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26/05/2004 - 15h01

Coordenador do Enem rebate críticas de especialistas

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da Folha Online

O coordenador do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), Dorivan Ferreira, afirmou que o exame não se destina a avaliar o ensino médio no país. Ele disse ainda que a prova "é extremamente complexa".

Os comentários se referem a declarações de especialistas em vestibulares, ouvidos pela Folha Online, que disseram que o sistema não é eficiente para selecionar alunos --cerca de 20% das instituições de ensino superior vão usar o Enem como parte do processo seletivo neste ano.

Além disso, o Ministério da Educação quer utilizar os resultados e o questionário socioeconômico do exame para selecionar os beneficiados do programa que visa reservar vagas no ensino superior privado a alunos da rede pública com renda familiar per capita inferior a um salário mínimo. O projeto, chamado de Universidade para Todos, foi enviado ao Congresso Nacional na semana passada.

"O Enem não consegue dar uma 'sintonia fina' necessária em carreiras muito disputadas, em que é preciso diferenciar o bom do excelente aluno", afirma o diretor acadêmico da Vunesp --fundação que aplica o vestibular da Unesp (Universidade Estadual Paulista)--, Fernando Prado. Segundo ele, o exame é bom para "dar um panorama da educação".

Já o coordenador da Fuvest --fundação que aplica o vestibular da USP (Universidade de São Paulo), Roberto Costa, diz que o grau de dificuldade do exame não tem "estabilidade" (varia de ano para ano).

As inscrições para o Enem deste ano estão abertas até esta quarta-feira (26) para alunos que ainda cursam o ensino médio. Para quem já terminou, o período vai até sábado (29).

Confira a íntegra da mensagem enviada pelo coordenador do Enem, Dorivan Ferreira, enviado à Folha Online.

O Enem é uma avaliação cidadã que, pelo fato de ser centrada no indivíduo, promoveu o controle social da escola, tendo em vista que, com base em seus resultados, o jovem passa a cobrar da escola um melhor desempenho da mesma.

Por ser uma avaliação individual e voluntária, o Enem não tem como objetivo a avaliação do sistema. Entretanto, pelo fato de ter uma aceitação imensa junto à população de jovens, o imenso contingente de participantes permite que se tenha uma visão de como o ensino médio e a própria escola têm atuado no sentido de promover ou não uma educação de boa qualidade.

O tipo de prova que o Enem desenvolve é completamente diferente das provas tradicionais, principalmente as aplicadas nos vestibulares, pois o que se espera do jovem não é a simples memorização do conhecimento, mas sim uma bagagem de habilidades e competências adquiridas ao longo da escolarização formal e da vida, onde é necessário que o indivíduo tenha uma formação cultural, conhecimentos gerais e a capacidade de utilizar os conhecimentos adquiridos na escola para aplicá-los em situações com as quais vai se deparar em sua vida, seja na continuação de seus estudos, no trabalho, ou em situações práticas da vida. O jovem tem que ter a capacidade de sistematizar os conhecimentos e informações de que dispõe e utilizar sua capacidade de raciocínio lógico para transformar esse conhecimento e aplicá-lo em situações problemas propostos pelas questões do Enem.

Como o Exame não tem o objetivo de classificar alunos, mas sim dar uma visão daquilo que ele conseguiu apreender ao longo dos 11 anos da escolaridade básica, sua principal contribuição é traçar um retrato das competências e habilidades individuais que o jovem possui ao finalizar esse grau de escolaridade. A prova do Enem não é fácil, pelo contrário, é extremamente complexa, tendo em vista a necessidade que o jovem tem de transformar o conhecimento que possui aplicando-o para solucionar problemas e intervir na realidade, propondo soluções e caminhos para a resolução dos desafios que a vida oferece a eles.

O exame serve, também, como um excelente instrumento para identificar talentos individuais, aqueles jovens que têm desempenho escolar acima do comum, o que possibilitaria monitorá-los e dar-lhes estímulo para que transformem seu potencial em conquistas concretas. Atualmente, eles ficam perdidos no meio das grandes estatísticas.

O governo encaminhou ao Congresso Nacional para ser votado pelos parlamentares um projeto que estabelece um percentual de vagas das escolas particulares a serem destinadas aos alunos carentes que desejam continuar seus estudos, o Prouni (Programa Universidade para Todos). A seleção dos jovens que terão direito a essas bolsas será feita pelo Enem, pois entende-se que o exame é capaz de identificar os jovens com melhor desempenho e com possibilidade não só de iniciar, mas de continuar seus estudos superiores, tendo em vista o fato de identificar em que áreas esses alunos apresentam um bom desempenho e em quais precisa de algum reforço, ajudando ao sistema a privilegiar aquelas áreas em que esses jovens encontram maiores dificuldades. Esse tipo de acompanhamento já vem sendo feito, com sucesso, por algumas instituições de ensino superior.

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