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08/08/2003
-
20h21
da Folha Online
Contestado por proprietários de bares e restaurantes, o "Dia da Pendura", uma tradição dos estudantes de direito, ganhou o respaldo do presidente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional São Paulo), Carlos Miguel Aidar.
A data é lembrada sempre no dia 11 de agosto, quando universitários e profissionais comemoram o dia do advogado sem pagar a conta do restaurante.
Aidar defende a "pendura organizada", apesar de afirmar que em caso de "impasse" na hora de pagar a conta, a alternativa é seguir para a delegacia. "É o que acaba acontecendo. E o delegado é formado em direito. A solução é a negociação", afirmou.
O presidente do Sindicato dos Restaurantes da cidade, Percival Maricato, 58, reage. "A OAB não está sendo realista. Precisa ouvir a opinião dos pequenos empresários", afirma.
Para ele, houve uma "deformidade" na tradição. Maricato afirma que o grande número de estudantes e a crise econômica "tornam impossível" que a tradição seja aceita.
Tom de irreverência
O presidente da OAB afirma que sua defesa em manter a tradição não tem como objetivo incentivar "penduras" e admite que os restaurantes não têm capacidade para suportar o grande número de estudantes que se aproveitam da data.
"É uma tradição e as tradições devem ser aceitas para que sejam mantidas vivas na história do país", afirmou.
Apesar de afirmar que a vocação do advogado começa no respeito à lei, Aidar afirma que o "pendura" tem um tom de irreverência, que precisa ser mantido.
Caso o comerciante não concorde em ficar no prejuízo e todos sigam para a delegacia, Aidar sugere que os estudantes levem dinheiro para não serem pegos de surpresa.
"Os estudantes devem comprovar que dispõem de recursos para pagar a conta, para não serem enquadrados em crime penal, mas não o fazem por respeito à tradição do pendura", disse.
Aidar recomenda, porém, que os centros acadêmicos entrem em contato com o restaurante e comunique a quantidade de alunos participantes. Outra opção são os ofícios emitidos pelos centros acadêmicos. "Eles levam uma carta do centro acadêmico, que é afixada no estabelecimento como sinal de que o pendura já foi feita ali", disse.
O Centro Acadêmico 11 de Agosto, que representa os estudantes da faculdade de direito da USP, afirma que os interessados pelo "pendura" tiveram os ofícios disponibilizados. O centro, porém, não entrou em contato com bares e restaurantes.
O "Dia da Pendura", segundo a OAB, surgiu na metade do século 19, quando os proprietários de restaurantes convidavam os acadêmicos --seus fregueses habituais --para brindarem a data.
"Com o passar dos anos e o incremento da crise econômica, diminuíram os convites para os estudantes, mas a criatividade e a irreverência dos acadêmicos encontraram alternativas para a comemoração e o pendura surgiu na forma como o conhecemos hoje. Os estudantes entram como fregueses normais, comem, bebem, fazem um pronunciamento sobre a data festiva e mandam pendurar as contas", diz Aidar.
Leia mais
Tradição do "pendura" foi deformada, diz sindicato dos restaurantes
Presidente da OAB-SP defende a tradição do "pendura"
LÍVIA MARRAda Folha Online
Contestado por proprietários de bares e restaurantes, o "Dia da Pendura", uma tradição dos estudantes de direito, ganhou o respaldo do presidente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional São Paulo), Carlos Miguel Aidar.
A data é lembrada sempre no dia 11 de agosto, quando universitários e profissionais comemoram o dia do advogado sem pagar a conta do restaurante.
Aidar defende a "pendura organizada", apesar de afirmar que em caso de "impasse" na hora de pagar a conta, a alternativa é seguir para a delegacia. "É o que acaba acontecendo. E o delegado é formado em direito. A solução é a negociação", afirmou.
O presidente do Sindicato dos Restaurantes da cidade, Percival Maricato, 58, reage. "A OAB não está sendo realista. Precisa ouvir a opinião dos pequenos empresários", afirma.
Para ele, houve uma "deformidade" na tradição. Maricato afirma que o grande número de estudantes e a crise econômica "tornam impossível" que a tradição seja aceita.
Tom de irreverência
O presidente da OAB afirma que sua defesa em manter a tradição não tem como objetivo incentivar "penduras" e admite que os restaurantes não têm capacidade para suportar o grande número de estudantes que se aproveitam da data.
"É uma tradição e as tradições devem ser aceitas para que sejam mantidas vivas na história do país", afirmou.
Apesar de afirmar que a vocação do advogado começa no respeito à lei, Aidar afirma que o "pendura" tem um tom de irreverência, que precisa ser mantido.
Caso o comerciante não concorde em ficar no prejuízo e todos sigam para a delegacia, Aidar sugere que os estudantes levem dinheiro para não serem pegos de surpresa.
"Os estudantes devem comprovar que dispõem de recursos para pagar a conta, para não serem enquadrados em crime penal, mas não o fazem por respeito à tradição do pendura", disse.
Aidar recomenda, porém, que os centros acadêmicos entrem em contato com o restaurante e comunique a quantidade de alunos participantes. Outra opção são os ofícios emitidos pelos centros acadêmicos. "Eles levam uma carta do centro acadêmico, que é afixada no estabelecimento como sinal de que o pendura já foi feita ali", disse.
O Centro Acadêmico 11 de Agosto, que representa os estudantes da faculdade de direito da USP, afirma que os interessados pelo "pendura" tiveram os ofícios disponibilizados. O centro, porém, não entrou em contato com bares e restaurantes.
O "Dia da Pendura", segundo a OAB, surgiu na metade do século 19, quando os proprietários de restaurantes convidavam os acadêmicos --seus fregueses habituais --para brindarem a data.
"Com o passar dos anos e o incremento da crise econômica, diminuíram os convites para os estudantes, mas a criatividade e a irreverência dos acadêmicos encontraram alternativas para a comemoração e o pendura surgiu na forma como o conhecemos hoje. Os estudantes entram como fregueses normais, comem, bebem, fazem um pronunciamento sobre a data festiva e mandam pendurar as contas", diz Aidar.
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