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29/09/2004
-
10h10
JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio
O ajuste fiscal, o combate à inflação e as altas taxas de juros podem ter contribuído para segurar as contas do governo e estabilizar a economia no ano passado, mas tiveram um efeito de curto prazo doloroso para o trabalhador.
De acordo com dados da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios) divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a retração sofrida pela economia brasileira no primeiro ano do governo Lula, de 0,2%, levou à queda da renda e ao aumento do desemprego.
De 2002 para 2003, a remuneração média real das pessoas com rendimento de trabalho caiu 7,4%. Esta é a maior redução desde 1997, quando começou o período de declínio nas remunerações.
Os ganhos passaram de R$ 747 em 2002 para R$ 692 em 2003, descontada a inflação. De 1996 a 2003, a perda acumulada foi de 18,8%.
'Os ajustes na política econômica, iniciados ao final de 2002, definindo a elevação das taxas de juros, contribuíram para a desaceleração na economia em 2003, que foi acompanhada pelo crescimento da inflação. Em decorrência intensificou-se a perda real nos rendimentos, mantendo a tendência declinante iniciada em 1997', afirma o IBGE.
A queda foi generalizada, mas atingiu principalmente os que contavam com maiores salários. Entre os 50% com os maiores rendimentos, as perdas chegaram a 8,1%. Entre os 50% dos ocupados com as menores remunerações a queda foi de 4,2%.
A desigualdade entre os salários permanece alta. Em 2003, 27,8% das pessoas ocupadas ganhavam até um salário mínimo e apenas 1,3% recebia mais de 20 salários mínimos.
Entre os sexos, também persistem diferenças marcantes nas faixas de rendimentos. Em 2003, o rendimento médio das mulheres representava 64% do que os homens recebiam na categoria dos conta-próprias e 90% na dos empregados.
A população ocupada aumentou 1,4% de 2002 para 2003, o que representa menos da metade do crescimento de 2001 para 2002, de 3,6%. Além da queda no número de pessoas absorvidas pelo mercado de trabalho, o percentual ficou abaixo do crescimento da população em idade ativa, de 1,9%.
Desemprego
A taxa de desemprego passou de 9,2% em 2002 para 9,7% em 2003. No ano passado apenas 55,4% das pessoas em idade ativa tinham uma ocupação. Em 1992, este percentual era de 57,5%. Na prática, o número de desempregados passou de 7,878 milhões de pessoas em 2002 para 8,537 milhões em 2003.
As mulheres encontram mais dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. A taxa de desemprego entre as mulheres foi de 12,3%, entre os homens este percentual cai para 7,8%.
O número de mulheres supera o dos homens nos contingentes dos trabalhadores não-remunerados e na produção para o próprio consumo e, especialmente, no dos trabalhadores domésticos. Entre os empregados, a parcela feminina é maior na categoria dos militares e funcionários públicos estatutários.
Mercado de trabalho
De 2002 para 2003 houve redução de pessoal em três grandes atividades: construção; alojamento e alimentação e serviços coletivos, sociais e pessoais. Na construção a queda foi generalizada e atingiu tanto as grandes construtoras como as firmas de pequenas obras e reparos. A queda foi de 7,2%.
O setor de serviços registrou o maior crescimento na absorção de mão-de-obra, de 4,7%. Na atividade agrícola houve aumento de 1,7%.
Metodologia
A PNAD abrange todo o país, com exceção da área rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. O período de referência da pesquisa para 365 dias foi de 28 de setembro de 2002 a 27 de setembro de 2003.
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da Folha Online, no Rio
O ajuste fiscal, o combate à inflação e as altas taxas de juros podem ter contribuído para segurar as contas do governo e estabilizar a economia no ano passado, mas tiveram um efeito de curto prazo doloroso para o trabalhador.
De acordo com dados da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios) divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a retração sofrida pela economia brasileira no primeiro ano do governo Lula, de 0,2%, levou à queda da renda e ao aumento do desemprego.
De 2002 para 2003, a remuneração média real das pessoas com rendimento de trabalho caiu 7,4%. Esta é a maior redução desde 1997, quando começou o período de declínio nas remunerações.
Os ganhos passaram de R$ 747 em 2002 para R$ 692 em 2003, descontada a inflação. De 1996 a 2003, a perda acumulada foi de 18,8%.
'Os ajustes na política econômica, iniciados ao final de 2002, definindo a elevação das taxas de juros, contribuíram para a desaceleração na economia em 2003, que foi acompanhada pelo crescimento da inflação. Em decorrência intensificou-se a perda real nos rendimentos, mantendo a tendência declinante iniciada em 1997', afirma o IBGE.
A queda foi generalizada, mas atingiu principalmente os que contavam com maiores salários. Entre os 50% com os maiores rendimentos, as perdas chegaram a 8,1%. Entre os 50% dos ocupados com as menores remunerações a queda foi de 4,2%.
A desigualdade entre os salários permanece alta. Em 2003, 27,8% das pessoas ocupadas ganhavam até um salário mínimo e apenas 1,3% recebia mais de 20 salários mínimos.
Entre os sexos, também persistem diferenças marcantes nas faixas de rendimentos. Em 2003, o rendimento médio das mulheres representava 64% do que os homens recebiam na categoria dos conta-próprias e 90% na dos empregados.
A população ocupada aumentou 1,4% de 2002 para 2003, o que representa menos da metade do crescimento de 2001 para 2002, de 3,6%. Além da queda no número de pessoas absorvidas pelo mercado de trabalho, o percentual ficou abaixo do crescimento da população em idade ativa, de 1,9%.
Desemprego
A taxa de desemprego passou de 9,2% em 2002 para 9,7% em 2003. No ano passado apenas 55,4% das pessoas em idade ativa tinham uma ocupação. Em 1992, este percentual era de 57,5%. Na prática, o número de desempregados passou de 7,878 milhões de pessoas em 2002 para 8,537 milhões em 2003.
As mulheres encontram mais dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. A taxa de desemprego entre as mulheres foi de 12,3%, entre os homens este percentual cai para 7,8%.
O número de mulheres supera o dos homens nos contingentes dos trabalhadores não-remunerados e na produção para o próprio consumo e, especialmente, no dos trabalhadores domésticos. Entre os empregados, a parcela feminina é maior na categoria dos militares e funcionários públicos estatutários.
Mercado de trabalho
De 2002 para 2003 houve redução de pessoal em três grandes atividades: construção; alojamento e alimentação e serviços coletivos, sociais e pessoais. Na construção a queda foi generalizada e atingiu tanto as grandes construtoras como as firmas de pequenas obras e reparos. A queda foi de 7,2%.
O setor de serviços registrou o maior crescimento na absorção de mão-de-obra, de 4,7%. Na atividade agrícola houve aumento de 1,7%.
Metodologia
A PNAD abrange todo o país, com exceção da área rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. O período de referência da pesquisa para 365 dias foi de 28 de setembro de 2002 a 27 de setembro de 2003.
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