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29/08/2004 - 07h10

Cefaléias podem indicar aneurismas

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CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Dores de cabeça fortes e crônicas, especialmente as que se manifestam após esforço físico ou que lembram uma pancada no crânio, podem ser sinais de um aneurisma cerebral (dilatação da artéria) e devem ser investigadas por um neurologista para evitar a ruptura do vaso e o sangramento.

Quanto mais cedo for diagnosticado e tratado o aneurisma, maiores serão as chances de sobrevivência. As estatísticas não deixam dúvidas: 30% das pessoas morrem na primeira hemorragia, 60% não resistem à segunda e quase 100% não sobrevivem a um terceiro sangramento.

Hoje, do total de pacientes que sofrem hemorragia cerebral, apenas um terço volta à vida normal. Entre as seqüelas, provocadas especialmente pelo aumento da pressão intracraniana, estão distúrbios motores e de memória.

Segundo o neurologista Mario Peres, do Hospital Israelita Albert Einstein, as pessoas que sentem dores de cabeça recorrentes devem procurar um neuro para serem avaliadas por meio de exames clínicos e de neuroimagem. "É comum ver pacientes que tinham dores de cabeça crônicas e que nunca foram investigados."

O caso da microempresária Ana Maria Garcia, 51, é bem típico. Por mais de dez anos ela conviveu com terríveis dores de cabeça, que se intensificavam antes da menstruação. Por associá-la à TPM (tensão pré-menstrual), o ginecologista receitava remédios contra enxaqueca. No ano passado, como nem as drogas de última geração faziam mais efeito, ela decidiu procurar um neurologista.

Ao fazer uma tomografia, veio o grande susto: tinha um aneurisma que, segundo os médicos, estava prestes a romper. "Eles queriam me operar imediatamente. Eu e minha família entramos em pânico", lembra. Em uma semana, ela operou o aneurisma, que não deixou seqüelas.

Em geral, aneurismas medindo entre 1 e 2 mm e aqueles localizados em regiões cerebrais em que não há risco de sangramento (como na entrada do crânio), não precisam ser operados, bastando um acompanhamento médico, avalia o neurorradiologista Michel Frudit, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

A incidência de ruptura é maior após os 40 anos em razão do desgaste natural da artéria e também devido à associação do tabagismo e da hipertensão arterial. O aneurisma roto (que rompeu), como o que acometeu o cantor e compositor Edu Lobo na semana passada, responde por 70% dos casos.

Nessas condições, há uma súbita e dilacerante dor de cabeça, náuseas, vômitos, convulsões, sonolência e queda das pálpebras.

Um fato que preocupa os médicos, diz Peres, é a relação entre o cigarro e o tamanho do aneurisma. Pesquisas mostram que 92% dos pacientes com aneurismas acima de 24 mm são fumantes. O cigarro causa degradação da elastina [proteína fibrosa e elástica] na parede do vaso sangüíneo.

O único tratamento para o aneurisma é o cirúrgico. Além do método convencional, que envolve a abertura do crânio e a colocação de um clipe no vaso de onde se formou a dilatação, uma técnica ainda pouco difundida no Brasil, chamada de embolização endovascular (dentro do vaso), tem sido eficaz para a redução dos índices de seqüelas e de mortes.

Por meio de um cateter introduzido na virilha, são colocadas pequenas estruturas maleáveis --molas ou espirais--, que percorrem todo o corpo até o cérebro, no exato local do aneurisma. Preenchido o espaço, o sangue deixa de circular e não haverá mais pressão sobre as paredes do vaso, evitando novas rupturas. A cirurgia é paga pelo SUS.

Para Frudit, as principais vantagens são o fato de o método ser menos invasivo, o que diminui o risco de lesões cerebrais, e o tempo de recuperação, que fica reduzido pela metade.

Existem indicações específicas tanto para a cirurgia tradicional como para a embolização. Por exemplo, quando a dilatação fica perto do nervo óptico, os riscos de cegueira em uma cirurgia convencional são maiores.

Por outro lado, há casos em que a estrutura vascular do paciente não permite a passagem do cateter, como em pessoas com aterosclerose, e a alternativa é mesmo a cirurgia tradicional.

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