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27/08/2004
-
13h02
SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online
Sob críticas dos acionistas minoritários, a AmBev e a belga Interbrew anunciaram hoje a conclusão do negócio que cria a maior cervejaria do mundo em volume produzido, superando a norte-americana Anheuser-Busch, dona da marca Budweiser.
Os acionistas das duas empresas aprovaram a troca de ações e a incorporação da cervejaria canadense Labatt pela AmBev. Mas a decisão não foi unânime na assembléia da dona das cervejas Skol, Brahma e Antarctica.
Votaram contra o negócio a Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), um grupo representado pelo Bank of New York, o terceiro maior fundo de pensão dos EUA (CalSTRS, dos professores públicos da Califórnia) e outros seis fundos estrangeiros (Capital Guardian, Master Trust Bank of Japan, Philips Electronics North American Corporation, Master Retirement Trust, MLC Limited e Emerging Growth Fund Market).
Na próxima semana, a Previ promete pedir, novamente, a abertura de inquérito contra a operação na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão que fiscaliza o mercado de capitais. Um parecer da área técnica da CVM aprovou neste mês o negócio, mas a Previ vai recorrer diretamente com o colegiado do órgão.
O maior fundo de pensão do país alega que só os controladores da AmBev tiraram vantagem com o negócio, que houve abuso de poder, falta de auditoria no processo e uma "divulgação confusa de dados errados e incompletos" ao mercado.
As ações PN (sem direito a voto) desabaram até 30% após o anúncio do negócio, pois os donos desses papéis não têm direito ao prêmio pago aos controladores.
Por sua vez, o diretor jurídico da AmBev, Pedro Mariani, defendeu a legalidade da operação e disse estar "confiante" na aprovação do negócio pela CVM e pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), apesar das "críticas" da Previ.
O diretor de relações corporativas da AmBev, Milton Seligman, disse a companhia reduzirá custos, elevará sua eficiência e terá ganho anual de US$ 190 milhões com a incorporação da Labatt. Além disso, a empresa entrará no promissor mercado canadense, onde a Labatt se reveza na liderança com a Molson, dona da Bavária e Kaiser.
"Não é fusão nem compra"
InBev foi o nome escolhido para identificar a nova multinacional --na verdade, a nova denominação da Interbrew, sediada em Leuven (Bélgica). Quando foi anunciada no dia 3 de março, a associação era chamada de "InterbrewAmBev".
As empresas negam ter feito uma fusão e preferem o termo aliança. No exterior, a operação foi tratada apenas como a compra do controle da AmBev pelos belgas.
O negócio é estimado entre US$ 8,9 bilhões e US$ 10,7 bilhões. O valor final depende ainda de uma oferta pública para a compra de ações remanescentes, que deve ocorrer até o início de 2005.
O comando da InBev será compartilhado entre brasileiros e belgas, segundo a AmBev, cuja sede continua em São Paulo. No Brasil, a empresa não mudará seu nome e continuará com ações listadas na Bovespa e na Nyse (Bolsa de Nova York).
Concorrência
Concorrente da AmBev, a Schincariol reafirmou hoje sua oposição à aliança com os belgas e espera que o Cade barre o negócio em julgamento, ainda sem data marcada.
No entanto, dois órgãos do governo --a SDE (Secretaria de Direito Econômico), do Ministério da Justiça, e da Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico), do Ministério da Fazenda, já emitiram pareceres favoráveis ao negócio.
Mas neste mês (dia 13), a cervejaria de Itu (SP) conseguiu uma vitória. A SDE abriu um processo para investigar se um programa de incentivo dado pela AmBev a seus clientes prejudica a concorrência.
Pelo programa, a AmBev recompensa com um aparelho de TV o comerciante que vender mais cervejas. Para a Schincariol, isso fará com que os clientes prefiram comercializar só os produtos da concorrente. A AmBev negou a acusação.
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da Folha Online
Sob críticas dos acionistas minoritários, a AmBev e a belga Interbrew anunciaram hoje a conclusão do negócio que cria a maior cervejaria do mundo em volume produzido, superando a norte-americana Anheuser-Busch, dona da marca Budweiser.
Os acionistas das duas empresas aprovaram a troca de ações e a incorporação da cervejaria canadense Labatt pela AmBev. Mas a decisão não foi unânime na assembléia da dona das cervejas Skol, Brahma e Antarctica.
Votaram contra o negócio a Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), um grupo representado pelo Bank of New York, o terceiro maior fundo de pensão dos EUA (CalSTRS, dos professores públicos da Califórnia) e outros seis fundos estrangeiros (Capital Guardian, Master Trust Bank of Japan, Philips Electronics North American Corporation, Master Retirement Trust, MLC Limited e Emerging Growth Fund Market).
Na próxima semana, a Previ promete pedir, novamente, a abertura de inquérito contra a operação na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão que fiscaliza o mercado de capitais. Um parecer da área técnica da CVM aprovou neste mês o negócio, mas a Previ vai recorrer diretamente com o colegiado do órgão.
O maior fundo de pensão do país alega que só os controladores da AmBev tiraram vantagem com o negócio, que houve abuso de poder, falta de auditoria no processo e uma "divulgação confusa de dados errados e incompletos" ao mercado.
As ações PN (sem direito a voto) desabaram até 30% após o anúncio do negócio, pois os donos desses papéis não têm direito ao prêmio pago aos controladores.
Por sua vez, o diretor jurídico da AmBev, Pedro Mariani, defendeu a legalidade da operação e disse estar "confiante" na aprovação do negócio pela CVM e pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), apesar das "críticas" da Previ.
O diretor de relações corporativas da AmBev, Milton Seligman, disse a companhia reduzirá custos, elevará sua eficiência e terá ganho anual de US$ 190 milhões com a incorporação da Labatt. Além disso, a empresa entrará no promissor mercado canadense, onde a Labatt se reveza na liderança com a Molson, dona da Bavária e Kaiser.
"Não é fusão nem compra"
InBev foi o nome escolhido para identificar a nova multinacional --na verdade, a nova denominação da Interbrew, sediada em Leuven (Bélgica). Quando foi anunciada no dia 3 de março, a associação era chamada de "InterbrewAmBev".
As empresas negam ter feito uma fusão e preferem o termo aliança. No exterior, a operação foi tratada apenas como a compra do controle da AmBev pelos belgas.
O negócio é estimado entre US$ 8,9 bilhões e US$ 10,7 bilhões. O valor final depende ainda de uma oferta pública para a compra de ações remanescentes, que deve ocorrer até o início de 2005.
O comando da InBev será compartilhado entre brasileiros e belgas, segundo a AmBev, cuja sede continua em São Paulo. No Brasil, a empresa não mudará seu nome e continuará com ações listadas na Bovespa e na Nyse (Bolsa de Nova York).
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Concorrente da AmBev, a Schincariol reafirmou hoje sua oposição à aliança com os belgas e espera que o Cade barre o negócio em julgamento, ainda sem data marcada.
No entanto, dois órgãos do governo --a SDE (Secretaria de Direito Econômico), do Ministério da Justiça, e da Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico), do Ministério da Fazenda, já emitiram pareceres favoráveis ao negócio.
Mas neste mês (dia 13), a cervejaria de Itu (SP) conseguiu uma vitória. A SDE abriu um processo para investigar se um programa de incentivo dado pela AmBev a seus clientes prejudica a concorrência.
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