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05/12/2002
-
11h16
da Folha de S.Paulo
Desde o início da civilização, ele está presente. Muito útil, mas bem perigoso. Esse é o chumbo. A história desse metal é, de certo modo, uma viagem pela nossa própria história. Vamos embarcar nela?
Os primeiros registros do uso do chumbo são de 4.000 a.C. Sabe aquela maquiagem preta que a Cleópatra usava em volta dos olhos? É o "kohl", pó feito com galena, um minério de chumbo. Mas foi com a civilização romana (século 4º a.C. a 5º d.C.) que o chumbo ganhou mais destaque. Da maquiagem ele pulou para os telhados, para os encanamentos, para os utensílios de cozinha e para os vasos de estocar vinho e comida.
A obtenção do chumbo é bem simples. Talvez isso explique sua constante presença na nossa história. Ele é encontrado na natureza principalmente na forma de galena (sulfeto de chumbo, PbS). Para que a galena vire chumbo metálico (Pb0), é só submetê-la a uma queima com carvão.
O calor liberado possibilita a reação do minério com o oxigênio do ar: 2 PbS + 3 O2 --- 2 PbO + 2 SO2. Na seqüência, o PbO reage com o carbono (do carvão): PbO + C --- Pb + CO, formando o chumbo metálico. Como o chumbo funde a 328º C, é muito fácil trabalhar com ele (o ferro, por exemplo, só funde a 1.535º C).
O que os romanos não sabiam é que os compostos de chumbo são altamente venenosos. É por isso, aliás, que alguns historiadores creditam ao chumbo uma pequena parcela de culpa na queda do Império Romano.
Ele é muito tóxico porque, quando absorvido pelo organismo, desabilita as enzimas que sintetizam a hemoglobina. Como resultado, o ácido aminolevulínico, precursor da hemoglobina, aumenta sua concentração no organismo, causando constipação intestinal, cólicas estomacais, descoordenação motora, anemia etc.
Para piorar, o chumbo tem efeito cumulativo, isto é, mesmo ingerido em pequenas doses, ele vai se acumulando, causando o envenenamento chamado de plumbismo ou saturnismo.
Os romanos eram tão aficionados pelo chumbo que o utilizaram até na culinária! O acetato de chumbo, um composto muito doce, era usado para adoçar vinhos e molhos, assim, envenenava a população! Essa foi, sem dúvida, a principal causa do plumbismo, tão comum no povo romano. Não perca, na próxima coluna, a continuação dessa viagem.
Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail: lula5@ig.com.br
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Química: Chumbo - uma viagem no tempo - parte 1
LUÍS FERNANDO PEREIRAda Folha de S.Paulo
Desde o início da civilização, ele está presente. Muito útil, mas bem perigoso. Esse é o chumbo. A história desse metal é, de certo modo, uma viagem pela nossa própria história. Vamos embarcar nela?
Os primeiros registros do uso do chumbo são de 4.000 a.C. Sabe aquela maquiagem preta que a Cleópatra usava em volta dos olhos? É o "kohl", pó feito com galena, um minério de chumbo. Mas foi com a civilização romana (século 4º a.C. a 5º d.C.) que o chumbo ganhou mais destaque. Da maquiagem ele pulou para os telhados, para os encanamentos, para os utensílios de cozinha e para os vasos de estocar vinho e comida.
A obtenção do chumbo é bem simples. Talvez isso explique sua constante presença na nossa história. Ele é encontrado na natureza principalmente na forma de galena (sulfeto de chumbo, PbS). Para que a galena vire chumbo metálico (Pb0), é só submetê-la a uma queima com carvão.
O calor liberado possibilita a reação do minério com o oxigênio do ar: 2 PbS + 3 O2 --- 2 PbO + 2 SO2. Na seqüência, o PbO reage com o carbono (do carvão): PbO + C --- Pb + CO, formando o chumbo metálico. Como o chumbo funde a 328º C, é muito fácil trabalhar com ele (o ferro, por exemplo, só funde a 1.535º C).
O que os romanos não sabiam é que os compostos de chumbo são altamente venenosos. É por isso, aliás, que alguns historiadores creditam ao chumbo uma pequena parcela de culpa na queda do Império Romano.
Ele é muito tóxico porque, quando absorvido pelo organismo, desabilita as enzimas que sintetizam a hemoglobina. Como resultado, o ácido aminolevulínico, precursor da hemoglobina, aumenta sua concentração no organismo, causando constipação intestinal, cólicas estomacais, descoordenação motora, anemia etc.
Para piorar, o chumbo tem efeito cumulativo, isto é, mesmo ingerido em pequenas doses, ele vai se acumulando, causando o envenenamento chamado de plumbismo ou saturnismo.
Os romanos eram tão aficionados pelo chumbo que o utilizaram até na culinária! O acetato de chumbo, um composto muito doce, era usado para adoçar vinhos e molhos, assim, envenenava a população! Essa foi, sem dúvida, a principal causa do plumbismo, tão comum no povo romano. Não perca, na próxima coluna, a continuação dessa viagem.
Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail: lula5@ig.com.br
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