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23/02/2006
-
11h43
FLÁVIA MANTOVANI
da Folha de S.Paulo
Leia a seguir o depoimento de pessoas que têm epilepsia.
"Só fui descobrir anos depois"
Muitos anos se passaram até que a administradora Ana Paula Bratfisch, 28, descobrisse que os sintomas que tinha desde pequena eram crises de epilepsia. "Nunca achei que pudesse ser considerada epiléptica. O que tenho não é crise convulsiva. São episódios de "déjà vu" [sensação de já ter vivido uma situação quando isso, na verdade, não aconteceu] seguidos por reações como salivação e aceleração dos batimentos cardíacos. Achava que era algo ligado à espiritualidade", conta.
Quando os sintomas passaram a se repetir muito, impedindo-a de dormir direito e repetindo-se ao longo do dia, ela decidiu ir ao médico. Hoje, toma remédio e está há um ano sem crises. "Todo mundo tem alguma deficiência na vida. É uma questão de se adaptar e de não ficar se vitimizando. O importante é tomar a medicação religiosamente e levar uma vida saudável para que o quadro se estabilize", afirma.
"Já estou há três anos sem crises"
Após testar vários remédios, o universitário Sérgio Ricardo Gaspar, 27, encontrou um que controla sua epilepsia: ele já está há três anos sem crises. Um desmaio aos 14 anos foi o primeiro sinal do problema, mas ele só foi ao médico depois da primeira convulsão, que ocorreu dentro do metrô.
"Depois do diagnóstico, a dúvida que sempre te cerca é: "quando vou ter crise de novo?" O início é crítico", diz.
Segundo Gaspar, uma das situações difíceis é contar para as namoradas. "Tem que esperar ter algo consistente e ir pelos meandros. No meu caso, o que facilitou é que estou com uma pessoa que tem uma irmã epiléptica."
Ele diz que se incomoda com o preconceito tanto de quem tem pena quanto de quem se afasta. "São dois extremos. Enquanto quem tem baixa escolaridade acha que é contagioso, quem tem nível socioeconômico melhor considera você um coitado."
"Tive uma piora e fui demitido"
Após 31 anos convivendo com a epilepsia, o estatístico Eduardo Caminada Jr., 34, diz que aprendeu a lidar com a condição. "Levo minha vida normalmente, é claro que dentro dos limites que a epilepsia me impôs. Quando não me sinto bem, não dirijo e busco lugares seguros para andar."
Ele já sofreu preconceito no trabalho por causa de suas crises convulsivas, controladas em parte por um remédio. "Ninguém fala, mas é muito visível. Uma vez, precisei ficar internado. Quando voltei, os contatos diminuíram, não me chamavam para as reuniões. Fui demitido", conta o estatístico, que hoje trabalha em casa.
Já no campo dos relacionamentos, do qual muitos pacientes se queixam, Caminada Jr. diz que não tem do que reclamar. "Nunca tive problema com amigos, família ou namoradas. O lado profissional foi sempre o que mais me incomodou."
"Só fui melhorar com a cirurgia"
"Era como se acabasse de sair de uma roda-gigante." Assim o bibliotecário Henrique William Turner, 45, descreve suas crises epilépticas, caracterizadas por tonturas e vertigens.
Como não reagia a nenhum remédio, ele recorreu à cirurgia para se tratar do problema, que o acompanha desde bebê. Após a operação, o tratamento medicamentoso consegue manter seu quadro estável. "Muita gente foi contra operar, inclusive alguns médicos. Mas não tenho dúvidas de que resolveu meu caso."
Por causa da epilepsia, Turner foi demitido de empregos e bateu o carro três vezes devido a crises ao volante. Mas o maior obstáculo que encontrou foi a dificuldade dos pais em aceitar o problema. "Lá em casa, o nome "epilepsia" nunca foi pronunciado. Só se dizia "disritmia cerebral", um eufemismo. Hoje vivo tranqüilamente. O primeiro passo é assumir", afirma.
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Muitos anos se passaram até que a administradora Ana Paula Bratfisch, 28, descobrisse que os sintomas que tinha desde pequena eram crises de epilepsia. "Nunca achei que pudesse ser considerada epiléptica. O que tenho não é crise convulsiva. São episódios de "déjà vu" [sensação de já ter vivido uma situação quando isso, na verdade, não aconteceu] seguidos por reações como salivação e aceleração dos batimentos cardíacos. Achava que era algo ligado à espiritualidade", conta.
Quando os sintomas passaram a se repetir muito, impedindo-a de dormir direito e repetindo-se ao longo do dia, ela decidiu ir ao médico. Hoje, toma remédio e está há um ano sem crises. "Todo mundo tem alguma deficiência na vida. É uma questão de se adaptar e de não ficar se vitimizando. O importante é tomar a medicação religiosamente e levar uma vida saudável para que o quadro se estabilize", afirma.
"Já estou há três anos sem crises"
Após testar vários remédios, o universitário Sérgio Ricardo Gaspar, 27, encontrou um que controla sua epilepsia: ele já está há três anos sem crises. Um desmaio aos 14 anos foi o primeiro sinal do problema, mas ele só foi ao médico depois da primeira convulsão, que ocorreu dentro do metrô.
"Depois do diagnóstico, a dúvida que sempre te cerca é: "quando vou ter crise de novo?" O início é crítico", diz.
Segundo Gaspar, uma das situações difíceis é contar para as namoradas. "Tem que esperar ter algo consistente e ir pelos meandros. No meu caso, o que facilitou é que estou com uma pessoa que tem uma irmã epiléptica."
Ele diz que se incomoda com o preconceito tanto de quem tem pena quanto de quem se afasta. "São dois extremos. Enquanto quem tem baixa escolaridade acha que é contagioso, quem tem nível socioeconômico melhor considera você um coitado."
"Tive uma piora e fui demitido"
Após 31 anos convivendo com a epilepsia, o estatístico Eduardo Caminada Jr., 34, diz que aprendeu a lidar com a condição. "Levo minha vida normalmente, é claro que dentro dos limites que a epilepsia me impôs. Quando não me sinto bem, não dirijo e busco lugares seguros para andar."
Ele já sofreu preconceito no trabalho por causa de suas crises convulsivas, controladas em parte por um remédio. "Ninguém fala, mas é muito visível. Uma vez, precisei ficar internado. Quando voltei, os contatos diminuíram, não me chamavam para as reuniões. Fui demitido", conta o estatístico, que hoje trabalha em casa.
Já no campo dos relacionamentos, do qual muitos pacientes se queixam, Caminada Jr. diz que não tem do que reclamar. "Nunca tive problema com amigos, família ou namoradas. O lado profissional foi sempre o que mais me incomodou."
"Só fui melhorar com a cirurgia"
"Era como se acabasse de sair de uma roda-gigante." Assim o bibliotecário Henrique William Turner, 45, descreve suas crises epilépticas, caracterizadas por tonturas e vertigens.
Como não reagia a nenhum remédio, ele recorreu à cirurgia para se tratar do problema, que o acompanha desde bebê. Após a operação, o tratamento medicamentoso consegue manter seu quadro estável. "Muita gente foi contra operar, inclusive alguns médicos. Mas não tenho dúvidas de que resolveu meu caso."
Por causa da epilepsia, Turner foi demitido de empregos e bateu o carro três vezes devido a crises ao volante. Mas o maior obstáculo que encontrou foi a dificuldade dos pais em aceitar o problema. "Lá em casa, o nome "epilepsia" nunca foi pronunciado. Só se dizia "disritmia cerebral", um eufemismo. Hoje vivo tranqüilamente. O primeiro passo é assumir", afirma.
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