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12/08/2004
-
11h03
ANDRÉ NICOLETTI
da Folha de S. Paulo
A Olimpíada só começa amanhã, mas o Brasil já pode falar que ganhou duas pratas e quatro bronzes em Atenas. Os responsáveis pelo feito foram seis brasileiros alunos do ensino médio que deixaram o vestibular em segundo plano para se dedicar à preparação para a Olimpíada Internacional de Matemática, disputada neste ano na capital grega.
A competição foi realizada entre os dias 6 e 18 de julho e contou com a participação de cerca de 500 estudantes de 85 países. Na classificação geral, o Brasil ficou na 21ª colocação, empatado com o Canadá e o Cazaquistão, e à frente de Alemanha, Austrália e todos os outros países da América Latina. Em primeiro lugar, ficou a China --que tem grande tradição na competição--, seguida dos EUA. Na última Olimpíada esportiva, em Sydney, o Brasil ficou apenas na 56ª colocação.
Consideradas as mais difíceis do mundo, as provas da Olimpíada Internacional de Matemática são em dois dias. Em cada um, há quatro horas e meia para resolver três questões, que valem sete pontos cada uma. Pode parecer muito tempo para o vestibulando acostumado a fazer cem testes em cinco horas, mas, segundo os competidores, é algo justificado pela dificuldade.
"Na Fuvest, você sabe o caminho que tem de seguir. Na Olimpíada, você precisa desenvolver sua estratégia para resolver o problema. Você pode ficar meia hora em um caminho, perceber que não vai dar em nada e ter de recomeçar", disse Rafael Daigo Hirama, ganhador da prata.
Como exemplo da dificuldade, só cinco competidores conseguiram gabaritar a prova. Se o aluno conseguir responder a pelo menos um exercício inteiro, já ganha uma menção honrosa. A prova está disponível no site www.teorema.mat.br.
Diferentemente do que ocorre em disputas esportivas, em que o primeiro colocado ganha ouro, o segundo, prata e o terceiro, bronze, na Olimpíada de Matemática, há mais de um competidor com a mesma medalha. Dos cerca de 500 estudantes, metade é premiada. Desses, aproximadamente os 40 melhores levam o ouro, os 80 seguintes, a prata e os próximos 120, o bronze. Desde 1979, quando começou a enviar representantes, o Brasil já conseguiu seis ouros, o último em 1998.
Apesar da falta da premiação máxima, o Brasil vem conseguindo nos últimos quatro anos mais "consistência", segundo o coordenador da comissão de Olimpíadas de Matemática, Edmilson Motta. "Dos 24 que participaram nos últimos quatro anos, apenas dois não conseguiram medalhas, mas, mesmo assim, voltaram com menções honrosas. Poucos países têm essa consistência." Dos brasileiros, ganharam prata Rafael Daigo Hirama e Gabriel Bujokas. Já Fábio Dias Moreira, Thiago Costa Leite Santos, Henry Wei Cheng Hsu e Rafael Marini Silva ficaram com o bronze. Para ter ouro, era preciso fazer 32 dos 42 pontos da prova. Gabriel fez 29 e Rafael Daigo, 26.
Seleção e preparação
Se a vida de esportista olímpico requer horas de treino, a de estudante olímpico não fica muito atrás. A preparação em geral começa cedo, aos 12 ou 13 anos, e, às vésperas das competições, chega a consumir até cinco horas diárias.
"Comecei bem mais tarde que os outros cinco. Só fui estudar a sério para a Olimpíada a partir do segundo ano do ensino médio. Para poder acompanhá-los, tenho de estudar muito mais", disse Rafael Marini, que, agora, pretende se dedicar ao vestibular.
Ele e os outros representantes não podem dizer que o treino não ajudou nos processos seletivos, pelo menos na área de exatas. "No primeiro semestre não dei muita bola para o vestibular. Agora vou me dedicar mais. Tenho mais facilidade com exatas, mas não sou gênio. Tenho de estudar as de humanas para ir bem. Não dá para deduzir as coisas em humanas."
