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15/07/2004 - 07h15

Comida para cão diabético ou cardíaco faz bem, mas não é remédio

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ANA PAULA DE OLIVEIRA
da Folha de S.Paulo

O totó está pesado, não há dúvida. Será melhor comprar a ração para cães obesos ou para animais "indoor", já que ele vive em apartamento? E para a sua companheira, que está amamentando? Existe ração especial tanto para lactantes como para diabéticos --este é o caso dela.

Dono de cachorro sofre se levar a sério a imensa variedade de rações disponíveis nos pet shops. E não são poucos os que optam pela comida industrializada: dos 21 milhões de cães com endereço fixo no Brasil, cerca de 7,1 milhões (34%) são alimentados com ração, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais (Anfal).

Antes de se deixar influenciar por rótulos coloridos, porém, o proprietário deve ter em mente que dificilmente prejudicará seu animal se fizer sua escolha pelo preço --afinal, as rações específicas são bem mais caras que as tradicionais. Um labrador pode se beneficiar com a ração para essa raça, mas, se for alimentado com outra, sua saúde, seu bem-estar e até sua longevidade não serão abalados.

Para o veterinário Régis Cristiano Ribeiro, especialista em problemas digestivos de cachorros, tanta segmentação é "bobagem". "O que o cão precisa é simplesmente de uma ração que atenda a sua idade e a seu porte. Nem o ser humano precisa de um alimento específico para cada raça; com o animal, não é diferente", afirma Ribeiro, que acabou de escrever o livro "Afinal, o Que Eu Como?", ainda sem editora.

Idade e porte são, segundo os especialistas ouvidos pela Folha, os dois critérios básicos para escolher a ração. "As necessidades de um filhote são diferentes das de um adulto; por estar em desenvolvimento, ele requer mais cálcio e proteína", afirma a veterinária Christine Souza Martins, da UnB (Universidade de Brasília). Já um cão idoso não precisa nem de muitas calorias nem de muitas proteínas.

A cadela Feia, 13, enquadra-se na "terceira idade canina". Há dois anos, ela começou a perder muito pêlo, e suas fezes passaram a ser irregulares. Sob orientação de um veterinário, sua ração foi trocada por uma para idosos. "Em apenas três meses, já sinto a diferença. Ela está mais disposta, caem menos pêlos, e as fezes estão durinhas", diz sua dona, a professora aposentada Marialice Luiza Larsen, 54.

O dono também deve tentar adequar a ração ao porte do animal. Nesse quesito, o que mais importa não é a composição do alimento, mas o tamanho dos pellets, que são os pedaços de ração. "Se dermos uma ração de cães pequenos a um grande, ele vai engoli-la sem mastigá-la, o que é ruim, porque faz parte da higiene bucal quebrar os pedaços, isso ajuda a remover o tártaro", explica José Roberto Sartori, professor de nutrição da Faculdade de Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), campus de Botucatu. Já rações com pellets grandes obrigam cães pequenos a roê-los no lugar de mastigá-los, o que também não é bom para os dentes.

Já pellets que imitam osso ou têm outros formatos engraçadinhos podem agradar aos humanos, mas não fazem a menor diferença para os animais, pois eles não distinguem essas formas. Se for possível, é melhor também passar longe das cores. Segundo Martins, quanto mais colorida, menor a qualidade da ração. As mais nobres, cujo quilo chega a custar mais que o de filé mignon, geralmente são marrons.

Uma maneira de avaliar a qualidade da ração é observar a quantidade de fezes produzida pelo animal. Para baratear o custo, os fabricantes utilizam mais carboidrato e menos proteína nas rações de qualidade inferior. O cachorro acaba comendo mais e, como há poucos nutrientes a serem absorvidos, suas fezes são maiores. "Caso seja oferecida uma ração melhor, o cão tende a comer menos e as fezes são menores, sinal de que os nutrientes foram bem absorvidos", explica o veterinário Fernando Cobo Palmeira.

Um alerta para quem compra ração a granel: checar se está armazenada corretamente. "A ração exposta à luz pode causar a perda de nutrientes e até bolor", diz a veterinária Márcia Marques Jericó, coordenadora do Obezoo (da Universidade Santo Amaro) e do Spatas (da Universidade Anhembi-Morumbi), grupos de estudo de obesidade em cães.

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