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03/08/2004
-
08h52
FERNANDA MENA
da Folha de S. Paulo
Foram 61 dias de férias forçadas o que tiveram os alunos da Universidade de São Paulo que não participaram das longas assembléias de greve estudantil nem se envolveram nas muitas discussões promovidas pelos docentes e funcionários paralisados.
Aqueles que acreditaram que, pelo andar da greve, não haveria volta às aulas tão cedo na universidade, arriscaram para colocar em prática seus projetos.
"Desde muito nova eu queria fazer uma cirurgia plástica no nariz. Mas, primeiro, não tinha idade para isso. Depois, não encontrava um bom médico. E, finalmente, superadas as duas primeiras dificuldades, não queria aparecer nas aulas toda inchada e cheia de curativos", explica Camila Ribeiro, 19, estudante de letras. "Não sabia ao certo o tempo de recuperação da cirurgia e, quando vi que a greve era pra valer, marquei a operação. Casou tudo certinho."
Camila se tornou o caso de "antes e depois" da greve. Voltou ontem às aulas de nariz novo, sem óculos e de cabelos lisos. "Ficou ótimo", incentivou uma colega.
Não tão radical assim, Victor Schachnik, 22, aproveitou a greve para fazer um curso de barman. "Se não fosse a greve, não faria isso. Mas, como estou atrás de um emprego temporário, aproveitei o tempo livre."
Sem nada para fazer, o aluno do curso de arquitetura Paulo Felippe, 20, resolveu fazer turismo pelo litoral. "Fui para Ilhabela, São Sebastião, Ubatuba e Caraguatatuba. Se as aulas tivessem voltado nesse período, eu provavelmente nem ficaria sabendo", diz.
Internet e pijamas
Sem saber direito quando e como voltariam às aulas, outros estudantes optaram por não fazer plano algum, e passaram os dois meses de paralisação das aulas de bobeira em casa.
Muitos foram fisgados pela febre do Orkut (www.orkut.com) --a comunidade virtual que mescla site pessoal, blogue, fotologue e bate-papo e que virou mania entre brasileiros-- e criaram comunidades para discutir os problemas da USP e a greve.
"Para ter uma idéia, fiquei sabendo do final da greve pelo Orkut", afirma Fernanda Yamamoto, 20. A estudante de letras ficou tão viciada no Orkut que afirma ter chegado a passar 18 horas por dia na comunidade da Internet.
"Abusei do Orkut, fiquei lá dia e noite. Acordava e, antes mesmo de tomar café da manhã, já estava conectada. Foi aí que comecei a conhecer melhor o pessoal da minha faculdade."
Houve ainda os estudantes que passaram o período de paralisação no que apelidaram de "greve do pijama": usaram a folga forçada para tirar o atraso do sono --dos últimos anos e, provavelmente, dos próximos também.
"Como não sabia quando as aulas voltariam, fiquei com medo de programar algo", explica Leandro Silvestrini, 21, estudante de ciências sociais. "Então, a saída foi dormir muito", brinca.
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Foram 61 dias de férias forçadas o que tiveram os alunos da Universidade de São Paulo que não participaram das longas assembléias de greve estudantil nem se envolveram nas muitas discussões promovidas pelos docentes e funcionários paralisados.
Aqueles que acreditaram que, pelo andar da greve, não haveria volta às aulas tão cedo na universidade, arriscaram para colocar em prática seus projetos.
"Desde muito nova eu queria fazer uma cirurgia plástica no nariz. Mas, primeiro, não tinha idade para isso. Depois, não encontrava um bom médico. E, finalmente, superadas as duas primeiras dificuldades, não queria aparecer nas aulas toda inchada e cheia de curativos", explica Camila Ribeiro, 19, estudante de letras. "Não sabia ao certo o tempo de recuperação da cirurgia e, quando vi que a greve era pra valer, marquei a operação. Casou tudo certinho."
Camila se tornou o caso de "antes e depois" da greve. Voltou ontem às aulas de nariz novo, sem óculos e de cabelos lisos. "Ficou ótimo", incentivou uma colega.
Não tão radical assim, Victor Schachnik, 22, aproveitou a greve para fazer um curso de barman. "Se não fosse a greve, não faria isso. Mas, como estou atrás de um emprego temporário, aproveitei o tempo livre."
Sem nada para fazer, o aluno do curso de arquitetura Paulo Felippe, 20, resolveu fazer turismo pelo litoral. "Fui para Ilhabela, São Sebastião, Ubatuba e Caraguatatuba. Se as aulas tivessem voltado nesse período, eu provavelmente nem ficaria sabendo", diz.
Internet e pijamas
Sem saber direito quando e como voltariam às aulas, outros estudantes optaram por não fazer plano algum, e passaram os dois meses de paralisação das aulas de bobeira em casa.
Muitos foram fisgados pela febre do Orkut (www.orkut.com) --a comunidade virtual que mescla site pessoal, blogue, fotologue e bate-papo e que virou mania entre brasileiros-- e criaram comunidades para discutir os problemas da USP e a greve.
"Para ter uma idéia, fiquei sabendo do final da greve pelo Orkut", afirma Fernanda Yamamoto, 20. A estudante de letras ficou tão viciada no Orkut que afirma ter chegado a passar 18 horas por dia na comunidade da Internet.
"Abusei do Orkut, fiquei lá dia e noite. Acordava e, antes mesmo de tomar café da manhã, já estava conectada. Foi aí que comecei a conhecer melhor o pessoal da minha faculdade."
Houve ainda os estudantes que passaram o período de paralisação no que apelidaram de "greve do pijama": usaram a folga forçada para tirar o atraso do sono --dos últimos anos e, provavelmente, dos próximos também.
"Como não sabia quando as aulas voltariam, fiquei com medo de programar algo", explica Leandro Silvestrini, 21, estudante de ciências sociais. "Então, a saída foi dormir muito", brinca.
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