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24/01/2002 - 19h24

Fraude na correção da Unicamp causa revisão de provas e demissões

RAQUEL LIMA
da Folha Campinas

A constatação de uma irregularidade na correção das provas da segunda fase do vestibular da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) vai obrigar a instituição a corrigir novamente as questões de geografia de 1.600 candidatos _13,3% dos cerca de 12 mil aprovados para a segunda etapa do processo seletivo.

A Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares) descartou a possibilidade de o vestibular de 2002 ser anulado e informou que o calendário será mantido. O resultado será divulgado no próximo dia 7 de fevereiro.

Vinte e um dos 40 examinadores da banca de correção de geografia foram demitidos no início da semana depois que a comissão constatou um esquema para que um corretor tivesse acesso à nota do outro.

A Unicamp determina que a correção das provas na segunda fase seja "cega", isto é, um corretor não pode ter conhecimento da nota dada por outro. As notas dos dois corretores são atribuídas em fichas, que, depois, vão para cálculo por meio de processo informatizado.

A Comvest acredita que a fraude visava impedir uma terceira correção da questão, o que diminuiria o tempo de serviço dos examinadores. Cada corretor recebe R$ 1.600 pelo trabalho.

De acordo com a Comvest, se houver diferença de mais de um ponto entre uma nota e outra, a questão deve ser analisada por um terceiro examinador.

"Eram feitas marcas ao lado de cada questão, em forma de código feito por pontos, muito fácil de ser descoberto. Foi no cruzamento das notas do examinador A com o B que detectamos muita coincidência nas notas. Checamos com os corretores e eles admitiram o esquema", declarou a coordenadora da Comvest, Maria Bernadete Abaurre.

Cerca de 300 examinadores trabalham na correção das provas da segunda fase da Unicamp. Parte dos examinadores que trabalha na correção desta etapa também corrigiu as provas da primeira fase do vestibular.

No entanto o pró-reitor de graduação da Unicamp, Angelo Cortelazzo, descartou a possibilidade de ter havido fraude na primeira fase do vestibular. "A forma de correção das provas é diferente e qualquer irregularidade seria constatada", afirmou Cortelazzo.

Para ele, a constatação da fraude "deve reforçar a credibilidade do processo seletivo da Unicamp". "Estamos muito tranquilos", declarou.

Repercussão

O coordenador do vestibular da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Fernando Dagnoni Prado, afirmou que "em todo processo seletivo pode haver imprecisões". "Tudo que envolve o ser humano não dá para escapar de erros, seja ele intencional ou involuntário", disse.

Já o supervisor da Fuvest (Fundação para o Vestibular), José Coelho Sobrinho, disse apenas que adota método de correção semelhante ao da Unicamp, mas não quis comentar a irregularidade constatada na universidade de Campinas.

O MEC (Ministério da Educação e do Desporto) informou, por meio da assessoria, que não poderia se manifestar sobre o assunto porque a Unicamp é de responsabilidade do Estado. Nenhum representante do Conselho Estadual de Educação foi localizado pela Folha.

A estudante Claudia Martins Cosentino, 19, que prestou vestibular para medicina e foi reprovada na primeira fase, acredita que a fraude compromete a credibilidade do processo seletivo.

"Fiz cursinho durante um ano e não passei por 0,2 pontos. Quem garante que minha prova foi vista realmente por mais de um examinador?", disse.

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