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30/11/2006
-
08h47
FLÁVIA MANTOVANI
PRISCILA PASTRE ROSSI
da Folha de S.Paulo
O mantra é velho, mas ainda pouco seguido: passar protetor solar diariamente é obrigatório. Com os termômetros subindo e o sol a pino, a proteção se torna indispensável à saúde.
Além do conhecido fator de proteção solar (FPS), os produtos que chegam ao mercado neste verão alardeiam atributos como combate aos radicais livres, filtros fotoestáveis, proteção da imunidade e do DNA das células e prevenção contra rugas e manchas.
Diante dessa ampla gama de opções, a pergunta inevitável é: será que isso tudo é necessário? Segundo os especialistas, optar pelo produto mais novo, caro ou com mais ativos em sua fórmula nem sempre é o ideal. É preciso levar em conta o tipo de pele e de exposição ao sol.
"Se a idéia for passar horas na praia ou na piscina, basta passar um protetor que tenha o FPS adequado", recomenda a dermatologista Mônica Maluf. Se o desejo for se proteger do sol do dia-a-dia, vale a pena investir em um produto com outros agentes. "Passando todos os dias, eles não somente protegerão dos raios UV como vão tratar e hidratar a pele", diz.
Na hora de escolher
Por lei, todos os atributos alardeados na embalagem dos protetores precisam ser comprovados pela empresa com estudos científicos. "A questão é saber até que ponto eles são eficientes", pondera a dermatologista Denise Steiner, presidente da comissão de ensino da Sociedade Brasileira de Dermatologia-Regional São Paulo. "Uma coisa é um protetor ter 300 funções que, na teoria, são boas. Outra é penetrar, interagir com o tecido. É complexo."
Entre tantos atributos, um deles é unanimidade entre os médicos: a proteção contra os raios ultravioleta A (ou UVA). Antes colocada em segundo plano, a necessidade de reduzir seus danos é cada vez mais defendida. "Apesar de o UVB ser mais agressivo, estudos vêm mostrando que o UVA pode degenerar a célula e causar câncer", diz o dermatologista Mauro Enokihara, coordenador regional da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele e professor da Universidade Federal de São Paulo.
Além de ter ação coadjuvante na formação de tumores, a radiação UVA, que incide o tempo todo sobre a Terra, é responsável pelo fotoenvelhecimento, pela formação de manchas e pelas alergias de sol. Presentes em bem menor quantidade, os raios UVB se concentram nos horários entre as 10h e as 16h.
"Como os raios UVA não têm efeitos visíveis por não queimarem a pele, a pessoa não percebe que há algo fazendo mal ao corpo e acaba se expondo mais do que deveria", alerta a dermatologista Aurea Lopes.
O problema é que, diferentemente dos raios UVB, para os quais existe uma medida padrão (o FPS, calculado com base na vermelhidão da pele), não é fácil saber até que ponto vai a proteção contra os raios UVA. Nem todos os produtos trazem a informação na embalagem, e, quando trazem, as medidas variam. As duas mais comuns são o PPD ("persistent pigment darkening") e a porcentagem.
"Não existe um consenso sobre qual método é mais adequado. Mas os estudos recentes tendem a achar mais confiável e reprodutível o PPD", afirma a dermatologista Flávia Addor, diretora técnica do Medcin, instituto que faz pesquisas clínicas para indústrias de cosméticos. Segundo a médica, o ideal é que o PPD corresponda a pelo menos um terço do FPS do produto. Se o protetor tiver FPS 30, por exemplo, o ideal é que tenha, no mínimo, um PPD 10.
Outra característica destacada pelos dermatologistas é a fotoestabilidade --a capacidade de os filtros se manterem estáveis e ativos com a luz solar--, que começa a ser informada nos rótulos dos protetores.
A ação antioxidante é outro ponto destacado pelos médicos. Isso porque o sol leva à formação de radicais livres, que provocam a morte celular. Os protetores ajudam a neutralizar essas moléculas.
Como novidade do verão, alguns protetores destacam a proteção do DNA da célula. A dermatologista Luna Azulay, professora da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), esclarece que existe, de fato, a necessidade de proteger o código genético, mas ressalta que não há novidade nisso.
"De manchas a câncer de pele, tudo pode acontecer se as células tiverem sido lesadas por exposição excessiva ao sol. O protetor solar ajuda a prevenir esses males. Proteger o DNA sempre foi papel do fotoprotetor", diz.
Ela também afirma que o anúncio da capacidade anti-rugas chega a ser redundante em protetores solares. "Essa é uma conseqüência do combate eficaz ao fotoenvelhecimento, que sempre foi a proposta desse produto." Claro que há protetores enriquecidos com vitaminas, hidratantes e outras substâncias importantes para a saúde da pele. Mas a fotoproteção por si já é carro-chefe do combate ao envelhecimento.
Outra característica que começa a ser alardeada é a ação sobre o sistema imunológico. "Estudos laboratoriais mostram que alguns ingredientes têm ação imunoprotetora", diz Flávia Addor. O objetivo é atuar sobre uma das conseqüências do sol no organismo: a redução da imunidade, que facilita, por exemplo, o aparecimento de herpes e micoses.
