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23/02/2006 - 11h39

Veja como é feito o tratamento da epilepsia

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FLÁVIA MANTOVANI
da Folha de S.Paulo

O tratamento da epilepsia é feito com medicamentos que inibem as descargas epilépticas --em 70% dos casos, apenas um remédio consegue controlar as crises. Considera-se que ela não tem cura, mas, quando tratados, os pacientes podem levar uma vida absolutamente normal e muitos até deixam de ter crises. "Após um tratamento de três a cinco anos, pode haver o benefício de o cérebro se reestruturar e se defender das crises", diz o neurologista Cícero Galli Coimbra, professor de departamento de neurologia e neurocirurgia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Existe também uma cirurgia, na qual o Brasil, segundo a neurologista Magda Lahorgue Nunes, é considerado um modelo internacionalmente. "Os oito centros que realizam a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde obedecem a exigências normativas muito rígidas. O custo é inúmeras vezes inferior ao de países europeus e dos Estados Unidos, e o procedimento é feito com a mesma qualidade, segurança e, o que é mais importante, com os mesmos resultados", afirma a neurologista.

A indicação é para os 20% dos pacientes que não respondem a nenhum remédio --nem todos, no entanto, podem resolver seu problema com a operação.

De acordo com Cícero Galli Coimbra, muitas pessoas consideradas intratáveis não deveriam ser classificadas assim. "Alguns pacientes não respeitam o intervalo correto ou não chegam à dose máxima permitida. Por desconhecimento do médico ou por alteração deles próprios, muitos fazem uso inadequado da medicação e são tidos como intratáveis erroneamente", adverte.

Segundo Coimbra, estão sendo feitos estudos na Unifesp que podem revelar dados importantes para a melhoria do tratamento. Uma pesquisa em fase inicial, por exemplo, sugere que pacientes com um tipo comum de epilepsia, chamada mioclônica juvenil, apresentam dificuldade genética para absorver a vitamina B2. "A próxima fase é ver se a correção dos níveis dessa vitamina vai provocar alguma melhora", informa.

Um fator que deve ser levado em conta durante o tratamento é que a incidência de depressão, assim como de outros transtornos mentais, é mais comum em quem tem epilepsia do que na população em geral. "A psicose, por exemplo, é dez vezes mais freqüente em pessoas com epilepsia. O tratamento não deve se resumir ao controle das crises. É preciso fazer acompanhamento psicológico e psiquiátrico sempre que necessário", alerta o psiquiatra Renato Marchetti, coordenador do Projeto Epilepsia e Psiquiatria do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo).

O psiquiatra explica que a maior incidência de depressão nesse grupo se deve tanto a fatores psicossociais --a dificuldade de aceitação enfrentada por muitos pacientes em decorrência do estigma-- quanto a problemas orgânicos, relacionados à localização da lesão que gera a epilepsia ou aos efeitos de alguns medicamentos antiepilépticos.

Recentemente, pesquisadores começaram a estudar o caminho contrário, ou seja, se quem tem transtornos psiquiátricos fica mais propenso a apresentar epilepsia. "A hipótese deriva de estudos epidemiológicos nórdicos que observaram que a ocorrência prévia de depressão e de hiperatividade é maior em pessoas com epilepsia do que na população em geral. Mas é algo que começou a ser estudado agora, ainda não conhecemos sua magnitude", comenta Marchetti.

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