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16/10/2005
-
12h54
FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo
Aos seus alunos da primeira série, a professora Giseli Orsigobbi lança a seguinte situação: seu animal de estimação morreu, o que há de bom nisso? A pequena Helena Kriaky, 7, após pensar por alguns segundos, responde: "Se comprarmos um gatinho pequeno, será legal porque poderemos vê-lo crescer".
Como Helena, outras 1.700 crianças de São Paulo participam, em suas escolas, de um programa de educação emocional chamado Amigos do Zippy. O projeto começou neste ano e foi adotado por 32 colégios do Estado, entre públicos e particulares.
As aulas, semanais, visam ensinar as crianças a lidar com situações emocionais adversas, como a morte de um parente, a separação dos pais ou a mudança de escola.
As atividades têm como base histórias contadas pelos próprios professores dos alunos. As narrativas envolvem um inseto --chamado Zippy-- e seus amigos, na faixa dos sete anos.
A cada semana, os personagens passam por uma situação complicada. Contada a história, a professora pergunta às crianças o que há de bom na situação (mesmo que seja negativa) e o que elas fariam se aquilo ocorresse com elas.
"Queremos que as crianças saibam que há muitas alternativas para o mesmo problema e que elas podem contar com a ajuda dos outros", diz a coordenadora do projeto, Tania Paris.
Os criadores do programa esperam que, ao estimular a reflexão das crianças, elas se tornem adultos mais comunicativos.
A docente do Instituto de Psicologia da USP Maria Thereza Costa Coelho de Souza afirma que a tese de que essas crianças se tornarão adultos com menos dificuldades emocionais "é uma boa hipótese".
Aprovação
No ano passado, 276 crianças participaram de um projeto-piloto do Amigos do Zippy. Elas foram acompanhadas pela professora do Instituto de Psicologia da USP Maria Julia Kovács.
Os alunos foram entrevistados antes e depois do programa. As questões abordavam situações vivenciadas por crianças entre seis e sete anos. As respostas foram classificadas como agressivas; de não-envolvimento com a situação; e de expressão de sentimentos --a última é considerada a ideal, pois mostra que o estudante busca solucionar os problemas.
Antes do projeto, 69% das respostas ficaram na categoria esperada. Depois do programa, o percentual subiu para 73%.
"Houve uma melhora significativa na comunicação e na expressão das crianças", afirma Kovács. Ela destaca que os alunos participantes não eram "crianças-problema", o que é demonstrado pelo alto número de respostas ideais, mesmo antes do projeto.
Ajuda
Kayan, hoje com oito anos, participou do projeto-piloto e durante as aulas, sua avó paterna morreu. "Ele estava preparado, não ficou desesperado", conta a mãe do menino, Patrícia Magina, 31. "Ele até ajudou a confortar o pai."
Separada do marido no ano passado, a advogada Telma Cimatti, 35, diz que as aulas de educação emocional ajudaram sua filha a superar o problema. "No começo, a Danielle estava muito arredia." Ao final do ano, conta, a filha estava "menos fechada".
Histórico
O Amigos do Zippy foi desenvolvido pela ONG inglesa Befrienders International, que congrega serviços de prevenção de suicídio.
No Brasil, a proposta foi implementada pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), que oferece atendimento telefônico a pessoas com dificuldades emocionais. Ao final do projeto-piloto, foi criada a Asec (Associação pela Saúde Emocional de Crianças). Mais informações podem ser obtidas no site www.amigosdozippy.org.br.
Leia mais
Psicólogos aprovam programa
Escolas "treinam" emoções de crianças
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da Folha de S.Paulo
Aos seus alunos da primeira série, a professora Giseli Orsigobbi lança a seguinte situação: seu animal de estimação morreu, o que há de bom nisso? A pequena Helena Kriaky, 7, após pensar por alguns segundos, responde: "Se comprarmos um gatinho pequeno, será legal porque poderemos vê-lo crescer".
Como Helena, outras 1.700 crianças de São Paulo participam, em suas escolas, de um programa de educação emocional chamado Amigos do Zippy. O projeto começou neste ano e foi adotado por 32 colégios do Estado, entre públicos e particulares.
As aulas, semanais, visam ensinar as crianças a lidar com situações emocionais adversas, como a morte de um parente, a separação dos pais ou a mudança de escola.
As atividades têm como base histórias contadas pelos próprios professores dos alunos. As narrativas envolvem um inseto --chamado Zippy-- e seus amigos, na faixa dos sete anos.
A cada semana, os personagens passam por uma situação complicada. Contada a história, a professora pergunta às crianças o que há de bom na situação (mesmo que seja negativa) e o que elas fariam se aquilo ocorresse com elas.
"Queremos que as crianças saibam que há muitas alternativas para o mesmo problema e que elas podem contar com a ajuda dos outros", diz a coordenadora do projeto, Tania Paris.
Os criadores do programa esperam que, ao estimular a reflexão das crianças, elas se tornem adultos mais comunicativos.
A docente do Instituto de Psicologia da USP Maria Thereza Costa Coelho de Souza afirma que a tese de que essas crianças se tornarão adultos com menos dificuldades emocionais "é uma boa hipótese".
Aprovação
No ano passado, 276 crianças participaram de um projeto-piloto do Amigos do Zippy. Elas foram acompanhadas pela professora do Instituto de Psicologia da USP Maria Julia Kovács.
Os alunos foram entrevistados antes e depois do programa. As questões abordavam situações vivenciadas por crianças entre seis e sete anos. As respostas foram classificadas como agressivas; de não-envolvimento com a situação; e de expressão de sentimentos --a última é considerada a ideal, pois mostra que o estudante busca solucionar os problemas.
Antes do projeto, 69% das respostas ficaram na categoria esperada. Depois do programa, o percentual subiu para 73%.
"Houve uma melhora significativa na comunicação e na expressão das crianças", afirma Kovács. Ela destaca que os alunos participantes não eram "crianças-problema", o que é demonstrado pelo alto número de respostas ideais, mesmo antes do projeto.
Ajuda
Kayan, hoje com oito anos, participou do projeto-piloto e durante as aulas, sua avó paterna morreu. "Ele estava preparado, não ficou desesperado", conta a mãe do menino, Patrícia Magina, 31. "Ele até ajudou a confortar o pai."
Separada do marido no ano passado, a advogada Telma Cimatti, 35, diz que as aulas de educação emocional ajudaram sua filha a superar o problema. "No começo, a Danielle estava muito arredia." Ao final do ano, conta, a filha estava "menos fechada".
Histórico
O Amigos do Zippy foi desenvolvido pela ONG inglesa Befrienders International, que congrega serviços de prevenção de suicídio.
No Brasil, a proposta foi implementada pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), que oferece atendimento telefônico a pessoas com dificuldades emocionais. Ao final do projeto-piloto, foi criada a Asec (Associação pela Saúde Emocional de Crianças). Mais informações podem ser obtidas no site www.amigosdozippy.org.br.
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