eventuais pontos negativos podem ocorrer caso não haja essa convergência, Furlan, ex-executivo da Sadia, desconversou: "Isso faz parte do meu passado".

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