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13/09/2001 - 12h13

RESUMÃO-ATUALIDADES: A conferência da intolerância

ROBERTO CANDELORI
especial para a Folha de S.Paulo

Encerrou-se no último sábado a Conferência contra o Racismo, a Discriminação, a Xenofobia e a Intolerância, realizada em Durban, África do Sul. Participaram mais de 170 países com o objetivo de fazer um diagnóstico das formas contemporâneas de discriminação racial, étnica, de gênero, religiosa e/ou contra imigrantes. Buscavam-se estratégias para promover a igualdade, obtendo dos governos o compromisso de providenciar recursos e aplicar políticas de combate à discriminação. São ações recomendadas pela ONU, mas não possuem caráter obrigatório.

A conferência pareceu, em determinados momentos, um acerto de contas histórico. Países africanos tentavam levar adiante a proposta de reparação pelos abusos da escravidão. EUA e Israel abandonaram a conferência, alegando que o fórum se transformou numa tribuna para condenar a política israelense no Oriente Médio. Amparados pelos países árabes, os palestinos acusavam Israel de promover um novo apartheid. Membros da União Européia ameaçaram deixar o encontro.

Em meio às acaloradas discussões, a delegação do Brasil levou à conferência propostas sobre a realidade de negros, índios e homossexuais. Um dos pontos centrais era a defesa do sistema de cotas, como uma forma de "discriminação positiva", que asseguraria aos negros brasileiros 20% das vagas nas universidades públicas. Tema polêmico, a política de cotas foi rejeitada pelo governo, que propõe alternativas de "ações afirmativas", como a que cria cursos pré-vestibulares dirigidos aos negros.

Foram nove dias de intensos debates. Duas questões ocuparam o centro das discussões: a escravidão e o Oriente Médio. No documento final, a escravidão e o tráfico de escravos foram considerados crimes contra a humanidade, mas sem direito às reparações inicialmente pretendidas. A conferência reconheceu o drama do povo palestino, mas se recusou a classificar o sionismo como forma de racismo.

Marcado pela intransigência, o encontro revelou as contradições de um fórum pouco tolerante. Entre ameaças de abandono e radicalismos, finalmente foi aprovada a Declaração de Durban. Em muitos, ficou um sentimento de decepção e de fracasso. O fato é que a conferência marca o início de uma longa discussão. Escravidão, violência étnica e intolerância, entre outras, são as difíceis questões dessa pauta.

Roberto Candelori é coordenador da Cia. de Ética, professor da Escola Móbile e do Objetivo


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