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PRISCILA PASTRE ROSSI
da Folha de S.Paulo
O mantra é velho, mas ainda pouco seguido: passar protetor solar diariamente é obrigatório. Com os termômetros subindo e o sol a pino, a proteção se torna indispensável à saúde.
Além do conhecido fator de proteção solar (FPS), os produtos que chegam ao mercado neste verão alardeiam atributos como combate aos radicais livres, filtros fotoestáveis, proteção da imunidade e do DNA das células e prevenção contra rugas e manchas.
Diante dessa ampla gama de opções, a pergunta inevitável é: será que isso tudo é necessário? Segundo os especialistas, optar pelo produto mais novo, caro ou com mais ativos em sua fórmula nem sempre é o ideal. É preciso levar em conta o tipo de pele e de exposição ao sol.
Folha Imagem |
Proteção contra os raios ultravioleta A (ou UVA) é a principal função dos protetores |
Na hora de escolher
Por lei, todos os atributos alardeados na embalagem dos protetores precisam ser comprovados pela empresa com estudos científicos. "A questão é saber até que ponto eles são eficientes", pondera a dermatologista Denise Steiner, presidente da comissão de ensino da Sociedade Brasileira de Dermatologia-Regional São Paulo. "Uma coisa é um protetor ter 300 funções que, na teoria, são boas. Outra é penetrar, interagir com o tecido. É complexo."
Entre tantos atributos, um deles é unanimidade entre os médicos: a proteção contra os raios ultravioleta A (ou UVA). Antes colocada em segundo plano, a necessidade de reduzir seus danos é cada vez mais defendida. "Apesar de o UVB ser mais agressivo, estudos vêm mostrando que o UVA pode degenerar a célula e causar câncer", diz o dermatologista Mauro Enokihara, coordenador regional da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele e professor da Universidade Federal de São Paulo.
Além de ter ação coadjuvante na formação de tumores, a radiação UVA, que incide o tempo todo sobre a Terra, é responsável pelo fotoenvelhecimento, pela formação de manchas e pelas alergias de sol. Presentes em bem menor quantidade, os raios UVB se concentram nos horários entre as 10h e as 16h.
"Como os raios UVA não têm efeitos visíveis por não queimarem a pele, a pessoa não percebe que há algo fazendo mal ao corpo e acaba se expondo mais do que deveria", alerta a dermatologista Aurea Lopes.
O problema é que, diferentemente dos raios UVB, para os quais existe uma medida padrão (o FPS, calculado com base na vermelhidão da pele), não é fácil saber até que ponto vai a proteção contra os raios UVA. Nem todos os produtos trazem a informação na embalagem, e, quando trazem, as medidas variam. As duas mais comuns são o PPD ("persistent pigment darkening") e a porcentagem.
"Não existe um consenso sobre qual método é mais adequado. Mas os estudos recentes tendem a achar mais confiável e reprodutível o PPD", afirma a dermatologista Flávia Addor, diretora técnica do Medcin, instituto que faz pesquisas clínicas para indústrias de cosméticos. Segundo a médica, o ideal é que o PPD corresponda a pelo menos um terço do FPS do produto. Se o protetor tiver FPS 30, por exemplo, o ideal é que tenha, no mínimo, um PPD 10.
Outra característica destacada pelos dermatologistas é a fotoestabilidade --a capacidade de os filtros se manterem estáveis e ativos com a luz solar--, que começa a ser informada nos rótulos dos protetores.
A ação antioxidante é outro ponto destacado pelos médicos. Isso porque o sol leva à formação de radicais livres, que provocam a morte celular. Os protetores ajudam a neutralizar essas moléculas.
Como novidade do verão, alguns protetores destacam a proteção do DNA da célula. A dermatologista Luna Azulay, professora da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), esclarece que existe, de fato, a necessidade de proteger o código genético, mas ressalta que não há novidade nisso.
"De manchas a câncer de pele, tudo pode acontecer se as células tiverem sido lesadas por exposição excessiva ao sol. O protetor solar ajuda a prevenir esses males. Proteger o DNA sempre foi papel do fotoprotetor", diz.
Ela também afirma que o anúncio da capacidade anti-rugas chega a ser redundante em protetores solares. "Essa é uma conseqüência do combate eficaz ao fotoenvelhecimento, que sempre foi a proposta desse produto." Claro que há protetores enriquecidos com vitaminas, hidratantes e outras substâncias importantes para a saúde da pele. Mas a fotoproteção por si já é carro-chefe do combate ao envelhecimento.
Outra característica que começa a ser alardeada é a ação sobre o sistema imunológico. "Estudos laboratoriais mostram que alguns ingredientes têm ação imunoprotetora", diz Flávia Addor. O objetivo é atuar sobre uma das conseqüências do sol no organismo: a redução da imunidade, que facilita, por exemplo, o aparecimento de herpes e micoses.
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