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30/08/2005 - 10h42

Curso quer formar "supercientista"

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SIMONE HARNIK
da Folha de S.Paulo

Um cientista com grande domínio de física quântica --aquela que estuda as partículas atômicas e subatômicas--, conhecimentos profundos da constituição das moléculas de DNA e das proteínas e que saiba como tudo isso interage no organismo, até o momento, é resultado de longos anos de graduação e de pós-graduação. Para encurtar o caminho da formação desse profissional, o Instituto de Física da USP de São Carlos criou o curso de ciências físicas e biomoleculares.

Só que essa nova graduação ainda pretende mais: não quer formar apenas acadêmicos que dediquem sua vida ao ensino e à pesquisa nas universidades, a idéia é formar "supercientistas empreendedores", que consigam detectar as necessidades por produtos, desenvolvê-los e ainda pensar em patentes.

O curso é o primeiro com esse perfil a surgir na América Latina. "Nos Estados Unidos e na Europa, já existem vários exemplos de cursos semelhantes", disse o professor Otavio Henrique Thieman, um dos idealizadores. "Só que lá fora as graduações têm outros nomes, como engenharia biomolecular ou química biomolecular."

Na USP, o curso ganhou um nome que impressiona quem o ouve pela primeira vez. Mas as possibilidades de emprego são um bom estímulo para romper o preconceito com a nomenclatura.

Quem se formar vai poder atuar em empresas de biotecnologia (que desenvolvem produtos a partir de seres vivos, como fungos e bactérias), em universidades, em laboratórios de pesquisas e de análises em clínicas, em empresas agropecuárias, em laboratórios farmacêuticos, em bioinformática e até na criação de novos equipamentos científicos.

"Até agora, quem trabalha com biotecnologia teve uma formação em química, em biologia e depois fez pós-graduação. São pessoas que tiveram que estudar muito, percorrer um caminho muito longo. A gente quer encurtar um pouco isso. A pessoa que sair do curso já vai ter uma bagagem muito grande", afirma o professor, cuja graduação foi em agronomia.

O curso terá ênfase na parte de física e na preparação dos alunos para desenvolverem uma maior capacidade de análise. "Quem escolher ciências físicas e biomoleculares vai ter uma base sólida em física, em química, em matemática e em biologia molecular", disse Thieman. "Mas também vamos mostrar um aspecto empreendedor no curso."

De acordo com o professor, em geral, os pesquisadores são formados para desenvolver estudos e publicá-los. "Pensar em produtos não é trivial. E é possível criar patentes e microempresas. Nós vamos dar o primeiro sabor sobre como fazer isso", diz.

Pioneiros

O vestibulando Filipe Lopes da Rocha, 18, é um dos que vão arriscar no novo curso. "Fiquei sabendo pelo meu tio, que trabalha em um laboratório de física da USP. Aí me informei e vi que a área de genética é nova e que está com bom mercado de trabalho."

A parte do curso que mais atrai Filipe é a de biologia. Mesmo assim ele pretende encarar uma grade carregada de disciplinas de física. "É um curso novo, que ninguém sabe o que vai ser. Mas não dá medo. Estou com uma expectativa muito boa. Acho até que o vestibular vai ser bem concorrido", afirmou o estudante.

O professor Thieman diz acreditar no sucesso do curso, que começou a ter o programa definido em 2003. "Não vejo os primeiros alunos como cobaias. A gente levou muito tempo para amadurecer a idéia e estamos sentindo que há demanda de mercado. Só há uma opção para o nosso curso: é dar certo", disse.

"Em quatro anos, vamos conseguir formar um profissional versátil, que sabe como acontecem os fenômenos, como interpretá-los e com grande capacidade de análise", afirma o professor.

O curso vai lidar com as áreas limites entre física, química, biologia e medicina. "Essa divisão entre disciplinas é artificial. A natureza não tem fronteiras. Hoje, é preciso um profissional que consiga se comunicar como um físico e como um químico. Alguém que tenha conhecimentos profundos para gerenciar", diz.

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