Prova que o treinamento ajuda também nos vestibulares é o desempenho deles como treineiros. Os três que já prestaram alguma vez o exame da Fuvest ficaram entre os melhores.
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A Olimpíada só começa amanhã, mas o Brasil já pode falar que ganhou duas pratas e quatro bronzes em Atenas. Os responsáveis pelo feito foram seis brasileiros alunos do ensino médio que deixaram o vestibular em segundo plano para se dedicar à preparação para a Olimpíada Internacional de Matemática, disputada neste ano na capital grega.
A competição foi realizada entre os dias 6 e 18 de julho e contou com a participação de cerca de 500 estudantes de 85 países. Na classificação geral, o Brasil ficou na 21ª colocação, empatado com o Canadá e o Cazaquistão, e à frente de Alemanha, Austrália e todos os outros países da América Latina. Em primeiro lugar, ficou a China --que tem grande tradição na competição--, seguida dos EUA. Na última Olimpíada esportiva, em Sydney, o Brasil ficou apenas na 56ª colocação.
Consideradas as mais difíceis do mundo, as provas da Olimpíada Internacional de Matemática são em dois dias. Em cada um, há quatro horas e meia para resolver três questões, que valem sete pontos cada uma. Pode parecer muito tempo para o vestibulando acostumado a fazer cem testes em cinco horas, mas, segundo os competidores, é algo justificado pela dificuldade.
"Na Fuvest, você sabe o caminho que tem de seguir. Na Olimpíada, você precisa desenvolver sua estratégia para resolver o problema. Você pode ficar meia hora em um caminho, perceber que não vai dar em nada e ter de recomeçar", disse Rafael Daigo Hirama, ganhador da prata.
Como exemplo da dificuldade, só cinco competidores conseguiram gabaritar a prova. Se o aluno conseguir responder a pelo menos um exercício inteiro, já ganha uma menção honrosa. A prova está disponível no site www.teorema.mat.br.
Diferentemente do que ocorre em disputas esportivas, em que o primeiro colocado ganha ouro, o segundo, prata e o terceiro, bronze, na Olimpíada de Matemática, há mais de um competidor com a mesma medalha. Dos cerca de 500 estudantes, metade é premiada. Desses, aproximadamente os 40 melhores levam o ouro, os 80 seguintes, a prata e os próximos 120, o bronze. Desde 1979, quando começou a enviar representantes, o Brasil já conseguiu seis ouros, o último em 1998.
Apesar da falta da premiação máxima, o Brasil vem conseguindo nos últimos quatro anos mais "consistência", segundo o coordenador da comissão de Olimpíadas de Matemática, Edmilson Motta. "Dos 24 que participaram nos últimos quatro anos, apenas dois não conseguiram medalhas, mas, mesmo assim, voltaram com menções honrosas. Poucos países têm essa consistência." Dos brasileiros, ganharam prata Rafael Daigo Hirama e Gabriel Bujokas. Já Fábio Dias Moreira, Thiago Costa Leite Santos, Henry Wei Cheng Hsu e Rafael Marini Silva ficaram com o bronze. Para ter ouro, era preciso fazer 32 dos 42 pontos da prova. Gabriel fez 29 e Rafael Daigo, 26.
Seleção e preparação
Se a vida de esportista olímpico requer horas de treino, a de estudante olímpico não fica muito atrás. A preparação em geral começa cedo, aos 12 ou 13 anos, e, às vésperas das competições, chega a consumir até cinco horas diárias.
"Comecei bem mais tarde que os outros cinco. Só fui estudar a sério para a Olimpíada a partir do segundo ano do ensino médio. Para poder acompanhá-los, tenho de estudar muito mais", disse Rafael Marini, que, agora, pretende se dedicar ao vestibular.
Ele e os outros representantes não podem dizer que o treino não ajudou nos processos seletivos, pelo menos na área de exatas. "No primeiro semestre não dei muita bola para o vestibular. Agora vou me dedicar mais. Tenho mais facilidade com exatas, mas não sou gênio. Tenho de estudar as de humanas para ir bem. Não dá para deduzir as coisas em humanas."
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