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22/02/2005
-
13h01
SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online
O consumidor vai pagar a conta da alegria dos acionistas da Companhia Vale do Rio Doce. Hoje, a gigante brasileira anunciou um reajuste recorde (71,5% ) do minério de ferro. Com isso, o lucro da mineradora deve disparar em 2005, segundo analistas.
Mas as siderúrgicas, que compram o minério da Vale para produzir o aço, devem repassar a alta dos custos para seus preços, provocando uma onda de reajustes em cadeia. Isso terminará no varejo com aumentos de preços de produtos como carros e eletrodomésticos, que usam o aço como matéria-prima. No ano passado, a alta do preço do aço foi um dos "vilões" da inflação.
Segundo cálculos do Banco Brascan, o reajuste da Vale vai elevar em 7,15% o chamado CPV (Custo por Produto Vendido) das siderúrgicas, que devem repassar o aumento de custos para seus preços. "Acreditamos, e as empresas do setor não negam, que este aumento será repassado integralmente", cita relatório do Brascan.
Segundo o Brascan, o aumento de preços do minério vai beneficiar principalmente os acionistas da Vale e da Caemi, controlada pela mineradora, o que explica a disparada de suas ações na Bovespa.
"Numa estimativa muito preliminar, podemos dizer que o nosso preço justo para Vale salta de R$ 86,21 para R$ 104 por ação. Para Caemi, o preço sai de R$ 2,86 por ação para R$ 3,30 por ação."
O banco lembrou que a mineradora pretende elevar fortemente seus investimentos, que vão saltar de US$ 1,956 bilhão em 2004 para US$ 3,332 bilhões neste ano. Além disso, a Vale anunciou que elevará o volume de dividendos dos US$ 800 milhões pagos em 2004 para US$ 1 bilhão (US$ 0,86 por ação) em 2005.
O Banco Real, controlado pelo ABN, também comentou, em relatório, o reajuste do minério de ferro anunciado pela Vale.
"A notícia [reajuste] é muito positiva e sinaliza que as mineradoras brasileiras irão apresentar resultados em 2005 de elevada magnitude, apesar da atual relação dólar/real desfavorável às empresas exportadoras", comentou o banco, em referência à queda da moeda americana.
O Banco Real recomendou a compra das ações da Vale e informou que o percentual do reajuste ficou muito acima do esperado. "Estamos surpresos com a magnitude do reajuste divulgado."
A Vale informou, por meio de sua assessoria, que seu "reajuste não vai ter impacto significativo" no cálculo do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país. Para justificar essa opinião, a mineradora citou um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) sobre o comportamento dos preços na cadeia produtiva do aço.
Mas, ao comentar a inflação do ano passado, quando o reajuste do minério foi menor do que o anunciado para 2005, o próprio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que calcula o IPCA, reconheceu o impacto negativo da alta do aço para os preços ao consumidor.
Além disso, levantamento da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostrou que o aço para as montadoras subiu 64% em média no ano passado e que já existe a expectativa de novos reajustes.
Os preços dos veículos aumentaram mais do que a inflação em 2004, segundo levantamento de uma associação de concessionárias. Os carros da Volks subiram 24,25%; da GM, 24,15%; da Ford, 19,95%, e da Fiat, 23,95%.
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da Folha Online
O consumidor vai pagar a conta da alegria dos acionistas da Companhia Vale do Rio Doce. Hoje, a gigante brasileira anunciou um reajuste recorde (71,5% ) do minério de ferro. Com isso, o lucro da mineradora deve disparar em 2005, segundo analistas.
Mas as siderúrgicas, que compram o minério da Vale para produzir o aço, devem repassar a alta dos custos para seus preços, provocando uma onda de reajustes em cadeia. Isso terminará no varejo com aumentos de preços de produtos como carros e eletrodomésticos, que usam o aço como matéria-prima. No ano passado, a alta do preço do aço foi um dos "vilões" da inflação.
Segundo cálculos do Banco Brascan, o reajuste da Vale vai elevar em 7,15% o chamado CPV (Custo por Produto Vendido) das siderúrgicas, que devem repassar o aumento de custos para seus preços. "Acreditamos, e as empresas do setor não negam, que este aumento será repassado integralmente", cita relatório do Brascan.
Segundo o Brascan, o aumento de preços do minério vai beneficiar principalmente os acionistas da Vale e da Caemi, controlada pela mineradora, o que explica a disparada de suas ações na Bovespa.
"Numa estimativa muito preliminar, podemos dizer que o nosso preço justo para Vale salta de R$ 86,21 para R$ 104 por ação. Para Caemi, o preço sai de R$ 2,86 por ação para R$ 3,30 por ação."
O banco lembrou que a mineradora pretende elevar fortemente seus investimentos, que vão saltar de US$ 1,956 bilhão em 2004 para US$ 3,332 bilhões neste ano. Além disso, a Vale anunciou que elevará o volume de dividendos dos US$ 800 milhões pagos em 2004 para US$ 1 bilhão (US$ 0,86 por ação) em 2005.
O Banco Real, controlado pelo ABN, também comentou, em relatório, o reajuste do minério de ferro anunciado pela Vale.
"A notícia [reajuste] é muito positiva e sinaliza que as mineradoras brasileiras irão apresentar resultados em 2005 de elevada magnitude, apesar da atual relação dólar/real desfavorável às empresas exportadoras", comentou o banco, em referência à queda da moeda americana.
O Banco Real recomendou a compra das ações da Vale e informou que o percentual do reajuste ficou muito acima do esperado. "Estamos surpresos com a magnitude do reajuste divulgado."
A Vale informou, por meio de sua assessoria, que seu "reajuste não vai ter impacto significativo" no cálculo do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país. Para justificar essa opinião, a mineradora citou um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) sobre o comportamento dos preços na cadeia produtiva do aço.
Mas, ao comentar a inflação do ano passado, quando o reajuste do minério foi menor do que o anunciado para 2005, o próprio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que calcula o IPCA, reconheceu o impacto negativo da alta do aço para os preços ao consumidor.
Além disso, levantamento da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostrou que o aço para as montadoras subiu 64% em média no ano passado e que já existe a expectativa de novos reajustes.
Os preços dos veículos aumentaram mais do que a inflação em 2004, segundo levantamento de uma associação de concessionárias. Os carros da Volks subiram 24,25%; da GM, 24,15%; da Ford, 19,95%, e da Fiat, 23,95%.
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