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23/09/2004 - 09h03

Alunos reclamam de dupla jornada no ano do vestibular

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da Folha de S. Paulo

Michelle Ferreira, 21, trabalha da meia-noite às 9h como operadora de telemarketing. Depois do trabalho, vai para casa, onde dorme e tenta estudar um pouco para o vestibular. Antes das 19h, já está no cursinho, de onde sai e vai direto para o trabalho.

"Há dias em que não consigo acordar para ir para a aula, de tão cansada que eu estou", diz ela, que queria fazer artes cênicas, mas vai prestar letras pelo fato de o vestibular ser menos concorrido. Na USP, o curso de artes cênicas teve 45,20 candidatos por vaga, contra 9,04 do de letras.

Mayra Neves, 20, tem um horário de trabalho mais tradicional, das 8h às 18h, como assistente administrativa. Como a empresa fica em um bairro muito distante do cursinho, ela demora mais de uma hora para chegar. "Nunca consigo chegar a tempo de assistir à primeira aula."

As duas são bons exemplos de como é complicado tentar conciliar trabalho com estudos. Principalmente se os estudos são a preparação para o vestibular, ou seja, têm uma carga extra de pressão e de ansiedade.

Mas, apesar disso, há meios de driblar as dificuldades. De acordo com o professor Paulo Motta, que é psicólogo na Unesp e desenvolve um trabalho com adolescentes no Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada de Assis (SP), é possível trabalhar e estudar, desde que o vestibulando consiga gerenciar e administrar o tempo.

Motta deu um exemplo de gerenciamento do tempo: "O dia tem 24 horas, sendo oito horas de sono, oito de trabalho e, em tese, mais quatro de aula. Restam outras quatro horas livres que precisam ser bem aproveitadas para que o estudo renda o suficiente para que o candidato conquiste uma vaga no vestibular", diz.

Erik Dias Ferreira, 25, afirma que tenta administrar corretamente o tempo para conciliar trabalho e estudo. Ele é PM e quer entrar na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, em que, no último processo seletivo, a concorrência foi de 43,54 candidatos por vaga. "É puxado trabalhar e estudar, mas é importante se planejar para conseguir fazer tudo. Consigo até praticar esportes."

A prática de alguma atividade esportiva, segundo o psicólogo da Unesp, é uma das melhores maneiras de o aluno relaxar e conseguir absorver o conteúdo que está sendo estudado, sem estresse e de maneira saudável. "Nós sugerimos que o estudante pratique alguma atividade física por no mínimo uma hora por dia, principalmente a natação, que é o esporte mais completo porque mexe com toda a musculatura do corpo e ajuda a relaxar", disse Motta.

Pique

A estudante Aline Krukas, 21, assistente administrativa de um escritório contábil, levanta outra situação complicada: como se manter alerta nas aulas depois de um dia inteiro de trabalho? "Não temos o pique que o pessoal da manhã tem."

Para essa questão, o psicólogo sugere que o aluno faça um sacrifício no ano de vestibular. "O cansaço físico e o mental com certeza são as principais queixas que recebemos dos jovens que trabalham e estudam. Mas é necessário ter em mente que isso é uma fase da vida e que haverá recompensa por todo esse esforço", diz Motta.

Os professores de cursinho também tentam fazer a sua parte e driblar o cansaço dos alunos. Para isso eles costumam usar métodos de aula diferenciados para os cursos noturnos. "Em primeiro lugar, as aulas são um pouco mais curtas, o que faz com que os alunos tenham mais matérias no mesmo dia. Isso provoca um ritmo mais dinâmico e ajuda a não deixar o cansaço tomar conta", diz Caio Sérgio Calçada, professor de física e coordenador do Objetivo.

"Além disso, as aulas à noite têm de ser independentes umas das outras. Não posso começar uma aula no curso noturno cobrando o conteúdo da aula anterior, como faço com a turma da manhã. Sei que eles não têm o mesmo tempo de rever a matéria em casa, então sempre começo fazendo uma revisão", afirma Calçada.

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