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05/08/2005
-
15h12
VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online
A "euforia" inicial quanto às relações entre o Brasil e a China aos poucos cede lugar ao temor das importações chinesas, ao "desapontamento" com o ritmo dos investimentos prometidos no Brasil e à "irritação" do Brasil, que teria "enfraquecido suas defesas econômicas sem obter muito retorno", diz reportagem da revista britânica "The Economist".
O semanário inglês lembra que a China prometeu ao Brasil investimentos da ordem de US$ 10 bilhões, principalmente em infra-estrutura, como portos e ferrovias, que facilitariam as exportações de minério de ferro e soja para a China, além de apoio à candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança (CS) da ONU (Organização das Nações Unidas) --objetivo de longa data do Itamaraty.
Em troca, o Brasil reconheceu a China como "economia de mercado", o que dificulta a aplicação de medidas de defesa comercial na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Na frente diplomática, no entanto, a China, ainda que indiretamente, se opôs à pretensão brasileira ao CS. O Japão, arqui-rival da China também pleiteia uma vaga, o que levou os chineses a se opor à abertura de novas vagas. Com essa decisão, o caminho do Brasil ao CS também fica mais difícil --se não totalmente fechado.
No âmbito comercial, a China "não é um parceiro estratégico" como disse o presidente Lula, disse o diretor do departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, segundo a "Economist". Ele diz que a China "quer comprar matérias-primas sem valor agregado e exportar bens de consumo".
Quanto aos investimentos em infra-estrutura, o que há é "muita fumaça e pouco fogo", disse o presidente do Centro de Estudos de Logística do Instituto Coppead de Administração da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Paulo Fleury, segundo a reportagem da revista.
"[O presidente] Lula previu que o comércio com a China iria mais que dobrar, para US$ 20 bilhões, em três anos", disse a "Economist". As economias dos dois países são vistas como "complementares", uma vez que, para manter o ritmo acelerado de desenvolvimento que vem mantendo, a China precisa de commodities, as quais o Brasil está "bem posicionado" para fornecer. A China então investiria em infra-estrutura para desfazer os gargalos de produção que desestimulam o crescimento.
"Mas nenhum país em desenvolvimento estaria contente de apenas complementar a China, que parece imbatível no tipo de atividade manufatureira que cria muitos empregos. E a sinergia parece boa no papel mas está se provando difícil de pôr em prática."
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A "euforia" inicial quanto às relações entre o Brasil e a China aos poucos cede lugar ao temor das importações chinesas, ao "desapontamento" com o ritmo dos investimentos prometidos no Brasil e à "irritação" do Brasil, que teria "enfraquecido suas defesas econômicas sem obter muito retorno", diz reportagem da revista britânica "The Economist".
O semanário inglês lembra que a China prometeu ao Brasil investimentos da ordem de US$ 10 bilhões, principalmente em infra-estrutura, como portos e ferrovias, que facilitariam as exportações de minério de ferro e soja para a China, além de apoio à candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança (CS) da ONU (Organização das Nações Unidas) --objetivo de longa data do Itamaraty.
Em troca, o Brasil reconheceu a China como "economia de mercado", o que dificulta a aplicação de medidas de defesa comercial na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Na frente diplomática, no entanto, a China, ainda que indiretamente, se opôs à pretensão brasileira ao CS. O Japão, arqui-rival da China também pleiteia uma vaga, o que levou os chineses a se opor à abertura de novas vagas. Com essa decisão, o caminho do Brasil ao CS também fica mais difícil --se não totalmente fechado.
No âmbito comercial, a China "não é um parceiro estratégico" como disse o presidente Lula, disse o diretor do departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, segundo a "Economist". Ele diz que a China "quer comprar matérias-primas sem valor agregado e exportar bens de consumo".
Quanto aos investimentos em infra-estrutura, o que há é "muita fumaça e pouco fogo", disse o presidente do Centro de Estudos de Logística do Instituto Coppead de Administração da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Paulo Fleury, segundo a reportagem da revista.
"[O presidente] Lula previu que o comércio com a China iria mais que dobrar, para US$ 20 bilhões, em três anos", disse a "Economist". As economias dos dois países são vistas como "complementares", uma vez que, para manter o ritmo acelerado de desenvolvimento que vem mantendo, a China precisa de commodities, as quais o Brasil está "bem posicionado" para fornecer. A China então investiria em infra-estrutura para desfazer os gargalos de produção que desestimulam o crescimento.
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